Lixo

Foto de Carmen Vervloet

ÁGUA - ESSÊNCIA DA VIDA

ÁGUA – ESSÊNCIA DA VIDA

Em louco acometimento...
O homem
Esmaga a esperança...
Sem dó... Nem sentimento...
Polui as cristalinas
Doces águas da vida...
Invalida
A decência
Na sua demência...
Não ouve o pedido
De clemência
Das agonizantes águas
Cheias de mágoa...
Existência...
Essência...
Sopro da terra...
Em guerra
Com poluentes...
Rios doentes...
Com lixo...
Esguichos
De loucura...
Tortura...
Com esgotos que adentram
Ao seu leito...
Triste pleito!
Levando saúde...
Sonhos... Vida...
Deixando o planeta
Sem saída...
Apagando em trevas
Um futuro risonho...
Matando a mão armada...
Águas esparramadas...
Poluídas... Perdidas...
Na terra ressentida...
Que grita por
VIDA!

Carmen Vervloet

Foto de Gideon

O doutor, o carroceiro e a joça (conto)

-Bela paisagem, Zé…
-É sim doutor
-A gente até esquece que é da cidade…
-Pois é, doutor
-Zé, você nasceu aqui mesmo?
-Sim, doutor

-É Zé, eu sou da cidade grande, vida agitada…
-Hum… Cidade grande…
-A gente cresce no meio dos carros, dos prédios, do lixo, até esquece que existe isso aqui, bem perto…
-É, doutor…

-Tá balançando muito aí, doutor?
-Um pouco, mas dá pra levar. É tudo muito gostoso, a natureza, essa carroça…
-Pois é Zé, eu vou trabalhar… Ainda bem que é aqui.. nesse paraíso…
Dá prazer vir ver as pessoas doentes aqui… Elas parecem conformadas com a sina…
Na cidade, Zé, as pessoas brigam com a gente dentro do consultório…
-É mesmo, doutor?
Brigam assim, por nada?
-Mais ou menos. Reclamam que a gente faz a receita sem mesmo olhar para eles…
Às vezes querem que a gente atenda aos conhecidos usando o seu plano de saúde, enfim…

-Belo pássaro aquele, Zé…
-Cambaxirra, doutor…
-Cam-ba-xir-ra.. Nome estranho e diferente. De onde deve ter surgido esse nome?
-Sei não, doutor, sei que é Cambaxirra desde que eu era menino…
-Bela égua, a sua, Zé…
-É Betinha, doutor. Ganhei ela quando inda era potra. Antunes da Bigorna me deu… Era dívida de uns carretos de pai que ele devia….
-E você a criou assim tão bela…
-Foi nosso Senhor, doutor, eu apenas dei sal grosso com capim… Ela ficou bonita pela natureza mesmo…

* * *

-Deixa ver Zé, quem sabe ela levanta agora!
Êpa, levanta eguinha, vamos lá…
-“Dianta” não, doutor, acho que ela bateu as botas…
O senhor é doutor, poderia ouvir o coraçãozinho dela…
-Deixa ver, Zé, vou botar o ouvido aqui, perto do coração…
-Não doutor, ponha aquela joça, que fica pendurada aí na orelha…
-Ah, sim, o estetoscópio! Não Zé, acho que não adianta no corpo de uma égua…
-Mas doutor, ela não tem coração?
-Tem, Zé…
-Ela não respira?
-Sim, Zé, respira…
-Pois então, tasca essa joça logo no peito dela e ouve se ainda vive…
-Para quê Zé? Não tenho remédios aqui nem tempo para esperá-la melhorar…
-Não, doutor, é que se ela inda tiver viva, eu rezo para São Francisco de Assis e ela vive..
-Ah, sim, Zé. Você tem razão, vou ouvir o coração dela então…

Quem diria, eu, um médico aqui ouvindo o coração da égua com meu estetoscópio, nesse fim do mundo !!!

