Calçada

Foto de Allan Dayvidson

VOCÊ VAI DESCOBRIR

Sempre vasculhando por todos os cantos
e tudo o que encontra é sujeira embaixo do tapete.
O fim dessa busca insana é incerto.

É como se houvesse perdido algo que,
na verdade, nem sequer sabe se existe,
mas de alguma forma sente sempre estar tão perto.

E você espera ansiosamente,
espera como se houvesse marcado encontro.
E você espera desesperadamente...

Quantas vezes será preciso dizer
que não há ninguém esperando por você na calçada?
Quantos tropeços precisará dar
para ver que isso não leva a absolutamente nada?
Quando até sua alma estiver machucada...
você vai descobrir.

Você coloca suas ataduras
como se vestisse uma armadura,
mas nada impedirá seu coração de se partir.

Enfia os dois pés em outra aventura,
se joga de cabeça, não importa altura,
na esperança dessa fantasia existir.

E você espera ingenuamente,
espera como se já estivesse quase lá,
e você espera corajosamente...

Por que continua a fazer assim?
Não vê o que isso tudo fez comigo?
O que eu faço com essa parte de mim?
Será que só quando não houver mais nada para se partir,
você vai descobrir?

Foto de Jessik Vlinder

Saber o Que Somos

São 05:34h e eu não dormi esta noite. Por quê? De madrugada, quando o silêncio enfim paira na cidade, é possível ouvir coisas absurdas. Coisas suas... Desesperos que seu eu mais íntimo suplica por uma oportunidade para gritá-los em seus ouvidos. É tão difícil ouvi-los porque para isso é preciso silenciar todo o resto. Tudo que vai além de você. Tudo que permeia qualquer outra coisa que não seja VOCÊ. Conseguindo esse silêncio é hora de conversar, de finalmente dar ouvidos ao que realmente é necessário e importante, ao que realmente faz falta ou está em excesso, faz feliz ou entristece. É hora de se ouvir...
Tentamos na maior parte do nosso tempo agradar todas as pessoas e nos deixamos geralmente em último plano. “Preciso parecer séria para o meu chefe. Divertida para meus colegas. Sempre educada e simpática para o motorista do ônibus. Decidida e poderosa para o cara com quem troco olhares. Bem resolvida financeiramente para os familiares. Estudiosa e dedicada para os professores e descolada e popular para os amigos da faculdade...” E assim vamos preenchendo todas as lacunas de “Como você deve ser para...”. Fala sério!! Às vezes enche o saco! Vou deixar atrasar os trabalhos e estudar para provas duas horas antes dela. Não me concentrar absurdamente e assim acabar tropeçando na calçada e me melando com sorvete quando estiver passando por ‘ele’. Nem olhar pra cara do motorista que nunca responde ‘de nada’. Dizer para as colegas o quanto são fúteis e mesquinhas e para os colegas o quanto são vazios e imaturos. Discordar com tudo que o professor sem noção diz. Pedir dinheiro emprestado à vó e ir para o cinema com os primos na quarta porque é o dia mais barato... Assim é divertido! Rs
Na real, agora? E novamente à dura realidade...
Precisamos de equilíbrio! Essa é a eterna meta da minha vida e deveria ser a de todos. Equilíbrio!! É importantíssimo que sejamos nós mesmos, mas muitas vezes, por nós, será necessário agir contra aquilo que somos. O problema está quando passamos a viver em função dos outros, em função do que agrada segundos e terceiros. Precisamos nos amar mais! Não tô nem aí que falem do meu vestido curto, eu sei que não sou uma p... Mas não vou pra reunião de colégio do meu irmão mais novo assim. Bom senso... Não tô nem aí se acham que eu sou metida ou prepotente porque eu sei que não sou... É disso que falo. Sempre vão nos julgar! Então temos que saber melhor do que qualquer um o que realmente somos e não somos. Quando isso for certo e tivermos certeza que nos conhecemos mais que todos, fiquemos tranquilos... A consciência que manda...

Foto de Fernando Vieira

Menina bonita

Menina Bonita
(Fernando Vieira)

Olha a menina faceira que passa
Olha a menina bonita de fé
Caminha pela calçada descalça
Exibindo uma tatuagem no pé

Por que é? Por que é?
O que é? O que é?

