Janelas

Foto de Rosamares da Maia

RESSACA

Ressaca
A curva forte e sinuosa do vento
Saudava a saudade no meu corpo.
A força queria faze-me flutuar,
Mas sem qualquer legitimidade.

Quebrou o pudor das minhas saias,
Devassando a minha intimidade.
Nada mais tinha eu para esconder.
Nada havia para perder ou temer.

Mas em fuga corri, busquei abrigo,
Entre as paredes do sétimo andar.
Pelas janelas altas e esvoaçantes,
Divisei a silhueta do vento, o perigo.

Pude ver a vela que teimava no mar,
Presenciei sua força, o tolo destemor,
Levantaram-se ondas em espuma e sal.
Cova cavada na areia da praia.

Beleza destroçada pela tempestade.
Que sepultou a doce e frágil nau,
Junto com os despojos do meu amor.
Que se deitou na areia, só para morrer.

Rosamares da Maia 21/07/2020

Foto de Jorge Jacinto da Silva Junior

Algo como a Felicidade

Algo como a Felicidade

A Felicidade é algo que pode
Ocorrer quase que despercebida
Contudo, ela jamais vem tarde.
Nunca se faz em nós tardia.

Vem de simples detalhes.
Aquele da espinha arrepiar,
Um estranho frio na barriga,
Um sorriso espontâneo no olhar.

É a certeza do aguardado aproximar
Do mais lindo dos sonhos sem medo.
A vida com braços largos abraçar
Com carinho pleno e vivo aconchego.

É estar a debruçar nas janelas da alma,
E entender a verdade o quanto faz falta
Não perceber que é dentro de nós
Que a felicidade faz eterna morada.

Jorge Jacinto da Silva Jr.
jorge.jacinto@gmail.com

Foto de Jardim

chernobyl

1.
sons de violinos quebrados vinham das montanhas,
uivos de lobos noturnos,
varriam as imagens das imaculadas ninfas
enquanto se ouviam as vozes dos náufragos.
o príncipe das trevas desceu disfarçado de clown,
bailava num festim de sorrisos e sussurros.
a nuvem envolvia a cidade com seus círculos febris,
se dissolvia nas ruas em reflexos penetrantes,
coisa alguma nos rios, nada no ar e sua fúria
era como a de um deus rancoroso e vingativo.
a morte com seus remendos, oxítona e afiada,
distribuía cadáveres, penetrava nos ossos, na pele,
nos músculos, qualquer coisa amorfa,
alegoria da inutilidade das horas.
agora este é o reino de hades
os que um dia nasceram e sabiam que iam morrer
vislumbravam o brilho estéril do caos que agora
acontecia através del siglo, de la perpetuidad,
debaixo deste sol que desbota.
o tempo escorre pelos escombros,
o tempo escoa pelos entulhos de chernobyl.

2.
meu olhar percorre as ruas,
meus passos varrem a noite, ouço passos,
há um cheiro de sepultura sobre a terra úmida,
um beijo frio em cada boca, um riso
estéril mostrando os dentes brancos da morte.
não foram necessários fuzis ou metralhadoras.
mas ainda há pássaros
que sobrevoam as flores pútridas.
aqueles que ainda não nasceram são santos,
são anjos ao saudar a vida diante da desolação
sob este céu deus ex machna.
aos que creem no futuro
restaram sombras, arcanos, desejos furtados,
resta fugir.
uma nuvem de medo, ansiedade e incerteza
paira sobre o sarcófago de aço e concreto da usina.
asa silente marcando o tempo
que já não possuímos.
pripyat, natureza morta, vista através das janelas
de vidro dos edifícios abandonados
sob um sol pálido, ecos do que fomos
e do que iremos ser.
pripyat, ponto cego, cidade fantasma,
os bombeiros e suas luvas de borracha e botas
de couro como relojoeiros entre engrenagens
naquela manhã de abril, os corvos
seguem em contraponto seu caminho de cinzas
sob o céu de plutônio de chernobyl.

