Fumaça

Foto de Cabral Compositor

Sereno

Sem saber a hora
Verão, inverno
Primavera, outono
Dia, sem tempo
Um nevoeiro, como filme
O cinza, a fumaça
Algumas gotas
O fogo, a trepe, a agua borbulhando
Um chão frio e sujo
A agua escorrendo, escorregando lenta
A voz embarga da, chapéu e chale
Um cobertor embolado
A cama, a lua, a sala
Um momento, sem tempo marcado
O relógio na parede
A luz fraca, a parede sem tinta
Um colar, as rosas no jarro
A louça, a boca, o quente, e o orvalho

Foto de samorito

Desejo no Bazar do Oriente

Sons e odores adocicados no ambiente

No ar a palavra solta dos pregadores

Envolta na fumaça do teu riso contente

Sob o olhar nostálgico dos vendedores

Tua mão transpirada na minha

a alegria estampada no teu rosto de menina

caminhas com leveza e flutuação

os teus olhos, vivos e atentos, traem a tua paixão

sacos empilhados de canela,

tabuleiros alinhados de açafrão,

frascos, recipientes de pimenta,

um ambiente que nos enche de emoção

Observo-te enquanto fumo tranquilamente o narguilé

a taça de café parece ganhar vida na tua mão

enquanto observas os movimentos de Talibé

o pequeno bebé de Iussuf, o anão

Poiso a minha mão na tua com doçura

e retribuis-me um olhar de ternura

olhamos bem dentro dos olhos um do outro

sorrimos e não é preciso articular palavra ou gesto

A chama do desejo patente nos nossos gestos

visível o líbido nos nossos olhos

Amo-te e quero-te ter, alí, nesse momento

Amamo-nos e é nosso o desejo.

Samory de Castro Fernandes

Foto de sidcleyjr

Sonhos

Calma numa existência da real descoberta dos arrepios
Liberdade ao respirar longe da fumaça constitucional
E a pronuncia do doce amor à alma
Fugindo a praça
Balançando-se olhando ao horizonte
Sorrindo às cores das borboletas azuis
Refletida na autoconsciência do coração
Vermelho cuspido em seres lúcidos
Recebendo o mérito ao pigmento
Sem por em risco o barquinho
Que navega no mar da neutralidade.
Abismo tem piso da carne sentida
Ao elo da compreensão e esperança,
Sonhos o tesouro das sensações constantes
Imaginação livre sobre as ruas da criatividade
Nuvens casas no terreno dos céus
A maquina dos humanos não as reconhece
O segredo está apenas no piscar fértil do garoto
Arvores levam seus frutos às fruteiras da vovó
Que mima seus netinhos deliciando-se no lar doce lar.

Macro

Foto de fernando gromiko

Eu tive um sonho...

Vi um mundo sem violência
Um mundo sem o efeito estufa
No qual o governo sob vigência
Com todo planeta se preocupa

Vi um mundo em que a ciência
Só trouxesse soluções
Em que a morte não tem prevalência
E as curas não são ilusões

Vi um planeta todo verde
Com céus e mares azuis
Em que a fumaça não intercede
E o sol mostra sua luz

Vi um mundo em que o capitalismo
Não podia destruir
Não havia egoísmo
Todos podiam sorrir

Vi um mundo tão diferente
Onde não havia diferenças
Não havia matança de gente
Predominava o respeito entre crenças

Vi um mundo em que criança
Não teria um destino tristonho
Em cada uma havia esperança
Acho que tive um sonho...
(autores: Fernando Gromiko e Enzo Bicalho, Cosmissismo)

Foto de Carmen Lúcia

SOS...Planeta Terra!

Que volte o azul aos mares
e o amarelo ao sol das manhãs,
refletindo o brilho do ouro
na esperança que traz o amanhã...

Que o céu desembace o cinza
e se pinte de tom celestial,
que aos bandos, pássaros assoviem,
se aninhem num hino angelical...

Que as nuanças acentuem o verde,
esverdeando todos os lugares...
Dêem vida às florestas e campos,
resgatando a mata espessa...

Que o ar volte a ser leve
e livre da negra fumaça...
Nosso pulmão agradece
o final de uma desgraça.

