Dia

Foto de JGMOREIRA

MORTE DA MINHA VIDA

MORTE DA MINHA VIDA

Rastro dos meus passos
que acompanha meu desassossego
larga tuas garras dos meus galhos
não mata tua fome no meu desespero

Para de revolver-me por dentro
Abandona de vez meu corpo
Esfrega teus pelos noutra carne
Esquece definitivamente meu cheiro

Morte que não mata minha vida
suor que encharca meus cabelos
Te vejo em cada dia de agonia
anseio pelo dia para meu desespero

As noites me afastam de ti
Não durmo que o sono é distância
Ao mesmo tempo espero que esqueças
de vez o caminho que te trazes a mim

Amor dos meus amores,
ódio das minhas entranhas
Toques, gostos, odores
presentes nas lembranças

Tua distância é meu sofrimento
Perto é tormento
Esquecer-te, não posso
Chaga que sangra veneno

Das carícias de um dia amado
repousam descanso e medo
Nas despedidas sem piedade
Retornos da mais pura veleidade

Láudano que vicia
Metade cura, metade doença
Que minha mão finde o que se anuncia
antes que me finde tua ausência.

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LEMBRANÇAS

LEMBRANÇAS
ANTES QUE A NOITE SEJA COMPLETA

Pode lhe parecer tolo ou mesmo infantil
Mas farei questão de nunca esquecer
Os momentos que vivemos juntos

Nossas lembranças
Ficarão entalhadas
Na árvore das recordações

Meu coração fará questão
De nunca esquecer nada que vivemos
Para que haja sempre bons momentos
Para recordar nas noites tristes
Quando o frio for a única companhia

Quando nada mais houver para alegrar a alma
Quando forem poucas as chances de sobreviver
Quando me sentir nos Andes, Himalaia
Quando não houver motivo para crer
Terei você em meu coração e sorrirei
Mesmo triste sorrirei ao recordar você

Você será meu refúgio nos dias sem fé
Quando nada mais nos parece existir
Além dessa dor no peito, esse sofrer
Sem fim que construímos quando sós

Em você depositarei minhas esperanças
De ter sido o viver momentos mágicos
Aonde quer que eu esteja
Estarão comigo as suas lembranças
E nada será capaz de me demolir

Quero carregar você em mim
Como o pescador carrega o mar
Como a ave que só pensa nas alturas
O cão que deseja afago

Talvez, quando nada mais houver
Quando o tempo pesar demais na vida
Restem apenas os momentos consigo
Quando sequer restem-me amigos.

Não viverei em saudades eternas
Posto ser triste perder-se pelo ido
Pelo tempo passado, o que foi perdido

Viverei meu presente em busca da felicidade
Que é a força que nos anima
Mas, quando for a hora da verdade,
Quando estiver frente a frente no espelho
Quando precisar deitar a cabeça
Fechar os olhos, achar um ombro
Sentir-me reconfortado e em segurança
Naturalmente sentirei retornarem as lembranças
Dos momentos em que nos despejávamos um no outro
Confiantes, mergulhando de cabeça na esperança

Amarei outra mulher, ou mulheres,
Com a altivez da primeira vez
Com a garganta seca, o calafrio
Com todos os sintomas da paixão
Mas cá, dentro de mim, honestamente
Gostarei que fosse seu o nome
Que minha boca invocasse em comunhão

Antes que seja tarde, que tudo desabe em escuro
Queria que soubesse que me tornei melhor
Que abri meu coração ao mundo
Que às vezes me pego sorrindo sozinho
Que me vejo abraçando pessoas, feliz
Que me vejo crendo em algo distante de mim

Com todo o meu coração, queria que soubesse
Que nada mais pode me atingir com desastre

Talvez, agora que ditas, as palavras
Lhe pareçam as de um tolo, infantis
De alguém que não cresceu completamente
Para esquecer definitivamente
Um pedaço da vida que é apenas parte de um todo
Esse pedaço da vida me lembra as festas
E para quem dedicamos a primeira fatia do bolo

Não quero que me dedique nada
Que lamente ou se amisere;
Quero apenas que saiba por mim
Que me fizestes um dia feliz
E que essas lembranças
Guardarei dentro de mim
Como o rio guarda os peixes
Os olhos guardam o mundo

Talvez isso seja o que chamam amor
Eu, como não sei, chamarei de recordação
E se for, de fato, amor, terei sido feliz, então.

