Dia

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

VIDA LONGA.

VIDA LONGA

Acostumei-me deste termo usar...
E meus amigos nem mais estranham...
Mas outro dia ousei perguntar...
Se eles entendem o que esta mensagem emana!!!

Um ou outro arriscou responder...
Que eu desejo que eles vivam pra sempre...
E paciente prontifiquei-me a esclarecer...
Que a nossa vida não termina nunca!!!

Todos sorriram e falaram que acreditam...
Mas ainda assim sei que é pura mentira...
Todos só vão até onde suas mentes o levam...
E esta crença ainda é muito pequena!!!

Mas sei que daqui pra frente...
Alguma coisa muito boa vai acontecer...
Toda terra vai se tornar consciente...
Que não há mais morte é puro viver!!!

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

HOJE.

HOJE

Se o ontem te machucou...
Procure amparo no hoje...
E se o amanha te assusta...
Recorra ao hoje...
Se alguém te ameaça...
Conte comigo...
Se eu te ameaço...
Conte pra mim...
O que não podes e perder um segundo sequer do hoje...
Ele tem que ser inteiro...
Ser presentemente vivido...
Ser absurdamente vivenciado...
E eu tenho que há todos os dias ...
Lembrar-te que faço parte do teu hoje...
E que só iremos viver o hoje...
Um dia de cada vez...
As projeções futuristas ocupam muito espaço em nosso hoje...
E tiram seu precioso brilho!!!

Foto de angela lugo

Foi amando você

Foi amando você
Que tomei conhecimento da dor
Dentro dela aprendi a gemer
Por tanta ingratidão
Pelo seu chamado que não vinha
E, eu ainda persistia
Como pude te amar tanto
E esquecer que eu existia
Você é pura melancolia
Que chateia os meus dias
Mas prefiro-os chatos
A não tê-lo no dia-a-dia
Perco muitas vezes a luz do sol
Esqueço de abrir as cortinas
Meus olhos teimam em ficar cerrados
Perco muitas noites prateadas
As lágrimas são como névoa
Nada me deixando ver
E penso... Penso em você
Que em todo o tempo que passou
Eu perdia tudo e não perdia nada
Porque o meu tudo é você
E sem você nada tenho para perder

Foto de JGMOREIRA

DA GRANDE DECEPÇÃO DO HOMEM AO VER-SE SÓ, CONTEMPLANDO O ABISMO

DA GRANDE DECEPÇÃO DO HOMEM AO VER-SE SÓ, CONTEMPLANDO O ABISMO

Estou só no mundo com todas as alegrias resguardadas
De contaminações humanas. Estou só e porto uma espada
Para desafiar os perigos que encontro na jornada
das adagas insanas.

Estou só. Tenho nas mãos as cartas que me envias
Não as respondi com medo de revelar
Quem em mim não mais residia.

Todos os laços estão rompidos
Todas as flechas lançadas
Todos os corações partidos
Mas ouço nas lembranças
Uma canção de amor evoluindo

Estou à beira do abismo
Enquanto as rochas resistem
À investida das águas insistentes
A distância entre mim e as pedras
É a desse amor dissente
Que em ti sobrevive

Tenho nas mãos a espada
As cartas e o vento no rosto
Enquanto olho estupefato
A violência das águas.

Queria o amor, sim
Como desejei amar
Mas queria que entendesses
Um amor sem carne dentro
Que tivesse palavra por alimento
Que se deixasse amar
Para que amasse o corpo
Como se linimento
Para todos os sofrimentos
Infligidos por esse tempo impiedoso
Que sorri ao desamarrar mãos de amantes
Como se sua maior obra fosse o desgosto.

Estou à beira dessa profundidade
Dessa altura estonteante
Completamente enlouquecido
Pela certeza da inutilidade
Desse amor por ti enaltecido

Defendes o grito do gozo
Enquanto aguardo o silencio do êxtase
Derramo-me em ti para escapar da morte
Enquanto te abres para esquecer do dia.

