História

Foto de Rosamares da Maia

SÓ MULHERES

Só Mulheres

Transitam por vezes em anônimos rostos,
Seus espíritos em dimensões transitórias.
São estrelas de rotas improváveis, invisíveis,
Deixam seus rastros, perfumes e venenos,
Misturados, todos na mesma taça,
Sensualidade e beleza em situação fugitiva,
Vidas intransitivas e de magias eternas.
Mulheres, anônimas feiticeiras do cotidiano,
Somos mães, irmãs, tias, avós... amantes.
Profissionais, vidas singulares, nada fácil,
Todas de fascínio comuns e contraditórios.

Mulheres que hoje tomam o traço nas mãos,
Erguem a cabeça e veem além do horizonte.
Escrevam, reinventem a luta e a trajetória,
Contem a história que vocês quiserem contar.
Na taça, misturem os perfumes e os venenos.
Desenhem com firmeza os próximos passos.
Como rosas dos ventos, determinem a direção,
Estabeleçam rumos, o caminho não está perdido.
Demarquem com traços cartesianos o espaço.
Somos as feiticeiras do cotidiano, nós existimos
Multiplicamos, nós pensamos, ... realizamos

Rosamares da Maia

Foto de José Herménio Valério Gomes

CALEIROS OBREIROS DO ALENTEJO BRANCO

Hà uma história para contar
Que nos preencheria o dia inteiro
Tal Avenidas a apregoar
A àrdua realização dos Caleiros

Posteriormente tantas horas
Ou sucessivos dias a cozer
Do forno extrai a cal para fora
Para de seguida ir vender

De Monte em Povoação
( ÒLHÀ CÀL BÔA ) apregoando
Vestidos numa oração
Que os vai acompanhando

De volta no carro de macho`s
Traz um sorriso de esperança
Para trocar o habitual gaspacho
Numa refeição com mais abastança

Pelo caminho vem cantando
E nas mãos o lucro adquirido pelas arrobas
Que as senhoras vão caiando
De täo branco o Alentejo,terra das A©ordas

zehervago
( Ilustração) Tela cedida por Carlos Ganhão

Foto de José Herménio Valério Gomes

FRAGMENTOS DE UM SORRISO

Vestida de único Amor
Num corpo de poema
Sorriso de uma flor
Que num baile-vento acena

Acreditou no jogo adolescente
Traída pelo desejo ingênuo
De ser amada continuamente
Necessitando esquecer aquele inverno

Trocando de volta os sentimentos
A que tão errado se entregou
Perdendo-se num leve momento
Para sempre da verdade que amou

Hoje,ainda restam laivos na memória
Das trocas de dedos e olhares fitos
Que se amaram noutra história
E adormece agora num livro

A felicidade não a abandonou
Mas a vida deu-lhe outro curso
Como ela nunca o imaginou
Conter num coração adulto

Hoje ela vê as noites divergentes
Sem os mesmos dias floridos
O seu final feliz está ausente
Mas algures em fragmentos no seu sorriso...

zehervago

Foto de José Herménio Valério Gomes

NĀO TEM DEVOLUÇÃO

Como viver feliz
Num mundo que é nosso
Se não te tenho a ti
Quero-te tanto e não posso

Dizê-lo em voz alta
Que este Amor tão louco
Que anda pela rua descalça
E só poder vê-la é para mim tão pouco

Queria mudar o presente
Para além do passado
Termo-nos novamente
Como se nada tivesse mudado

Para a eternidade numa pose
À luz das estrelas por testemunhas
De um sentimento que nada move
Onde só o destino se opunha

As nossas vidas assim o serão
Uma história de Amor para sempre
Trilhos impossíveis nesta paixão
E nos marca a ferro tão quente...

zehervago

Foto de Arnault L. D.

Das muitas vidas

Pelas infindas possibilidades
de cada história preterida,
de cada plano inconcebido
no decorrer das idades
a nos erudir a vida.
nas quais volto sem ter vivido.