3.
e se abriram os sete selos e surgiram
os sete chifres da besta,
satélites vasculham este ponto à deriva, seu nome
não será esquecido, queimando em silêncio.
os quatro cavaleiros do apocalipse e seus cavalos
com suas patas de urânio anunciam
o inferno atômico semeando câncer
ou leucemia aos filhos do silêncio.
os cães de guerra ladram no canil
mostrando seus dentes enfileirados, feras famintas,
quimeras mostrando suas garras afiadas,
como aves de rapina, voando alto,
lambendo o horizonte, conquistando o infinito.
eis um mundo malfadado povoado por dragões,
a humanidade está presa numa corrente sem elo,
sem cadeado, enferrujada e consumida pela radiação.
vidas feitas de retalhos levadas pelo vento
como se fossem pó, soltas em um mundo descalço.
vidas errantes, como a luz que se perde no horizonte,
deixam rastros andantes, vidas cobertas de andrajos,
grotescas, vidas famintas e desgastadas,
que dormem
ao relento nas calçadas e que amanhecem úmidas
de orvalho, vidas de pessoas miseráveis,
criaturas infelizes, que só herdaram
seus próprios túmulos em chernobyl.

4.
mortífera substância poluente, complexa,
realeza desgastada que paira nos ares
da pálida, intranquila e fria ucrânia
envolta no redemoinho dos derrotados.
gotas de fel caindo das nuvens da amargura,
sobre a lama do desespero, sobre o vazio
da desilusão, no leito do último moribundo.
cacos, pedras, olhos mortiços, rastros cansados,
inúteis, o sol das estepes murchou as flores
que cultivávamos, descolorindo nossas faces.
seguem os pés árduos pisando a consciência
dos descaminhos emaranhados da estrada,
na balança que pesa a morte.
no peso das lágrimas, que marcaram o início da dor,
restos mortais, ossos ressecados, sem carne,
devorados pela radiação, almas penadas
no beco maldito dos condenados, herdeiros
da abominação, mensageiros da degradação,
horda de náufragos, legião de moribundos.
o crepúsculo trouxe o desalento e as trevas, a vida
agora é cinza do nada, são almas penadas que fazem
a viagem confusa dos vencidos em chernobyl.

5.
ainda ouvimos os gritos daqueles que tombaram,
e os nêutrons sobre a poeira fina dos vales,
os pés descalços sobre pedras pontiagudas,
ainda ouvimos o choro das pálidas crianças,
a fome, a sede e a dor,
o estrôncio-90, o iodo-131, o cesio-137.
vazios, silêncios ocos, perguntas sem respostas,
degraus infernais sobre sombras, rio de águas turvas,
quimera imunda de tanta desgraça,
fantasia desumana sem cor,
transportas tanto mal, conduzes a todos
para a aniquilação neste tempo em que nada sobra,
em que tudo é sombra, é sede, é fome, é regresso,
neste tempo em que tudo são trevas,
onde não há luz.
cruzes no cemitério, uma zona de sacrifício,
sob um céu sem nuvens,
a morte em seu ponto mutante.
no difícil cotidiano de um negro sonho,
restaram a floresta vermelha,
e os javalis radioativos de chernobyl.

Foto de Rosamares da Maia

O Circo de Dayse

O Circo de Dayse

Palhaço solitário deserdado, sem circo,
Faz da vida a piada, lona e picadeiro.
Malabarista por destino desengonçado,
Dribla a falta do cenário, ensaia e encena.

O seu texto? A comédia diária da sua vida.

Trapezista sobrevivente do dia a dia se atira,
Sem rede, com medo, sem prumo, sem rumo.
Em baixo o pesadelo na garganta dos leões.
Queda livre, pirueta ousada, abuso fatal.

Bem próximo de ser devorado, no quase,
Cai em sono profundo embalado no riso,
Ouve as gargalhadas das crianças. Dorme feliz.
Sonha com as peripécias da vida de palhaço

Salvação atrapalhada, de muitas trapalhadas.
Sonha com o seu quarto – O que nunca teve.
Vê janelas pintadas de azul, viradas para o sol.
Um quarto branco com duas amplas portas.

Uma a da entrada, a outra a salvação da saída.

Quando entra é Arlequim, dor e lágrimas,
Palhaço insosso e triste de um mundo que pesa.
Quando sai é palhaço da periferia, nome Alegria.
Canta, rola cambalhotas na grama verde.

Vê o céu, janela azul e irreverente faz careta,
Reverências para uma plateia que o espera.
...Senhoras e Senhores – Tam, taram, tam tam!,
Que rufem os tambores!

“E o Palhaço o que é?...Hoje tem sim senhor!”
Acorda! Vamos palhaço! O show é a vida.
E o espetáculo vai recomeçar.

