Janelas

Foto de Carmen Lúcia

Flamboyant

Simplesmente ele veio,
Instalou-se em meu ser,
invadiu,tomou posse,
se tornou hospedeiro,
de meu corpo inteiro...

O horizonte se abriu,
libertando as cores,
explodindo os temores,
eclodindo os ardores,
implodindo os valores.

Nem dei conta do tempo,
fui deixando passar,
"Qual seria a estação?"
Me perdi nos caminhos,
Me encontrei na paixão!

Num cenário irreal,
O mesmo Flamboyant,
Mudou várias roupagens...
Se floriu sorrateiro,
Se tingiu de vermelho,
De laranja altaneiro,
Parecia sorrir....

Escancarei a vida,
Abri todas janelas,
Soprei minhas feridas,
Me despi dos pudores,
Quis viver...Fui feliz!!!

De repente...Que frio,
sensação de vazio,
percebi que era inverno...
Em qual parte do mundo?
Talvez dentro de mim...

Vi a porta entreaberta,
as pegadas de alerta,
e lá fora,caídas,
desabadas,sem vida,
as folhas do Flamboyant...
Que sombrio,vergado,
Solitário,solidário,
Lamentava a partida,
o prenúncio do fim.

(Tema:Solidão)

Foto de NuzzyII

Morada de uma poetisa!

Moro em uma casa
alicerçada em pedras de amor,
paredes feitas de sonhos,
Janelas de lágrimas e sorrisos,
telhado de fantansias...
mobilhada de tristezas que
ora são trocadas por alegrias,
Nesta casa não moro sozinha,
comigo mora a poesia que
é minha amiga confidente
a ela conto meus segredos
e segredos de outra gente.

Foto de Carmen Lúcia

O trem

Não quero saber das partidas,
Das idas sem vindas
Que vão e não vêm...
Causando transtornos e danos,
Levando os sonhos nas rodas de um trem.

Eu quero é ouvir seu apito,
Acenar com agito em cada estação...
Sorrir ao sentir a chegada
Daqueles que foram buscando emoção!

Quem dera poder ir embora,
Partindo com ele nos trilhos do além...
E ver nas janelas,lá fora,
O tempo ficando distante de mim...

Já ouço o trem apitando
Na linha da vida,sem rumo,enfim...
Será que está indo ou chegando,
Trazendo ou levando,o começo ou o fim???

Foto de Lou Poulit

Poulit em Versos

Quando eu era adolescente, meu pai incentivava os filhos a estudarem, para as provas finas, usando uma estratégia muito sedutora: Me diga o que quer ganhar no fim do ano, se for aprovado em lhe dou. Era um tal de estudar como nunca antes. Em certa ocasião meu irmão Aristeu, tratado por Teco, um ano mais novo que eu e hoje arquiteto, pediu um violão, de verdade, e se comprometeu a estudar para passar de ano. O Velho achou que ele poderia ter escolhido uma coisa mais apropriada a um garoto de 12 anos, mas não deixaria de cumprir sua parte no trato. Pois bem, o Teco passou de ano fácil.

Numa noite, chegando das minhas amadas peladas em rua de paralelepípedos, ou das caronas, pendurado nos estribos dos bondes, até hoje tradicionais do bairro Santa Teresa, morro contíguo ao centro do Rio de Janeiro, entrei em casa todo suado e sujo. Eu amava, mas minha mãe detestava isso: Direto pro banho, menino! Não encosta em nada! Como eu adorava esportes. Sentir o corpo suado, o corpo-a-corpo às vezes perigoso das peladas. Gostava de sentir o limite dos músculos, de ser íntimo da dor física controlada. Jogávamos mesmo à noite, a luz tênue dos postes distantes, ainda do tipo incandescente, refletindo nas pedras do calçamento. Que saudade da minha meninice... Bem, então voltando ao violão, entrei em casa e dei de frente com ele em cima da cama do meu irmão.