Que o homem se conscientize
e se volte ao que mais interessa ...
Demonstre amor a si mesmo,
devotando seu amor à Terra.

(Carmen Lúcia)

Foto de Carmen Lúcia

A bela cigana

“A bela cigana”

texto inspirado no conto de Machado de Assis: "A cartomante"
(Homenagem ao centenário da morte de Machado de Assis)

O velho relógio da matriz acabava de ribombar a nona badalada, que pairava no ar, feito fundo sonoro e enigmático da história empolgante que acontecia.
Passos apressados se fizeram ouvir, como os de alguém que ansiava chegar rapidamente ao destino a que se dirigia. Pelo toc-toc dos sapatos percebia-se serem de salto alto e consequentemente, de mulher.
Parou por uns instantes numa esquina, como que a espreitar, sem se fazer notar, ao ouvir o barulho de um trem. Esperou nervosamente sua passagem e atravessou a linha. Seus passos agora eram mais rápidos, como se quisesse recuperar o tempo perdido.
Seguiu pela Rua do Porto, tortuosa, escura e esburacada. Aquela noite sem luar estava
propícia para o que se propusera a fazer. Uma grande aliada! Após atravessar algumas esquinas úmidas e sombrias, chegou ao local que lhe haviam, sigilosamente, indicado.
Não era bem uma casa, mas algo parecido.Deparou-se frente a um barracão bastante surrado, meio fantasmagórico, mal iluminado por velas e lampiões.
Ficou assustada.Pensou em voltar, desistir de seu intuito, mas o motivo que a levara até ali era muito forte e resolveu continuar.
Olhou para os lados para certificar-se de não haver ninguém por perto e começou a bater palmas.
Uma figura excêntrica, trajando roupas exóticas e coloridas surgiu silenciosamente feito uma aparição. Escondia o rosto num véu, lembrando dançarina do Oriente Médio, deixando à mostra um par de olhos negros, grandes, belíssimos e um ventre bem torneado.
- Boa noite!disse-lhe Lígia.
A cigana fez um leve movimento com a cabeça, cumprimentando-a e estendeu o braço, apontando-lhe o local a que deveria se dirigir.
Ambas sentaram-se nas almofadas que havia ao redor de uma mesinha onde a misteriosa mulher, à luz de velas, começou a colocar cartas de um baralho sinistro, pedindo que Lígia escolhesse algumas. E assim ela o fez, sem tirar os olhos da bela cigana, agora sem o véu.
De repente, viu um largo sorriso em seus lábios, revelando dentes muito alvos e um canino revestido de ouro.
-Vejo imensa luz em seu destino!Seus sonhos serão realizados!Nada a afastará de seu grande amor.Somente a morte, após terem vivido longos anos de felicidade.
Em seguida, pegou a mão esquerda de Lígia :-Essa linha mais comprida da palma de sua mão vem comprovar o que lhe disse.
Lígia sentiu-se muito feliz e um alívio tomara conta de seu coração.Pagou a mulher, que já aguardava o pagamento pelo seu trabalho e retirou-se dali.
Eram vinte e três horas quando chegou à Avenida Coronel Alcântara, onde residia.Não ficava distante do local de onde viera.
Tirou as roupas, os sapatos, vestiu uma camisola branca e deitou-se, sem qualquer ruído, ao lado de Álvaro, seu marido, que roncava, dormindo profundamente.Apagou a luz do abajur e adormeceu logo em seguida, satisfeita com o que ouvira naquelas últimas horas.
Cássio a esperava no lugar de sempre, sem muito movimento de veículos e transeuntes.Final da Rua Vinte e Oito, local ideal para encontros clandestinos.Olhava seu relógio, pois, já passava das vinte horas, horário combinado por eles.