Foto de Fernando Azamor

DE MAIS NINGUÉM.

Portas e janelas abertas,
Dia ensolarado, renovado,
Inspiração encontro em vc,
Palavras soltas, inquietas!

Pensamento constante, vibrante,
Tudo indica que seja amor,
Calmante, alucinante,
Um vai e vem, de mais ninguém!

Queria estar com você,
Aqui, agora, pra sempre,
Sem pressa, tô nessa,
Consciente, demente!

E que o dia não se acabe,
Se aquiete, perdure,
Estou em alerta,
Portas e janelas abertas!

Foto de leandro landim

Nem tudo é solidão

Nem tudo é solidão
Nem tudo é só partida
Se existe um coração
Há mais de uma vida

Nada é definitivo
Nada é irreversível
Se existe um objetivo
Pode se tornar possível

Existe alguém
Em algum lugar
Que vai te fazer bem
Que vai te amar

Não sei traduzir sentimentos
Com palavras belas
Mas posso sentir os momentos
E a luz do sol nas janelas.

Foto de Arnault L. D.

Agora que ela se foi

Agora que ela foi embora
e levou consigo a ventania,
posso as janelas todas abrir.
Posso perder a linha, a hora,
as cortinas, o vaso, o dia,
sei que nada vai do lugar cair.

Os papeis soltos na mesa,
a caneta e o caderno,
as folhas que não balançam.
O viver não tem surpresa,
calor verão, frio inverno.
Sonolenta é a paz da razão.

Mais nada a cobrar, ou pedir,
e a agenda livre... letargia
bom... vejo que tudo está bem.
Eu, inerte, não preciso ir.
A tarde vai na noite e esfria,
outro motivo algum não tem.

Tudo agora fez-se calmaria.
Eu temo: as inertes lápides,
d’onde o resto ao redor é além.
O ventar, que agora estia,
abandonando-me os revides
não mais se movimenta; estou bem.

Foto de Sirlei Passolongo

Vida

Há um lugar
Onde a gente se reencontra
sempre que acorda...
Respira. Tudo acontece.
Janelas se abrem.
O sol adentra a retina,
as flores desabrocham tímidas.
Acordam meninos e meninas,
anjos e mais anjos se aproximam,
simples assim. Enviados por Deus...
Cuidam de você, de mim.
Até que esse dia termine
e tudo comece outra vez.
Há um lugar... Chamado Vida
Que a gente só pode viver...
Hoje.

Sirlei L. Passolongo

Foto de Gil Camargos

Recomeço

“Para experimentar o novo, a atitude é banir o velho! Varrer os cacos dolorosos do passado. Trocar as cortinas embaçadas de lembranças tristes por tons fortes e coloridos de paixão e entusiasmo. Expulsar os fantasmas do medo, ansiedade e depressão que impendem a felicidade de se instalar. Abra as janelas da alma com sonhos e esperanças, aviste o horizonte de oportunidades, deixe a brisa da paz invadir seu interior. Esqueça os tropeços, invista no novo; novo caminho, novos projetos, novo jeito de viver deixe a vida acontecer naturalmente, abuse da coragem, da fé, da ousadia. Se dê a chance de um recomeço, então com passar dos dias perceberá sua história se transformando em dias de conquistas e alegrias”. Gil Camargos

Foto de José Herménio Valério Gomes

UMA VISÂO DA VERDADE NO SEU ROSTO

CUBO NEGRO
10 de Maio de 2011 às 14:11

Dentro da luz do dia

Que vai acordando vida na cidade

Apagam-se as luzes

Como stores corridos nas janelas

E então cai uma noite inesperada

Mal-vestida sem lua nem estrelas

Para nos abrir a inspiração neste mundo

È aqui que acontece um abraço

Numa invasão de tristeza

Que percorre as minhas ruas

Como num quarto trancado por fora

Sem moveis para derrubar

Na procura das paredes

Moro calçado nos passos que dou

Cruzando uma multidão de vizinhos

Nas avenidas forasteiras

Eu queria tanto neste momento

Ganhar uma razão para sorrir

Eu queria tanto

Ganhar um sorriso para mim

Legendado de branco

Que faria a minima luz

Neste CUBO NEGRO

Para eu ver e escrever

Naquela parede à direita da porta

Que não vou ligar mais aquele interruptor...............zehervago

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