Que essa menina ta fazendo por ai
Seu destino eu não sei
Mas o quê que será
Da menina bonita que eu vi passar

Seu futuro talvez um alguém para amar
Muitos anos há ele se dedicar
Esse homem meu irmão um sortudo então será
Pois ficou com a menina que eu vi passar

Foto de Marilene Anacleto

A Menina Esquecida

A MENINA ESQUECIDA

O vento açoitava as árvores,
Folhas fugiam desesperadas,
A chuva chicoteou casas e praças
Do anoitecer até alta madrugada.

Pequeno raio de luz
Da aurora, inda embaçado,
Mostra a transeuntes menina
Encolhida na calçada.

Uns a chamam de vadia,
Alguns, de pobre coitada,
Tremia de frio a criança
Por toda a noite lavada.

Outros lhe “davam de ombros”
Dizendo “está acostumada”.
“O corpo pode acostumar
Mas é diferente a alma.”
Assim a menina pensava.

Durante essa triste noite
Pediu a Deus misericórdia:
“Não esqueças de mim, meu Pai,
Leva-me contigo embora.”

Ao sentir que soluçava,
Mãos generosas a afagam,
E ela não falou nada.

Surgiu então personagem,
Tal príncipe em conto de fadas.
Diante de todos os olhares,
Com a criança pela mão,
Condoeu-se o coração,
Levou-a à sua morada.

A menina o seguiu,
Como se estivesse encantada.
A multidão o aplaudiu
Com grande salva de palmas.

Eis que, ao voltar ao caminho,
A comitiva, assustada,
Ouviu apenas, em gritos,
“A menina jaz na calçada!”

Um misto de horror e êxtase
Apunhalou corações.
De joelhos puseram-se a orar,
E chorar aos borbulhões.

Voltou a açoitar, a chuva;
Pôs-se a chicotear, o vento;
Ali, molhados, sentiram
O que é viver ao relento.

À menina foi atendido
Do coração puro, o lamento.
E o povo, por muito tempo,
Teve a culpa por sentimento.

Marilene Anacleto - 16/03/99 – 01:10h

Publicado em: http://rotadaalma.spaces.live.com/ , em 01/09/07
Publicado no site http://www.itajaionline.com.br, em 22/02/01
Publicado no Jornal Folha do Povo – Itajaí – SC, em 27/05/00
Publicado no livro Jardins, Jardins : [poemas[ / Marilene Anacleto. – Itajaí (SC) : 2004. 72 p. : il.

Foto de Fernando Vieira

Fernanda

Fernanda
(Fernando Vieira)

Nanda, Fernanda
Demora na cama
Levanta menina
A vida te chama

Acorda atrasada
Vai pegar busão
Via Praça Saraiva
Sua condução

Nanda, Fernanda ah
Nanda, Fernanda ah, ah (2x)

Nanda,Fernanda
Só anda arrumada
Corpinho esbelto
Bem delineada

Nanda, Fernanda
Não pensa em mais nada
Sonho de consumo
Motor, cilindradas

Nanda, Fernanda ah
Nanda, Fernanda ah, ah (2x)

Nanda,Fernanda
Saiu da calçada
Não quer mais saber
De conversa fiada

Nanda, Fernanda
Num mundo só dela
Aonde ela dança
E levanta a platéia

Nanda, Fernanda ah
Nanda, Fernanda ah, ah (2x)

Aqui quem vos fala
É o Fernando
Sou amigo dela
Estou sempre cantando

Escrevo poemas
Toco violão
Escuta menina
Essa tua canção

Nanda, Fernanda ah
Nanda, Fernanda ah, ah (2x)

Foto de betimartins

Poema da calçada...

Poema da calçada...