Da curva que troca de estrada
e perde-se noutra e avança,
nos roubando a direção,
que após vê-se desperdiçada.
Perdida em toda esperança
de retornar aquela mão.

Resto como um erro de curso,
um deslocado de onde estou.
Algo de mim caiu no caminho.
E não há nenhum recurso
que torne ao que se acabou.
Em canto distante definho.

Como seria se ficado
qual lágrima, riso e prazer?
Nunca saberei... nunca saberei.
Que teria sido, acontecido
se naquela vida eu fora viver
De onde foste e eu não fiquei.

Foto de José Herménio Valério Gomes

O ESTRANHO QUE VEIO PARA FICAR

Observo desde que existe vida
Acostada numa nau oriunda
Jà em outros mundos perseguida
Esta humanidade tão confusa

Desde jadis a meditar
Por um céu, sem reino a domicilio
Ultrapassando conflitos por terra e mares
Deixando neste morrer seus filhos

Asfixiando tudo quanto é vida
Num mundo pertença de todos
Deixando soletrar dor na ferida
Tão subito quanto fogo-posto

Num dos dias de mais vento
Que vai aproximando o presente
Escrevendo história o quanto lento
É este ser de vida inteligente

Que vê o inimigo nos seus semelhantes
Numa vanguarda desatualizada
Deixando entrar o estranho visitante
Que trouxe chave para uma porta trancada

Ele veio para exterminar a humanidade
E muda constantemente de rosto
Fazendo parecer a aldeia uma cidade
Que o medo deserta de todo

Mesmo face a este inimigo, que não de apenas um
Mas de todos os seres humanos
Que continuam com algo em comum
Obter o Santo Graal do tirano

Estando perante um tiro invisível
Na rua vacilam em dizer bom-dia
De moda no rosto irreconhecível
Até para os próximos da família

Sem data para um beijo, um abraço como antes
Restam a memória e o album de recordaçōes
Para recordar e estar menos distante
Parecendo num sorriso enviar saudaçōes

As làgrimas serāo o olhar e a voz
Entre uma meia-verdade que todos reclamam
Ou meio de comunicaçāo jà a sós
Para ocultar um adeus a quem amam....

Nestas palavras que nāo vou usar musa
Apenas me deixo embalar de caneta em māo
Como um rio quando o seu curso muda
Direçāo ao mar por escadas sem corrimāo.

José Herménio V.G

E o mundo nāo mais ser igual ,
como o conhecemos.

Foto de Rosamares da Maia

CRÔNICAS DA SAUDADE – Memoriando

CRÔNICAS DA SAUDADE – Memoriando
O olhar dela vaga perdido no horizonte tentando encontrar na memoria desencorajada os arquivos das lembranças do passado e nelas um rosto amigo. De repente, da nevoa branca, no fundo da sua cabeça, sai correndo um menino assustado, de joelho ralado e sangrando. O menino berra enquanto as lágrimas escorrem da carinha suja.
Chora pedindo abrigo, buscando socorro, mas também com medo do remédio. Grita:
- Não mãe! Mertiolate não!
Ela, meio do bem e meio do mal, presta socorro, mas, também se vinga das artes do menino, exercendo sua cura, meio feitiçaria - amor e castigo.
Novamente a memoria falha. Mais que droga! O olhar passeia por tempos intangíveis. Novamente ele, de capa e espada. Agora é Nacional Kid! Com bronquite e pneumonia. Meu Deus! Quanto trabalho deu este menino.
Confuso e atrapalhado, baixo rendimento escolar, aos saltos e empurrões, salvo de apanhar nas brigas compradas pela irmã, lá foi ele. Finalmente chegou lá, venceu a corrida do jeito que deu, um dia de cada vez. Trabalho, casamento. Quem diria! O menino do "patinete vermelho" virou gente grande, Homem. Gente muito complicada é claro.
A memoria apaga de novo, ou não. Quem sabe agora ela prefira pular certos pedaços da vida? Culpas à parte tinha tentado fazer o seu melhor, era o que podia e sabia fazer, o que tinha a oferecer. Ninguém consegue doar o que não tem.
Afinal de contas, um filho é produto de dois, portanto somente cinquenta por cento das culpas lhe cabiam e pecou sempre pelo excesso, das chineladas, correadas e das palavras. É somente pelo excesso, nunca pela omissão. Esta fazia parte dos outros cinquenta por cento.
Mas por onde andará nestas horas o menino? Não precisará de curativo nos joelhos?
De dentro da bruma densa da memória podia ouvir o silencio. Era tão profundo que doía. Vem sem passos, sem gritos, risos ou lágrimas. Nada!
Traída pelo confuso entendimento, esquecendo os complementos que encadeiam os elos da sua história, tristemente se questiona:
- Será que um dia houve mesmo este menino? Ou será que só imaginou?
Menino, menino, sou eu quem te digo - um dia ela vai se esquecer de você totalmente.
‘ Rosamares da Maia