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ESCRAVIDÃO

ESCRAVIDÃO

Encontro contigo sem que estejas
Vejo-te em todas as coisas
Onde não me deparo contigo
Brotas dos cantos da casa
Surges do meio do nada
Sem que me aperceba, chegas
Surpreendendo quem não mais se espanta.

Quando te tornastes coisa sem nome
Na minha vida, o ar empobreceu,
Faltando-me, às vezes, ao pensar em ti.

O que era belo desencantou
Nunca mais meus olhos sorriram
Posto teres surrupiado deles o brilho.

Passo em escuro a maior parte
Dos dias claros e vívidos.
Não me envergonho dessa tristeza
Quando, repetem-me, é passado.
Não que meus momentos sejam amargos
Ou passe minha vida infeliz.
Tenho momentos de felicidade
Que não compartilho na tua ausência.

Não quero mais que voltes
Ou deparar-me contigo fisicamente
Repente, nalguma rua costumeira.
Quero que permaneças onde moras:
Na impossibilidade do tacto
No limbo do desejo
Na lembrança amada

Contigo nessa distância segura
Posso vencer os dias em paz
Com a plena certeza da cura
Do mal que um dia me acometeu.

Sem que saibas, em sorrisos
Apodero-me do melhor que tinhas
Ando aéreo, cabeça no vento
Pés no chão, porém, atento

É assim que vives em mim
Fiel escudeira da tristeza
Nascendo em cada momento
Para espantar medo e tormento
Da ausência que contigo sentia.

Serves-me de alento na solidão
Para que nunca mais me traia essa mão
Que escrevia a ti cartas apaixonadas
Por ter se acostumado à tua palma
Sem saber, agora, firmar-se em mais nada.

Quando for certa a hora
Sei que farás tua despedida
Sem mágoa por ir-se embora.
Será esse o momento da alforria
Quando te livrarei dos elos
Que a mim te prendiam.

Nesse momento estarei sozinho
e nada mais fará sentido.

Foto de JGMOREIRA

EROSÃO

EROSÃO

Tenho, cá comigo, a leve impressão
de algo perdido em algum lugar.
De algum dia de felicidade guardado
onde? Não posso lembrar com exatidão.

O coração, falésia, fica acabando devagar
na esperança de que a mão alcance
onde a emoção se esconde
para que não eroda de vez o que resta a amar.

Fico com medo, essa incrível ausência de amor
que arranca de mim a coragem para o gesto
que seria na verdade a salvação do náufrago
imóvel enquanto o barco salvador vai ao largo.

Talvez, quando nada mais reste a sentir
e sobreviva apenas o pensar no porvir
descubra que nada era dígno de ser tão sofrido
tão ameaçadoramente vivido.

Restam poucas coisas a serem vistas ou sentidas.
O que passou deixou restos, aluvião,
onde chafurdo o presente que é minha vida.
Viver com medo é viver pela metade cada emoção

Foto de JGMOREIRA

EM FORMA DE OBJETO

EM FORMA DE OBJETO

ANDO EM FORMA DE OBJETO
SEM NENHUM DESEJO SECRETO
SEM NENHUMA GALHARDIA
SEM NADA QUE ME DEFENDA

TENHO ESSE AR BLASÉ
DE QUEM NÃO VIU O QUE OLHOU
COMO SE FOSSE IMPORTANTE
TER A MÃO DISTANTE
DO GESTO QUE SOCORRE

TALVES TU BRINCASSES EM MEUS PARQUES
SE HOUVESSE TEMPO PARA MAIS UM DIA
MAS É SEMPRE ESSA URGÊNCIA DESESPERANTE
ESSE DIA A MAIS QUE DIMINUI NOSSOS INSTANTES
ESSA PRESSA DE FUTURO INCERTO
QUE FEZ DO SAARA DESERT0
QUE FEZ DE MIM ESSA ROTINA