Lígia apontara na esquina, mais bonita que nunca, com um insinuante vestido preto colado ao corpo, ornamentado por um generoso decote, mostrando seu colo macio e branco e uma boa parte de seus seios.Deixava no ar um rastro de perfume francês.
Cássio a olhou com olhos de admiração e desejo.Saiu do carro e abriu a porta para que ela entrasse.
Partiram para um lugar retirado, onde pudessem conversar e namorar tranquilamente.
-Nada irá se opor a nós!As palavras da cigana foram convincentes.Seu misticismo é contundente.Não há como descrer.
Ele riu da credulidade infantil da amante, mas não proferiu qualquer palavra sobre o assunto.Preferia-a assim, crédula e feliz.
Cássio havia sido chamado ao gabinete de seu chefe. Esperava o elevador que demorou um bom tempo para chegar.Bateu à porta levemente e ouviu:-Pode entrar!
Álvaro girou sua poltrona e ficou frente a frente com seu assessor.Fumava um charuto cubano e fazia questão de soltar a fumaça em direção ao seu subalterno.
Este ficou um tanto constrangido, pois notou algo de diferente no ar. Pensou:-Será que ele descobriu tudo?
-Preciso resolver um problema da empresa, em São Paulo, e pela confiança inabalável que tenho em você, pela sua inegável competência, quero pedir-lhe que vá em meu lugar, pois tenho outros assuntos pendentes a resolver .
Deu uma pausa no falar para acender outro charuto.
Cássio jamais negaria esse pedido ao seu chefe e amigo, ainda mais pela consciência pesada que trazia, decorrente da traição amorosa com sua mulher.
-Conte comigo, Álvaro!Amanhã mesmo tentarei resolver isso.
Sentiu-se livre do mau presságio que o invadira.
Combinaram o horário da viagem, despediram-se e Cássio voltou para sua sala.
Lígia atendeu o telefone que tocava insistentemente.
-Olá, querida!Que tal irmos para São Paulo e termos uma semana somente para nós?
Do outro lado da linha, uma mulher pálida e trêmula, não sabia se chorava ou ria.
Ele a tranquilizou e até sugeriu uma desculpa ao marido.Ela diria que precisava visitar uma amiga de infância, em fase terminal de câncer, na cidade de Resende.
Bem, parecia que tudo conspirava a favor para que os amantes ficassem juntos por mais tempo e se amassem muito.
Poucas horas antes da viagem, Lígia fez um pedido ao Cássio:-Gostaria de agradecer à cigana por essa felicidade, que em grande parte, ela nos proporcionou, já que eu andava tão angustiada, acreditando numa possível desconfiança de meu marido.
Cássio colocou alguns obstáculos nessa idéia da amante, mas, se era para deixá-la mais feliz, concordou.
As horas passavam e Lígia não chegava. Preocupado, resolveu ir até lá. Já era noite e um chuvisco embaçava o vidro do carro, deixando-o impaciente. Parou próximo à linha do trem, para esperá-lo passar. Era um cargueiro que parecia não ter fim.
Finalmente, linha desimpedida! Acelerou o carro e chegou em frente ao barracão que sabia muito bem onde se localizava, graças às informações de Lígia.
Bateu palmas e ninguém apareceu. As velas acesas piscavam e os lampiões estavam apagados.
Resolveu entrar, na surdina. Pé ante pé...A cena que viu jamais sairia de sua mente. Abraçados sobre as almofadas, a bela cigana e Álvaro...e mais adiante, numa poça de sangue, o corpo sem vida de seu grande amor...Lígia!

(Carmen Lúcia)

Foto de Vadevino

VÍCIO MALDITO

Sai fumaça pela boca,
Também sai pelo nariz.
Se não fuma fica “loca”,
Não consegue ser feliz.

Dentadura amarelada,
E o hálito, então ...
Parece a baforada
Da boca dum dragão!

Fumaceia a sobrancelha,
Contamina a orelha,
O pulmão, o ambiente ...

Os olhos vão ardendo,
A “doença” vai comendo
Os órgãos da demente.

Foto de Edson Cumbane

Mocidade

Alto lá! Mocidade.
Alto aí! Juventude.

Mocidade, não sejas doidivanas.
Juventude, tenha atitude.

Vi, numa noite sombria, uma massa
inenumerável de jovens na esquina
jogando fora conversa e adrenalina.

Vi, passado algum tempo, num beco
estupefacto de facto, um moço
e uma moça abraçados e entrelaçados
em beijocas e carícias.

Vi, horas depois, numa ruela jovens
abraçando a fumaça da maconha
naturalmente e sem vergonha.
Alto lá e aí! Mocidade e Juventude.