Foto de SATURNNO

MARÉS DO FASCISMO

Ainda que eu fale tudo o que penso sobre a aparição dessa aberração política, o que sai da boca de Bolsonaro deveriam ser tiros pela culatra. O problema é que é isso mesmo, as pessoas estão apoiando o discurso dele.

Eu entendo a rejeição ao PT, por motivos óbvios, mas esse pleito mostrou que não se trata disso. Todos os outros candidatos do primeiro turno são disparadamente mais capazes e conhecedores das prerrogativas de um presidente da república, portanto não se trata apenas do voto útil pelo antipetismo, é muito mais grave. Apoiar Bolsonaro significa corroborar a descentralização da violência, do racismo, do armamentismo, do ódio, da misoginia, homofobia, machismo e de todos os outros preconceitos que acompanham os seus discursos.

O mais preocupante disso tudo é ver alguns educadores, intelectuais, pessoas com nível superior, endossando o discurso torpe de um sujeito tão ignorante e déspota quanto Bolsonaro. Hitler ficaria com inveja.

É muito grave ver pessoas instruídas, sobretudo educadores, vendarem os olhos e abraçarem para si essa causa fascista. A impressão que eu tenho é que os fantasmas dos livros de história saltaram para o presente, que os homens e mulheres "de bem" da Alemanha nazista estão entre nós. Apesar que muitos são apenas Latinos Nordestinos Fascistas, ridículos.

O político é refém do seu discurso, ainda que venha o trair posteriormente. Collor em 89 se elegeu com discursos maravilhosos, empolgantes, mensagens nacionalistas de paz e união. Já Bolsonaro inicia a escalada com discursos truculentos e preconceituosos, disfarçados de patriotismo. Nem o discurso inicial transmite uma mensagem humanitária. Essas eleições estão comprovando que talvez ainda não tenhamos passado pelos momentos mais tenebrosos da nossa história.

A prova disso é que Ciro Gomes tem todas as qualidades que os Eleitores de Bolsonaro dizem buscar em um candidato e ainda tem expertise notória para assumir a presidência. Se o discurso da honestidade e da moralidade fosse real, não teriam votado em Aécio em 2014 e Ciro Gomes teria sido eleito ou, ao menos, passado para o segundo turno em 2018. Mas não se trata disso. Trata-se de levar adiante um conceito que estava latente e agora veio à tona na primeira oportunidade.

Bolsonaro é um conceito que as pessoas reprimiam e escondiam por trás do politicamente correto, disfarçavam suas índoles nefastas. Agora esse conceito corre o risco de se tornar uma convenção social muito bem aceita.