ASSIM QUE SOLTAREM OS PÁSSAROS
QUE GEMEREM AS RODAS
QUE SUAREM AS ENGRENAGENS
QUE TENHO ASPIRADO NESSE TEMPO IRADO
TALVE EU ME SOLTE UM POUCO
PERCEBA QUE HÁ ALGO CONCRETO
ALÉM DESSA FORMA DE OBJETO
COM QUE DEFINO MINHA PASSAGEM

AMANHÃ, ESSA PROMESSA CONSTANTE
COLHEREI ALGUMAS FLORES
TRAREI ALGUMAS NOVAS FORMAS
DE DIZER QUE JÁ É TARDE
ENQUANTO ISSO, RODA A RODA
DO PARQUE QUE TIVE DENTRO
QUE FICA DOENDO
ESPERANDO TUA CHEGADA
TUA RISADA
APENAS PARA BRINCAR

QUE SO TU ENTENDES PERFEITO
QUE ESSA FORMA DE OBJETO
É MINHA DEFESA OU JEITO
DE DIZER QUE SÓ A TI AMO E ESPERO
MESMO QUE SEJA AMANHÃ, OU DEPOIS
OU QUANDO PARAR O TEMPO
E TODAS AS MÁQUINAS EMPERRAREM.

QUE SÓ TU PODES SUAVIZAR
ESSE JEITO OBJETO DE ANDAR
ESSES TALHOS DO TEMPO NO ROSTO
ESSA TRANQUILA FALTA DE GOSTO
ESSA ESPERA QUE HÁ DE ME MATAR.

Foto de JGMOREIRA

ÉGIDE

ÉGIDE

Antes que minha mão busque o cigarro
Algo se impõe entre ela e mim,
Como sombra.
Um fantasma de ti que não mais assombra
Apenas surfa nas ondas
Das lembranças
Querendo estar vivo dentro de mim
Quando já há muito morri
Contigo dentro de mim.

Horas vãs, horas vagas,
imperpétuas de felicidade
Sonhos vivos ao romper do dia
Amargas horas, doces sonhos na aurora
leve madrugada a fugir do claror do dia

Antes que meu coração almeje o punhal
Um vulto vem ao ouvido dizer
Palavras que amortecem todas as quedas
Que torna minha ânsia lerda
Afasta das desgraças o mal.
Os espectros que passeam pela casa
Passe-partout, escancaram cômodos
Estabelecem quartos de vigília
Protegendo a mim que já morri de ti.

Horas vãs, horas vagas,
Imperpétuas de felicidade
o coração se abastece de esperanças
Claro-escuro, o crepúsculo abraça o dia.

Assoma o vulto, passa perto
deixa no ar um perfume que nunca esqueço
uma dor que não mereço
um sentimento que não mais quero.
Sorrio o sorriso dos conformados
quando o coração que fora sepulcro
redivive o que cria lapidificado
Meu lastro único no mundo
É este amor que vaga eterizado

Coisa vã, horas vagas, incrédulas na felicidade
quando se mistura a noite no dia
Adormeço lentamente, antes do cigarro
sabendo que não mato em mim o que de ti havia
pois, abastece-me de esperança tua presença
a esperança abastece-se de vida. Minha
única proteção na aurora ao fulgir do dia.

Foto de thaizinha2009_

Poema para refletir

Um dia, a maioria de nós irá se separar.
Isso é o que todos falam;
E infelizmente é verdade.
Mas temos que aproveitar todos os dias,
Como se fosse o ultimo,
Temos que respeitar os mais velhos,
Porque eles são nossa inteligência,
Nossa vida,
Nosso estudo.
Aproveite seus irmãos,
Seus amigos,
Seus professores ou seus chefes.
A cada ano, querendo ou não,
Essa hora está cada vez mais próxima.
É triste perder alguém querido?
É triste.
Mas só é mais triste quando alguém que a gente ama muito morre.
Só quem perdeu alguém assim sabe como é.
Muitos de nós achamos que a morte só vem para quem é velhinho,
Mas a verdade é que a morte não tem idade, não tem hora nem lugar para acontecer; só acontece.
Algumas dicas para aproveitar:
-Saia bastante com os amigos;
-Estude muito;
-Tenha um tempo só para a família;
-Viaje muito, nem que seja a trabalho;
-Tome um delicioso banho de cachoeira;
E por ultimo, mas não menos importante:
SEJA VOCÊ MESMO!
Tenha um bom dia.