Foto de Sirlei Passolongo

Retirante do Progresso

Na beira de uma estrada
Uma casinha de madeira
Lá vive um peão boiadeiro
Ali não se vê mais bois,
Não se vê pasto ou invernada.
Não se ouve mais o som do berrante
Que era a canção das madrugadas...
Mas de longe se ouve uma viola
Que a saudade do peão chora...

A poucos metros da velha casa
Um sarilho velho abandonado,
Uma paineira centenária
E um gasto arreio de gado;
Nos olhos do peão...
As marcas da sua história...
E de longe se ouve uma viola
Que a saudade do peão chora.

Ele relembra com saudades
Do quanto era puro o lugar,
A única fumaça que havia
Era da chaminé a assoprar
Avisando que era hora
De o rebanho ajuntar...
Mas de longe se ouve uma viola
Que a saudade do peão chora.

Ali não havia outros ruídos
Além dos pássaros cantadores
Não lhe faltava na mesa
O pão e o frango ao molho
Domingo ia à missa
Na Igreja do Nosso Senhor...
E agradecido sorria
As crias do gado reprodutor.

Mas longe se foram seus filhos
Na ilusão do progresso,
Depois foram os amigos
Atrás de um futuro incerto...
E a velha igrejinha, hoje está vazia
O asfalto corta a velha estrada...
O canavial queima à beira da casa,
E o som do berrante
Ele ouve apenas na memória...
Mas de longe se ouve uma viola
Que a saudade do peão chora.

(Sirlei L. Passolongo)

Direitos Reservados a Autora

Poesia inspirada no poema Mulher de Retirante.
Dedicado aos sertanejos do Sul.

Foto de DAVI CARTES ALVES

PROJETO DE INCENTIVO A LEITURA AS CRIANÇAS DO ENSINO FUNDAMENTAL ( Trabalho P/ Curso de Letras )

Projeto: A turma do Saci apareceu com novos livros por aqui!!

A Escola de Ensino Fundamental Darcy Ribeiro na pequena cidade de Caçapote - MG, na pessoa da sua Diretora Henriqueta Lisboa, bem como o Corpo Docente, preocupados com o desinteresse pela leitura das crianças de 1 a 4 séries, resolveu inovar através da proposta de um projeto audacioso.

Afinal:
Como estimular o interesse pela leitura nos alunos de primeira a quarta séries de Caçapote?

Aproveitando a Festa Anual do Milho e o grande interesse que desperta no publico e de um modo especial nas crianças, através de sugestão a Secretaria de Educação da cidade, e parcerias com a Cooperativa de Beneficiamento de Milho e Associação Comercial de Caçapote, pretende com esse projeto, incluir na feira, quiosques exclusivos para contadores de histórias , bem como a distribuição de livros infantis as crianças de 1 a 4 séries.

Atravéz do tema, A Turma do Saci apareceu com novos livros por aqui!! Que jogará luzes principalmente aos personagens de Monteiro Lobato, o projeto quer dar ênfase ao gosto pela leitura. É claro que o Visconde de Sabugora irá junto com o saci - perere, coordenar essa festa da leitura. Com uma boa medida de alegria e fantasia, os atores irão se fantasiar também de outros personagens, como os dos clássicos O Mágico de Oz, Alice no País das Maravilhas e Cinderela.

As atividades pró-leitura não se limitarão apenas aos quiosques da Feira, mas haverá apresentações itinerantes, em locais estratégicos como a Praça da cidade, a Fonte e a Estação Central da Maria Fumaça.

Já vislumbramos o alvoroço das crianças aos cachos em torno dos quiosques e a sua alegria se multiplicará ao receberem um exemplar novinho em folha de um saboroso livro de histórias infantis.

O mesmo projeto se estenderá a Feira do Abacaxi, e depois do término das Feiras, haverá a partir de então a sugestão de, na escola da cidade, em todo inicio do mês, o projeto da Turma do Saci ser realizado em caráter permanente, onde as crianças poderão narrar e encenar as histórias .

A diretora da escola em Caçapoti, Henriqueta Lisboa, citando o padrinho deste projeto, Monteiro Lobato, enfatiza:
“ Um país é feito de homens e livros”, em Caçapote queremos definitivamente lançar as sementes do gosto pela leitura nas crianças do ensino fundamental, para que nossa querida cidade do amanhã, possa usufruir a realidade de uma próspera e leitora Caçapote de homens e livros.

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