A história já nos provou muita coisa, nos dá a chance de revermos nossos equívocos do passado para a construção de um futuro próspero e pacífico, mas as massas são burras, amnésicas e, o pior de tudo, só aprendem com seus próprios erros. Vivem em um movimento cíclico, avançando e retrocedendo como o vai e vem das marés.

(Prof. João F. Rodrigues)
09/10/2018

Foto de Siby

Nossa história

Faz tempo que nos conhecemos,
Sei que faço parte de sua história,
Onde tem alegria, perda e vitória,
É um livro que juntos escrevemos.

O final do livro nós desconhecemos,
Em contos de fada, sempre se viveria,
Felizes para sempre, que bom seria,
Doce ilusão de um livro que já lemos.

Com lindas flores o livro enfeitamos,
Que contém páginas com nossa história,
E os principais personagens nós somos.

Para recordar, o nosso livro abriremos,
E iremos ler nossas páginas da memória,
Com aventuras mil, que juntos vivemos.
(Siby)

Foto de Rosamares da Maia

CRÔNICAS DA SAUDADE – Doze Passos e uma Possibilidade de ser Feliz

Hoje bastou uma brisa fresca da manhã para me lembrar de ser feliz. É, um vento menino que refrigerou o corpo e a alma, enquanto eu fazia a tarefa simples e doméstica de lavar o quintal e molhar Umas poucas plantas urbanas e o meu toque rural de cajueiro. Certamente, como eu naquele momento, elas celebraram a água e o vento.
Fiquei pensando que as pessoas deveriam ter uma estrada com os doze passos da felicidade, para construir ao longo da vida. Claro que estas não seriam regras engessadas, afinal de contas somos todos diferentes e as semelhanças do Ser Humano param nesta redundante condição – o gênero humanidade. No mais, “O que seria do roxo se todos gostassem do amarelo?”.
Porém, delimitadas as razões das semelhanças e diferenças, acho que umas regrinhas para a busca da felicidade são básicas, como um pilar de sustentação das variedades e sutilezas de cada um, como por exemplo:
- 1 – Simplicidade: Aquela que nos faz curtir a brisa da manhã, como um presente que alivia o calor e acalma a alma, sem contestar as suas razões. Se haverá mais calor ou se ela trará chuva é pura e desnecessária especulação de quem não soube apreciar o benefício.
- 2 – Gratidão: Ser capaz de agradecer a Deus ou a força maior que você acredite que exista pela vida, mesmo diante de condições adversas. Saber que você é uma semente que desabrochou , anda, respira e pensa é magia Superior. E se você pensar nas outras sementes que germinam, lembre-se de elas ficam presas sob a terra, a menos que alguém as mova de lugar. Ainda assim, elas são gratas ao sol, a água e ao vento, benefícios do Criador.
- 3 – Competência Construtiva: Entender que você não está neste Mundo a passeio e tomar ciência do conjunto indispensável formado entre o Homem e a vida. As ferramentas com a qual Deus o dotou, – Mente e Mãos – são as primeiras realizadoras de obras, desde os mais primitivos tempos.
Você poderá perfeitamente me questionar, dizendo que a mente que cria pode alimentar a mão que destrói. A mão pode da maneira mais sórdida e cruel realizar as elucubrações da mente. Por certo que sim! Mas lembre-se que neste exato momento estou construindo os doze passos da felicidade e “o que seria do azul se todos gostassem do rosa?” – As divergências tá lembrado?
- 4 – Competência de Exercitar os Sonhos: Por que não apenas capacidade para sonhar? Porque apenas sonhar é tarefa dos simplórios, muito diferente do que é simples. Por exemplo: Eu sonho com o mar, o que não significa nadar ou navegar, jamais saberá como é toque da água quem não se dispuser a entrar nela, jamais sentirá a força do vento sobre as velas quem não colocar o barco na água e depois, o dourado do sol sobre a pele será um troféu a mais no conjunto. Lembre-se você é a semente que germinou e andou para realizar.