Foto de JGMOREIRA

DO HOMEM QUE SE TORNOU ESCRAVO DA VIDA

DO HOMEM QUE SE TORNOU ESCRAVO DA VIDA

Para.
Para de olhar com essa cara
de quem perdeu o gol do Vasco
Menino que quebrou o brinquedo

Fala alguma coisa que quebre o gelo
que encha o copo para ser servido
que eu sou todo ouvidos.

Passo por ti todos os dias
e nenhum alarme em ti dispara
Não vês na minha cara
que me fazes falta?
Que te quero todos os dias
na alegria e na tristeza?
Não percebes que te quero no colo
na cama, rindo de deslocar o maxilar
ou chorando teus fracassos?

Mas não quero te servir de descanso
Não quero ser teu amparo no desespero
se quando chego para falar-te de mim
tens sempre uma desculpa.
Do que é que tens medo?

De que me revele a ti, expondo fraquezas
Por acaso não pensaste que sou humana
e que não acabo na bunda nem na beleza?

Como queres que eu te ame se não falamos?
Não trocamos confidências
não existe afago em nossos "eu te amo"

Pensas acaso que quando desmontas
eu não fico tonta
Que fica faltando uma parte tua
quando no banho me escorres nas pernas nuas?

Para. Para de fazer de conta que me amas
e desata esse nó na garganta.
E me fazes crer que sou só tua
de uma cumplicidade criminosa
que me excitarás só de pensar que virás
para a casa que queremos lar
cheio de felicidades nossas.

A tão sonhada liberdade
que almejas com tanta vontade
só será alcançada
quando me completares minhas metades
quando me recheares com tuas verdades
quando, enfim, deixares de ser covarde
para ser homem que fala, sente, chora, ri
para que eu possa amar a ti
e não aquilo que me mostras todos os dias
que não passa de filosofia
com algum traço de poesia
que morre na beira da realidade
quando te calas e me deixas morta de saudade
do homem que conheci um dia

Foto de JGMOREIRA

DISPARADA

DISPARADA

Passam por mim em disparada.
Oiço-lhes o tropel. Voz muda.
As mãos não chegam às rédeas
A vontade não serve para nada.

A velocidade das cavalgaduras
Atordoa meus olhos. Fere.
Ficam no ar os riscos da sua passagem,
Manchas que atravessam as ruas.

Onde quer que vá é o atropelo.
São belos, vários pelos becos
Sob o sol, lua, amor e medo.
Não obedecem nada. Desespero.

Deliro em minhas janelas
Vendo-os riscar os dias.
Assustam-me nas noites
Quando passam. Mazelas.

Não encontro um sequer rocinante.
São sempre altivos, bravios, indômitos
Nada os detém, voam sem pousa
Estrebaria. Não lhes sei rumo nem nomes.

Um dia pensei tratar-se de tropilha
Que tivessem direção definida
Seguindo algum tropeiro ou dono
Mas é apenas cavalaria.

Observo a marcha forçada da bestiagem
Sem atinar com o sentido das idas e vindas
Como circulassem à minha volta em mostra
Do seu poder, fúria ou da pelagem.

Atônito, tendo dar sentido à manada
Dos anos que passam em disparada
Como se fossem cavalos sem brida
Todos os dias da minha vida.

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DIA CLARO

DIA CLARO
Sabes, às vezes me deparo comigo mesmo
parado diante o mar,
olhando onde nunca estarei
com a alma fremente de desejos de lá estar.

Os olhos que amam as ondas inatingíveis
olham as pegadas sulcadas na areia
decifrando para mim
o significado de mim mesmo:

Serás o homem da terra amando a possível sereia.
Minha boca salga com minhas lágrimas
por entender-me um homem de pouca aventurança.

Fico
até que o mar que nunca desbravei
perca-se na lembrança.

Quando, um dia, não puder mais navegar
talvez invente pra mim mesmo, uma aventura.
aquele mar inusitado de tanto ser lembrado
tornar-se-á a minha verdade mais segura.

E, assim, quando tombar a mão ao rés do corpo
sem mais respirar, lembrar ou qualquer gesto,
serei remetido para além das ondas
onde aventura-se a alma
do corpo que ora empresto.

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