Descem as pedras da calçada
Entre pontapés esguios, sortidos
Nos gritos abafados das crianças
No andar apressado da Mulher
Aquela que se despe em cada esquina
Aquela que leva o pão para casa
A que fica com dez filhos a sua volta
E a que em veste finas e saltos altos
Ainda consegue trabalhar para si
Na rua da pobre calçada esburacada
O peão perdido do seu cavalo e viola
Jaz entre vômitos, deitado, sujo e inerte
Com cantos em fortes lamentos a vida
O homem do boteco, sentado na escada
Com sua bata já encardida, com olhar triste
Percorre seus pensamentos e chora
Chora por aqueles que já se foram
Uma bola invade seus pés e uma menina
Com um belo sorriso, cheio de luz
Estende a suas mãos e o chama de avô
Entre abraços apertados, temendo
O medo de perder também o seu amor
Mas aquela rua tem um palhaço de vestes
Já meio desgastadas pelo tempo e idade
No rosto pintado os olhos cor de mel
Grandes, cheios de amor, sorrindo
A todos que lá passam de mão estendida
Fazendo pequenas graças, na sua alegria
A noite chega fria com a chuva, a água que cai
Sem parar, enchendo ruas e casas já velhas
O pouco que já tem fica em nada, nada mesmo
Ajudam-se, partilham sua dor, entre abraços
Entre palavras de esperança, no poste sem luz
Seus joelhos já sentem ardor e cansaço
Sem ter para onde ir ficam ali na rua da calçada
Esperando que amanhã seja um novo dia...

Betimartins

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

7º CONCURSO LITERARIO "O POBRE MENINO"

"O POBRE MENINO"

Dois dias após o Natal e Diogo um pobre menino de 8 anos saltitava pelas ruas de seu bairro, estava feliz embora não tenha ganho nenhum presente de Natal. Sr João um velho carteiro que tinha praticamente visto Diogo nascer estava entregando os cartões de Natal que chegaram atrasados e ao ver Diogo feliz lhe perguntou, E ai muleke o papai noel trouxe muitos presentes, e Diogo com um sorriso de dar inveja em filho de rico falou com muita alegria ainda não, mas até amanha eu vou ganhar um monte.Sr João que havia lido a cartinha que Diogo mandou para papai noel sentiu um enorme aperto no coração e sentando na calçada falou Papai Noel me contou que voce não pediu nada de Natal pra voce, e Diogo com um brilho de felicidade disse, sim eu não peço nada para mim, pedi para os filhos dos ricos assim eles quando ganharem seus brinquedos novos vão abandonar os velhos e ai sim eu e meus amigos pobres vamos ganhar um monte de brinquedos lindos. Sr João levantou-se e fez um carinho na cabeça do menino e saiu dali com lagrimas escorrendo em sua face, ao chegar em um mercado do bairro, Sr Manuel o dono, notou que o velho carteiro havia chorado e curioso perguntou, O que se passa???E o velho carteiro lhe contou tudo e ainda lhe mostrou a cartinha que trazia no bolso.Sr Manuel sensibilizado mandou faser um cesta de Natal das mais ricas possiveis e junto um monte de brinquedos novos e levou tudo a casa de Diogo. O menino ao ver aquela fartura ajoelhou e com as mãos voltadas para o céu disse; Papai Noel obrigado vou dividir com meus amigos.