- 5 – Ser Destemido: A coragem também é a mola impulsionando a felicidade, ela nos incentiva a realizar e a coragem associada à simplicidade na construção dos sonhos já é uma grande conquista. A boa coragem dissipa as dúvidas atávicas da existência.
Boa coragem? Como é isto? Toda coragem não é boa? Não necessariamente! Como disse o filósofo, “Sei que nada sei”. É preciso ter coragem para viver e descobrir o que não se sabe, antes de empreender uma ação que pode ser desastrosa. Caminho para a infelicidade própria ou dos outros. A boa coragem nos leva ao caminho do aprendizado, depois o das escolhas e aí o das realizações. Boa coragem é saber que se pode até sangrar os pés nas pedras do caminho mais difícil, isto se não houver outra forma, mas, lá no horizonte haverá um balsamo perpétuo.
- 6 – Claridade e Leveza: Existe muito peso e escuridão por aí na história dos contraditórios, mas, este submundo que subjuga milhares de almas é insuportável, denso e frio. Olhar para o alto através das nuvens negras e ver o sol e/ou as estrelas, encher os pulmões de ar fresco quando o em condições de ar rarefeito é algo fantástico. Estas obviamente são imagens figuradas do dia a dia, dos problemas que enfrentamos e são ao mesmo tempo, chaves para soluções.
Deixa-me contar uma historinha breve: Tenho uma prima que é muito engraçada, apesar de viver uma vida de oportunidades e escolhas sofridas. Ela sempre nos faz rir, principalmente quando nos conta as suas noites de pesadelos. Ela é extremamente medrosa, mas, pelo menos para nós, ela não consegue colocar peso nestes medos. Você pode até achar que isto é uma maldade mossa, mas não é. Ela consegue tornar a própria tragédia em uma comédia. Tudo nos seus pesadelos vira uma grande trapalhada e, no auge do seu desespero, no clímax do pesadelo, surge em seu quarto uma porta. Por esta porta ela escapa, rola na grama verde sob um céu claro e azul. Em sua alma existem claridade e leveza suficientes para permitir que ela paire sobre o seu desespero com uma solução muito simples – a porta.
Na grande maioria das vezes para solucionarmos um problema, precisamos nos distanciar dele criando um novo olhar onde o desespero seja descartado para deixar fluir a inteligência. A criatividade nos permite a invenção de um viver que contorne o problema. Isto não é covardia, mas sobrevivência com bom humor, indispensável para que a nossa alma possa transcender o “lado negro da força”.
Acredito nestes seis conceitos como princípios básicos e comuns a todas as pessoas que pensem em trilhar a estrada da felicidade. Não como a estrada de tijolos dourados nos levará ao mundo de OZ. Não! Você constrói a sua estrada a cada passo, todos os dias e enquanto constrói é feliz até o final do caminho. Sacou? Então nada de Arco Iris e Pote de Ouro. É só a construção ao longo do caminho e o seu legado.
Você deve estar se perguntando: A maluca falou em doze passos, não falou? Vai ficar somente em seis?
Calma! Muita calma nesta história. Eu também falei em passos básicos, que na minha concepção devem ser comuns a todas as pessoas. No mais, fica a gosto do freguês, como um quebra cabeças. Você precisa descobrir os outros seis. É a sua primeira meta – a construção da sua chave. Marca pessoal, intransferível e diferenciada.
As minhas? Que tal: - 7 – Fidelidade aos ideais (traçar uma linha de princípios e trilhar sobre ela) ; - 8 – Competência para exercer o perdão; - 9 – Competência para reconhecer os erros e retroceder; - 10 – Competência para amar plenamente a si e ao outros; - 11- Competência para esquecer as mágoas e aprender com as dores, para seguir em frente; - 12 – Competência para entender que o Mundo acontece independente de você, mas que ele espera o melhor de você.
No mais, é vida, só vida que segue em frente.

Rosamares da Maia – Abril de 2017.

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