Passo os olhos nas tuas palavras
Que nada comovem em mim.
O homem a quem as dedicava
Há muito retirou-se de ti
Evadiu-se de mim
Esquecendo essa espada
Largando essas cartas
Que não servem para nada

Foto de Homem Martinho

Morrer de Solidão-II

Morrer de Solidão-2

Miguel vai penetrando em territórios da quinta das lágrimas, cabeça bem levantada como se quisesse ignorar o pó que teimava em lhe cobrir os sapatos e em sujar-lhe as calças, Miguel nunca vestia calções, via tal facto como um sinónimo de inferioridade e ele, apesar da tenra idade, não pretendia ser inferior a quem quer que fosse, gostava de olhar sempre por cima.
Ia tão absorto nos seus pensamentos, ou melhor nos seus sonhos, que nem reparou no pequeno grupo de homens que trabalhavam na margem direita da estrada, e só quando um deles o interpelou é que caiu na realidade:
- Bom dia rapaz. Procuras alguma coisa?
Nem se preocupou em dar os bons dias, limitando-se a responder:
- Procuro o Sr. Engenheiro Campos. Sabe onde ele está?
-Posso saber quem tu és?
- Eu sou o Miguel, venho trabalhar para aqui. Onde posso encontrar o Sr. Eng.
- Continua por este caminho até chegares àquela casa encarnada ali em diante, vês logo uma janela bem grande, é lá que está o patrão.
Miguel voltou costas ao homem e continuou a sua marcha, sem sequer agradecer.
- António quem é o garoto? E o que é que ele quer?
- Deixa, nada de importância, é algum desses meninos que se julgam mais importantes que todos, nem os bons dias me deu.
- Sim, mas o que é que ele queria?
- Vinha à procura do Patrão, diz que vem para cá trabalhar.
- Vem para cá trabalhar, então é o filho do Martinho, eu ouvi o patrão comentar com a menina Júlia.
-Oh raios!
-O que é que foi agora?
- Eu fiquei danado com a falta de educação dele e mandei-o ir ter com o patrão sem o avisar para ter cuidado com o Faísca, espero bem que ele não se aproxime demasiado.
- Oh António, porque fizeste isso? O Martinho é uma jóia de homem, um exemplo de educação e de bondade.
-Pois e como podia eu adivinhar que aquele miúdo mal-educado era filho do Martinho.
-Bem deixa lá, talvez o garoto vá com atenção e se desvie do cão.
Enquanto os dois trabalhadores mantinham esta conversa, Miguel avançava quinta dentro, avançava na quinta e avançava nos seus sonhos, já se via a mandar naquele homem grosseiro que acabava de encontrar, tinha de ter cuidado com a forma como falava com o Engenheiro Campos.
Foi precisamente quando pensou no engenheiro que ouviu um grito:
-Cuidado, desvia-te daí.
Assustou-se, olhou em frente e viu um homem alto, vestido à moda dos agricultores, calças de sarja azuis escuras repuxadas para cima pelos suspensórios que sobressaíam sobre a camisa aos quadrados azuis e brancos e justas sobre as botas de cano, era o engenheiro, seu pai descrevera-lhe bem o seu futuro patrão. Deu um salto para o lado, indo cair sobre na valeta que acompanhava o caminho, ficou algo dorido, mas não o suficiente para que não se pudesse levantar, no entanto resolveu virar os acontecimentos em seu favor, deixou-se ficar a contorcer de dores.
- Então rapaz, magoaste-te?
- Foi só um pouquito, nada de grave. O sr. deve ser o Sr. Eng. Campos, não é verdade?
O garoto fez questão de repetir e reforçar a palavra senhor, ao mesmo tempo que aceitava a mão que o lavrador lhe estendia para o ajudar a levantar.
- Sim, sou o Eng. Campos e tu? Não me digas que és o filho do Martinho!
- Sou sim senhor, sou o Miguel. Obrigado pelo aviso e obrigado por me ajudar a levantar.
Não tens nada que agradecer, o Faísca não te conhece e podia morder-te.
- Eu vinha distraído, vinha a observar a sua quinta. Desculpe.
- Deixa-te de desculpas, és tal e qual o teu pai, um exemplo de educação e humildade. Anda daí, a minha filha vai tratar-te desses arranhões.
Miguel sorriu interiormente, começava a conquistar a simpatia do patrão, aquele homem não o avisara de propósito mas ainda se ia arrepender, agora tinha de conquistar as boas graças da filha do patrão, quantos anos teria?
Acompanhou...

Foto de JGMOREIRA

CÂNTICOS

CÂNTICOS

És bela, Amada pela minha alma
Como o sol afastando a madrugada.
Teus olhos são frescas paragens
Abrigando os meus da vida voragem.

Teus lábios são fontes murmurantes
Que matam a sede dos meus, ofegantes
Beija-me e embriaga meu coração
Com o licor da tua boca em profusão.

Formosa és entre as mais belas
Reconheço-te entre todas elas;
estando entre mil, quando passas
meu coração desperta e dispara.

Passa o tempo; muda a estação.
A natureza doa flores em admiração.
Teus seios são taças macias
Que me saciarão ao findar o dia.

Tua pele agradável como o linho
Tua cor deslumbra o peregrino
Abundante é o mel que alivia
Que sorvo desejoso da tua delícia.