Fiquei fascinado. Era lindo e novinho em folha, brilhava demais. De boa marca e corpo grande, era até algo desproporcional para meu irmão. O velho não fizera por menos, mas era seu jeito. Era calado, emburrado em casa, gastava dinheiro nas farras, porém nunca foi sovina com os filhos. Não resisti à tentação e peguei o violão para experimentar. O som era bem mais alto do que o dos violões que conhecia, e chamou a atenção do Teco, que logo apareceu. Reconhecendo-me suado, devolvi o instrumento ao seu dono. Afinal de contas, eu também havia passado de ano.

Começaram as aulas de acompanhamento, os primeiros acordes, mas também logo vieram as primeiras bolhas na ponta dos dedos. Meu irmão não superou essa fase e em alguns poucos meses, o violão já havia ganho um lugar escondidinho para ficar, entre o guarda-roupas e a parede, no canto quarto. Ficou ali por vários meses. Um dia, vendo-o ali abandonado, tornei a pegá-lo e me assustei quando ouvi algo cair no chão. Despencado sobre os tacos de madeira clara, estava um livreto que me apressei em pegar do chão. Era um Método Prático Para Violão e Guitarra. Folheando-o compreendi que eram cifras para acompanhamento. Foi um momento mágico. Não pude naquele momento imaginar, que era apenas um pequeno instante, o despertar de um amor que me acompanharia, uma emoção que se repetiria pelo resto da vida.

Lendo o método, exercitando e, principalmente, observando alguns colegas que já sabiam tocar mais que eu, em pouco tempo já sabia o básico de acompanhamento e já me arriscava em solos iniciais. Gostava tanto que suportei as bolhas. Como bom aqüariano, não me contentava em tocar e cantar as músicas da moda. Com pouquíssimo tempo de aprendizado, já fazia minhas primeiras composições, ainda muito simples e com letras ingênuas. Mas era nisso que queria chegar desde o início desse texto: o violão me levou a começar a compor letras. Na escola, minhas notas em Português (na época se dizia Linguagem) eram sempre as mais baixas, detestava. Que ironia, hoje amo escrever.

Embora adolescente, muito novo e sem experiência de vida, quando escrevia letras para as minhas músicas (compunha ambas ao mesmo tempo) tinha a sensação plena de ter domínio sobre o que escrevia. E vivenciava aquelas emoções de verdade, sem tê-las jamais experimentado. Os adultos da família não entendiam bem. Mas nunca me senti inseguro. Era como se eu já soubesse fazer aquilo há muito tempo. Vejam como, com cerca de catorze anos ainda, eu me via “grande”, até pretensioso, nessa letra que pertence à minha primeira composição:

“Vida, vida minha
Não te perdoarei jamais
Por ter levado o molequinho...
Isso não se faz”.

Ora, eu me esqueci de que ainda não era mais que um moleque! Embora já andasse com mania de ralador, não tinha ainda tramas de amor para contar. Mas vejam o tipo de sentimento implícito nessa outra letra, da mesma época ou pouco mais:

“Vou partir
Pra bem longe
Vou-me embora
Deixo aqui meu coração
Minha casa, meu portão.

Ah, se um dia
Eu pudesse voltar
Eu iria ver de novo
Minha terra, meu lugar
E os meus tempos de criança
Poderia recordar”.

Alguns anos depois, pela primeira vez na vida senti a receptividade de pessoas que não eram familiares. Me inscrevi, por exigência de um grupo de amigos, num festival escolar de música. Escolhemos juntos quatro músicas minhas. Aquela que mais gostávamos foi apresentada pelo grupo todo, mas estávamos tremendo demais para tocar e cantar no palco improvisado. Os jurados não ouviram nada e “Santa Terra” foi desclassificada. Vendo minha tristeza, uma jurada, professora de inglês, veio me explicar o critério utilizado diante da dificuldade de julgar. E nesse dia aprendi a amar e odiar os critérios.