Foto de Deni Píàia

Terminal Rodoviário

-Pipoca é cinquennnn... té cinquennnn... té cinquennn
-Meus irmãos, está aqui na Bíblia.
-Amendoim torradinho só setenta.
-Pipoca é cinquennnnn...
-Tem um trocadinho pra me ajudar?
-Chocolate Suflé, só num é mais doce que mulé.
-Um é dois, três é cinco.
-E Jesus falou...
-É cinquennnn... té cinquennnnn...
-Moçô, passa na rodoviária?
-Água só um e vinte.
-E a pipoca?
-É cinquennnn... té cinquennnnn...
-Torradinho, torradinho!
-Vrrrrrummmmm...
-Peraí, moçô!
-Quando Jesus perguntou aos seus apóstolos...
-Tem uma moedinha?
-É cinquennnn... té cinquennnnn...
-Suflé é da Nestrê!
-A que horas vai sair?
...
Marqueteiros, vendedores, pastores, pedintes... Povo. O terminal de ônibus me parece uma grande colcha de retalhos humanos onde cada um busca seu lugarzinho ao sol, embora seja noite. Sentado num banco tentando registrar o que vejo e ouço, fico perdido num turbilhão de ofertas, pedidos, perguntas, conselhos, freadas, aceleradas, passos, correrias e pernas, algumas bem bonitas! Fico imaginando de onde vem toda essa gente que, de alguma forma, em sua maioria, tenta levantar uns trocados. Verdadeiros profissionais de vendas, desdentados e maltrapilhos, que vivem de seus parcos negócios, enquanto eu não consigo vender nem pra mim mesmo. Onde estão suas famílias, seus amigos, suas casas?
Resolvi experimentar o amendoim torradinho-torradinho, acondicionado em tubinhos de papel dentro de uma espécie de balde que, embaixo, tem uma abertura onde uma brasa mantém a iguaria aquecida. E não é que estava quentinho! Achei que valeu o preço: só setenta centavos. O “Suflé” até que provoca a gente, mas naquelas mãos quentes deve estar uma papa. A água mais quente ainda. Quanto à pipoca tenho vontade de chutar o pacote, de tão chato que é seu anúncio: -É cinquennnn... té cinquennnnn...
Um caso à parte é o pastor. Bela oratória! Um sujeito bem vestido, terno limpo, puído, mas limpo. Pasmo com seu nível de informação. Fala do diabo disfarçado de roqueiro, citando Led Leppelin, John Lennon e Nirvana, discorrendo sobre Raul Seixas no cenário nacional, entre outros. Faz uma profunda e excelente crítica sobre a programação televisiva onde, logicamente, lá está o capeta de novo, em todos os canais e horários. Mete o pau em religiões, todas! –Minha religião é a Bíblia, diz ele. Pisoteia sobre a moral de pastores que pedem e tiram dinheiro dos fiéis, até deixando alguns expectadores contrariados.
À primeira vista lembra uma feira onde ninguém conhece ninguém, onde todos estão sós. Ledo engano. Observando melhor percebo que, atento ao pastor/orador, outro espera ao longe para substitui-lo ou acompanha-lo no caminho de volta. O vendedor de “Suflé” acompanha o da pipoca, que é amigo do amendoim. A mulher que vende água é mãe da moça que vende frutas na outra plataforma. O pedinte de moedas é parceiro do outro que já pediu, ganhou e agora está fumando sossegado. Os motoristas são companheiros entre si e conhecidos da maioria dos passageiros. Enfim, acabei por concluir que só eu estava sozinho. E como num passe de mágica, de repente o terminal se esvazia. Para onde foram todos? Vendedores desapareceram, o pastor silenciou e sumiu, os ônibus escassearam, os pedintes já se acomodam na calçada. Fico com a impressão que se diluíram e escorreram para as bocas-de-lobo, de onde agora me observam irônicos. Seguiram seus caminhos e eu fiquei só. Vou tomar o próximo ônibus e também seguir o meu, para chegar em casa e continuar só. Mas amanhã eu volto.

Foto de Melquizedeque

Chuvas de Verão

Respingos de chuva nas vitrines das lojas
Suaves gotas de um refrigério banal
Por cima das casas, nas asas, nos muros
Nas ruas têm águas que posso pisar
Como vou correr sem me molhar?
Escorre no rosto uma água salgada
As nuvens choram, por tudo e por nada
O relógio anda e as horas não passam
Carros nas ruas com luzes acesas
Placas na pista com avisos incertos
Corre o tempo, o vento e mundo
Noite escura, vazia, sem nada
Chuvas da vida com águas passadas
Olhos molhados na porta de casa
Corpo enxuto no meio da chuva
Estou na calçada e agora o que faço?
Com o guarda chuva quebrado aceito essa cena
Molhe-me a cabeça e meu corpo sem pena
Infância revivida nas gotas que caem
Melhora meu drama que se finda, se vai...

(Melquizedeque de M. Alemão, 30 de dezembro de 2010)

Foto de ksantos

♥ ♫ ☼ QUERO TANTO....





Quero tanto...
Sair de mim e ser quem quiser
Pular a corda da vida
Esquecer qualquer ferida
Brincar de gente grande
Sonhar na roda gigante
Ter uma cama florida

Quero tanto...
Ver meu amor passar
Burlar o apressado tempo
Jogar-me toda ao vento
Beber todos os livros
Dormir até cansar

Quero tanto...
Não lembrar-me de nada
Ficar apenas parada
Soluçar de tanto riso
Andar na beira do abismo
Cochilar na tua calçada

Quero tanto...
Comer chocolate quente
Ser por vezes delinqüente
Ver as fadas dançando
Sentir você respirando
Dentro da minha mente

Quero tanto querer
Querer de maneira louca
Ver você me querer
E ter você na minha boca

Ka Santos

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