Tua palavra doce acalanta
Tua voz é flauta que encanta
Ergo-me mais homem a cada dia
Que teus amores são puros, amada minha

Quisera fosses minha irmã, amada
Para desde antes termos as mãos dadas
Desde o primeiro dia da tua vida
Estarias entre meus braços protegida

A mão esquerda te apoiaria a cabeça
Para que te abraçasse a direita
Envolvendo teu corpo nos braços meus
Sou um homem que chega a Deus.

Deleito-me ao ver-te preparando o leito
Perfumando-o com aromas perfeitos
Para transformar a noite do nosso amor
Em palácio de ouro, puro esplendor.

Teu ventre é obra de mão apaixonada
Tuas pernas duas torres cinzeladas
Que guardam arca de rico tesouro
Que será entregue ao amado venturoso

Vem, amada minha, apressa teu passo
Que minha alma ressente-se sem teu abraço.
Acolhe-me em teu colo e apascenta
Ouve a melodia do coração na tua presença.

Amada minha, amiga fiel, irmã querida
Aceita o presente dos meus dias de vida
Afasta de mim os males da alma dos tristes
Salva-me com o amor que só em ti existe.

Sela meu coração com teus lábios
Ampara-me quando, triste, caio.
Leva-me ao leito que preparastes
Para com teu amor o desfrutasse.

És a flor banhada pelo orvalho
Quando ouço tua voz me calo
Música encantando a cotovia
Esta mulher, amada da alma minha.

Foto de JGMOREIRA

CALVÁRIO

CALVÁRIO

O OLHAR DE MARIA
PARA O FILHO NA TRILHA
É O OLHAR DO AMOR
QUE MAIS AMOU

OUTRA MARIA OLHA O AMADO
COM OS OLHOS TURVADOS
OS OLHARES DAS DUAS SE TROCAM
SEM QUE NADA POSSAM

SÃO DUAS MULHERES AMANDO
O MESMO HOMEM, ANDANDO
SOB A CHIBATA E ESPINHO
OLHANDO AS DUAS COM CARINHO

-PAI, MEU CORAÇÃO ESTÁ PRONTO!
MARIA CONTÉM O PRANTO
ENQUANTO A OUTRA LEVANTA O VÉU
ESPERANDO O MILAGRE DO CÉU

O OLHAR DE MADALENA NO OLHAR DE JESUS
ALIVIA-O DO PESO DA CRUZ
POR INSTANTES SUA DÔR FICA VAZIA
PARA QUE VÁ AOS VALES ONDE PASTOREARIA

SOBE A COLINA COM O SOL NAS COSTAS
MADALENA, LINDA, O ESPERA À PORTA
OS FILHOS BRINCAM NA SOLEIRA
UM SORRISO AFLORA SOB A CABELEREIRA

AS PALAVRAS QUE LEVARÁ NAQUELE DIA
SERÃO OUVIDAS PELAS DUAS MARIAS
QUE O OLHAM COMOVIDAS PELO AMOR
TEMEROSAS DA SUA CORAGEM DE PASTOR

A CHIBATA IMPIEDOSA O TRÁZ DE VOLTA
PARA O CENTRO DO PALCO DA HISTÓRIA
O SANGUE DE SEU ROSTO COROADO PELO ESPINHO
PUXA DE MARIA UM GRITO PELO SEU MENINO

MADALENA, QUE AGUARDAVA O MILAGRE
SOLUÇA AO VER O CENTURIÃO COM VINAGRE
A FÉ DA MULHER NESSE INSTANTE FRAQUEJA
PEDE A DEUS QUE NÃO MAIS LHE PEÇA QUE CREIA

QUANDO, POR FIM, ERGUE-SE O MADEIRO
AS DUAS MARIAS DE ABRAÇAM EM DESESPERO
DUAS MULHERES PERDEM O HOMEM AMADO
QUE GRITA AO PAI PORQUE FOI ABANDONADO

DURANTE TODA SUA AGONIA,
JESUS ESTÁ COM MARIA
SOBRE A MORTE SEU CORAÇÃO VOA APAVORADO
ANINHANDO-SE EM MADALENA: DOIS DESACRETIDADOS

DUAS MARIAS OLHAM FIXAMENTE JESUS
ALHEIAS À REALIDADE DA CRUZ
OLHANDO AS DUAS, DO ALTO, O NAZARENO
PASTOREIA NAS COLINAS COM SEU CAJADO.