Porém, como reaprenderia em muitas outras ocasiões futuras, a tristeza dá sentido à alegria, assim como as sombras à luz. Com as três músicas restantes, que apresentei sozinho, voz e violão, consegui o segundo (Vou Partir), o terceiro e o quinto lugares do festival. Não obtive o primeiro lugar, mas os prêmios foram pagos em dinheiro e voltei pra casa rico, considerando a situação financeira da época. Mais rico do que o vencedor, que tinha uma música belíssima.

Os anos vieram e a vida mudou muitas vezes. Os campeonatos estaduais de vôlei, o trabalho, a faculdade, o casamento e o descasamento, a vida é uma sucessão de sonhos e pesadelos. Mas também uma grande escola e isso se reflete no produto do artista. A poesia seguinte na verdade é letra de uma música, composta no anos noventa. Sempre fui um apaixonado pelas manhãs. Em uma prosa cheguei a afirmar que elas também foram feitas à imagem e semelhança do criador. Tendo que recomeçar minha vida, tornei-me um amante ainda mais apaixonado pelas manhãs, a ponto de amalgamar as minhas amadas e as “Nossas Manhãs”:

“Porque são as manhãs
tão humildes manhãs
Saram o que as noites cortam
Lavam, abortam estrelas vãs
Vem, que me desperta
Essa rosa madura
Sob a renda flerta
Captura o meu instinto, vem
Me joga no orvalho do jardim.

Vem de mim por ruas dormidas
Que dores banidas
Não despertarão tão cedo
E ninguém contará a ninguém
Que ainda tenho medo
Porque são as manhãs
Tão humildes manhãs.

Porque são as manhãs
Tão lúcidas manhãs
No estreito vão da janela
Um corpo que foi meu se esfarela
Num rastro distante
Guardo os pássaros no peito claro
Ardo e perto me declaro amante
Vestindo as chamas
Que restam das velas
Dançando com elas beijo
Beijo e protejo o seu despertar.

São nossas primícias, nossas milícias
Cavalgadas e reconquistas
Quando o sol entrar pelas janelas
Jamais sairá nas revistas
Mas são nossas manhãs
As mais belas manhãs
As mais belas manhãs”.

Não considero que esse texto tenha esgotado o assunto. Gostei da idéia de mostrar poemas e letras de músicas como pedaços pedaçudos de uma sopa auto-biográfica. Creio que aqueles que tenham gostado poderão esperar mais.

Foto de jeffersonjqueiroz

Nossas tardes

Voam as roupas
fechamos as janelas
O ritmo frenético
dos corpos
produz a trilha sonora
de que precisamos.
A cama mal parafusada,
os tapas carinhosos
e os palavrões estrondosos
avisam aos vizinhos que nos amamos

(Penhoro minha alma
e adentro em sua
taverna.
Sou apenas boca e
mordidas nestas horas.)

Lhe juro que
sou somente seu
e
que são só suas mãos
que me tocam
por todos os lados possíveis

E na sintonia de gemidos e
tremores
nossos corpos
nossos sabores
avisam que terminamos
exatamente ao mesmo
tempo.

Caimos na cama
eu por cima de ti
você com a cara
no travesseiro
sentindo a paz
dos mortos

Mas basta um sorriso
seu
para meu corpo
explodir
E novamente
o mundo
deixar de existir