Foto de JGMOREIRA

ANJOS TRISTES

ANJOS TRISTES
(Com Anna Müller)

"Vou libertar-me de mim....deixar as asas no chão.
atirar-me nessas ondas de vento. Libertação.
plainar sobre o denso vazio na quietude do nada
anjo rebelde a revoar sobre tua sombra pasmada

tirar da garganta o pio das amarras,
atirar-me nessas ondas de vento. Libertação.
plainar sobre o denso vazio na quietude do nada

Sentir o eco de liberdade
Escorraçando Deus no ruflar das asas
de dor, pesadas

Lutando contra a tua divindade
Voando alto, para longe do teu amor
deixando-me assim... longe de ti...asas no chão.
E aqui, neste frio, padeço a tua saudade.

Asas cansadas, largadas em vão.
Retorno a ser homem, andando por onde passavas
Recostado no medo o coração
Medo de que me surjas à frente
e assim, apenas na doce lembrança do vôo,
guardo apertado no peito.

Medo do reencontro.
quando Deus se afasta dos anjos
fazendo carne o que fora sonho

Quisás meu anjo viesse
dele tivesse o abraço.
tornasse meu sonho real...
Água cristalina em manso regato
Pudesse eu matar a sede nas águas dividas
afastando essa dor
essa tristeza, da alma o mal
limpando minh'alma da dor que me causastes.
Pensando ser amor o mal que me atirastes

roubando das asas o ruflar
do coração, o sonhar
do meu corpo, o dom de amar

Desse amor que me fizestes voar sem asas
Voar o sonho do corpo ao coração...
E simplesmente amar
como voam os anjos, sem pretensão
Amar sem distinção
livre da tua marca, tua cara
Amar por destinação

Vagar á procurar o anjo que me fez amar
Que hoje rotula saudade essa dor infinda
Destinada na morte de uma alma de asas no chão.
Esquecida de que um dia tivera um anjo
onde, agora, estático, terreno, agonia o coração

A alma caída e um anjo ferido.
Sentir o eco de liberdade
Escorraçando Deus ruflando as asas
pesadas de dor
Lutando contra a tua divindade
voando alto, para longe do teu amor

Foto de JGMOREIRA

AMOR E PAIXÃO

AMOR E PAIXÃO
(aulas)

O amor nada perdoa nunca
nada releva.
Não contém o carinho,
este é um dos seus sintomas.
Ele é tão metódico
que aninha em seus escaninhos
cada fala franca (que magoa)
cada gesto espontâneo (que fere)
como se fossem documentos
que devam ser apresentados
ao escrivão-chefe para o livro de tombo.

O amor anota no diário
cada falta do amor.
O amor é o estudante atento às aulas
que não faz o dever de casa
que se nega a aprender no dia-a-dia
as lições que cairão na prova do novo amor
Quando repete o ano
o amor acha tedioso, enfadonho
e repete ano de novo
mesmo mudando o professor.

Ao amor que nada esquece, a paixão.
Essa sucessão de portas que se abrem
de memórias saudosas
lembranças sutis e violentas.
A paixão, aluno gazeteiro
que não aprendeu e não quer
que doa tudo de uma vez por todas.
Onda violenta que remexe
o lodo no fundo da baía serena
deixando ver o podre do belo.

Ao amor que nada esquece,
a paixão que nada lembra.
O amor tem memória de elefante,
a paixão, suas patas e o marfim.
O amor repousa, terno, a cabeça
após exigir do amor o cetim e a seda.
A paixão não deixa dormir
ignorando a aspereza.

Chega o momento em que se diz
'te amo para sempre'
perdendo-se no tempo
a paixão.
É quando o amante olha atrás
lamentando ter faltado às aulas
não ter feito o dever de casa
não aprender a lição.

Foto de JGMOREIRA

AFEIÇÃO

AFEIÇÃO

Fecha meus olhos
faz esquecer o tempo
Beija-me um pouco
afaga a alma inquieta

aceita meu corpo desesperado
por uma mão de afago
por um vinho suave tinto
uma voz, um timbre, algum riso

aceita meu corpo
fecha os olhos com beijo
não afligirá o desejo
O que acolhes é medida do medo

medo que acostuma os sozinhos
mas não deveria o só se calar
Houve minha voz quase triste
fazendo de conta que existes

assim passa o tempo
assim acaba o dia
Iludo-me que vivo
na casa vazia

sei que não deveria
mas cedo à vida o dia
melhor que amor não tê-lo
é sonhar sem sabê-lo

a aragem do teu hálito
alivia o calor que sinto
mais que amar na voragem
é amar e sentir o amor vindo

as coisas são como são
o amor é como é
não há como evitar a condição
o homem é da mulher

descansa tua mão
das farpas do coração
que sangram a pele amada
em juras de sangue, ciganada.

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