Foto de fer.car

POR ESTA JANELA

Por esta janela vejo sorrisos soltos, abraços apertados
Vejo a brisa fresca tocando a face, e o amor em cada palavra dita
Mas de repente olho para estes cantos vazios, esta poeira sobre os móveis
Vejo tanta saudade estampada em cada retrato, em cada poema escrito
Por esta janela vejo crianças amparadas no colo de seus pais
Pessoas com o olhar perdido a procura de algo, ou apenas admirando uma paisagem
Neste momento acredito que estou só, porque nem eu mesma sei o que anseio
Nesta janela avisto um mundo ainda a ser conquistado
tantas idéias, projetos, e um vazio ás vezes no peito
Um vazio porque me falta algo além do que já tenho, do que já sou
Falta-me aquele que irá me deixar flutuando depois de uma dia estressante
falta-me a gargalhada sadia depois de uma piada bem contada
falta-me acreditar que a pessoa que eu amo saberá me fazer feliz
Por esta janela vejo lágrimas disperdiçadas e palavras descarregadas num grito de dor
E um sentimento cruel, doloroso que crava espinhos n'alma
Por que um anjo ainda não apareceu em minha vida?
Por que esta janela mostra que existe tanta vida ainda para ser vivida
E aqui dentro é pura solidão? Pura tortura?
Quando me torno mais fria que o pior ser humano
E me faço cega diante de demonstrações de amor
Porque para sempre achava que não mais amaria outro...
Por esta janela vejo que muito se sentiu, muito se chorou, muito se amou
Por esta janela ainda imagino dois destinos, um final
Uma união, uma espera, quem sabe uma perda
Por esta janela, tenho o sentimento do mundo
E por ela sinto o amor pulsando em meu corpo
Que janelas se fechem, outras se abrem
Não existe amor insubstituível,
Nem uma vida para ser calcada num único amor
Amores vem e vão
O que me faz viva é acreditar
Que amanhã por esta mesma janela
que um dia se fechou, hoje se abre para mais um dia viver...

Foto de Jorgejb

Do lado de cá

Percorro a cidade
num passo novo,
de mudança
para o outro
lado da vida.
Bares e estátuas
iluminadas,
roseiras novas
florindo
nas janelas,
crianças rindo
sonhos que lembram
a vida.
Deste lado de cá,
és tu
de mãos dadas
com o meu
tempo,
abrindo-me
a porta
estendendo a mão.
Uma fonte fresca
cheira a nuvens
rasgadas,
à urgência de amar
sempre -
- sempre mais.
É manhã, meu amor,
o Sol entra na janela
e acordo-te com um beijo.
Vale a pena abrir
os olhos -
nos braços um do outro -
nunca vai chegar
a madrugada.

Foto de Karine K.

Intermitente

Eu me componho ao repensar
como um sopro celeste imaterial
uso as cinzas pálidos temores
e as cores das cartelas de aquarelas idílicas
Eu deixo morrer minhas mentiras sovinas
bem debaixo dos jardins das janelas
assim, meus lírios nascem brancos e puros
em terra regada pelo orvalho matino
Minha forma declamada entona
como pesadelo épico na cabeça de um príncipe
O disforme véu que se faz de traje
acompanha-me para ver os zunidos do precipício
de onde olhares se despontam
a indagar a cor do meu vestido.

Foto de Nennika

Frestas...

Já não vejo portas se abrirem
Ou mesmo janelas entreabertas...
Apenas poucas frestas de uma velha passagem,
Onde sonhos foram secretamente desenhados...
Frestas que trazem de volta inesquecíveis momentos,
Rompendo o silencio frio da solidão
Amenizando dores e inquietações
No afago de minha alma...
Cogitando assim... uma possível volta...
Insana espera a me iludir
Sustentando falsas expectativas
Condicionando-me a migalhas de atenção
Obrigando-me a essa infindável espera...

Foto de Sirlei Passolongo

È Hora de Recomeçar!

Já se pode ver pelas frestas
Uma nova luz brilhar
Já se pode ouvir a festa
2007 pede licença
Pra entrar.

É hora
Da esperança renascer
Do sonho reacender
Da fé em tempos melhores
Tomar conta do nosso ser

As janelas de um tempo
Estão para se fechar
Já se abrem as portas
Do novo tempo
Que está para chegar

É hora
De agradecer o ano velho
Dar as mãos com muita fé
Deixar mágoas para trás
O coração renovar
Pedir saúde, amor e paz.

É hora de dar as mãos
Num desejo de amor
Ao amigo, ao irmão!
Pedir a Deus proteção,
Com a força do
Coração !
(Sirlei L. Passolongo)

Feliz 2007!

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