* * *

-Até a próxima, Zé.
-Té mais ver, Doutor e brigado pela Betinha!
-Se ela deitar, Zé, é só tascar a joça no peito dela e rezar para São Francisco de Assis.
-Tá bom Doutor, brigado pela joça.

Foto de Osmar Fernandes

Vivo é vivo e morto é morto?

Viajo no meu passado e procuro mexer nas incertezas contemporâneas.
Procuro entender as lógicas filosóficas, e nada... e tudo... confuso.
Sou a ignorância presente e o espetáculo de vidas passadas... Correndo atrás de certezas inexistentes paro, canso, continuo; sei lá!... Busco o futuro louco... Mas, que futuro! Se eu vivo somente o presente?
Vou levando a vida e a cada instante me sinto um macaco de gravata.
"Tudo, e nada..."

Viver para morrer mais sabiamente... Não tem légica... tem?
Sei que ao nascermos, começamos a morrer... Então, para que morrermos? Se um dia vamos renascer de novo... Então, vivo é vivo, e morto não existe?! Ou, vivo é vivo e morto é morto?
Sou inteligente, complexo, duvidoso, perplexo, e busco entender o que não sei, para tentar compreender o que significa tudo isso. Não sei se sou lixo ou luxo ou material reciclável... Apenas sei que tudo é mutável.
Tenho que pagar pecados antes de nascer, e morrer antes de viver.

Osmar Soares Fernandes

Foto de HELDER-DUARTE

Depois

Eu sei, que depois de morrer,
Terei valor e serei louvado.
E também amado e pranteado.
Nesse tempo terei, esse merecer.

Meus poemas, serão lidos!
E muito queridos…
Mas agora não!...
Não o são! Não o são!...

Agora sou o lixo do mundo!
E da «Eclésia» pois…
O mais imundo!

Mas depois ! Depois! Não!
Não! Meus poemas serão publicados, depois.
Porque afinal, eu era de Deus, então!...

Foto de Carmen Lúcia

Viaduto (in memoriam)

Nível divisório (e ilusório) entre dois mundos,
Que não se encontram, mesmo perto, sempre juntos,
Realidades paralelas, não se cruzam, se recusam,
A apoteose e o apocalipse, a discrepância, a discordância.

Em cima o sol, a passarela, a vida bela,
Poder sonhar, a ostentação, a ambição.
Embaixo a escória, restos de vida, degradação,
O submundo, o escracho, a solidão.

No alto, a vida indo ao encontro do sucesso;
Debaixo, escorrendo ao retrocesso.
Passa o burguês, indiferente à desigualdade,
E indiferente, o indigente...o que perdeu a identidade.

Muitos despencam lá de cima, lá do luxo,
Feitos suicidas, enclausurados pela dor...
Sombras que assombram, que retratam o desamor
São bichos-homens, vira-latas, degustam lixo.

E permanece lá em cima, a indiferença.
Todo o glamour, a arrogância, a burguesia,
E os maltrapilhos, recolhidos, embevecidos,
Com os out doors, os pisca-piscas...Zombaria!

Até quando esse cenário revoltante?
Só se aproximam pra tirar fotografias,
Virar manchete nas colunas de jornais,
Tão cordiais com tais problemas sociais!
E as soluções? Ora, quanta hipocrisia!

Quando acolhido pelo abraço maternal
E acarinhado pela morte, o indigente,
Seu corpo jaz, caído ao chão, sobre um jornal,
Do pedestal (aí se cruzam), a sociedade
Vem dissecá-lo para o bem da Humanidade.

(Carmen Lúcia)

Obs:Já havia postado essa poesia, mas não a encontro.

Foto de Osmar Fernandes

socorro

Tô com medo de morrer
tô vivendo por acaso
Tenho medo de sair
Não quero ficar aqui
Minha casa não tem muros
A internet está cheia de espiões
Minha vida não tem seguro
A rua é pura insegurança
Tenho medo de paixões
O mundo perdeu sua criança
O passado eu me esqueci
Meu presente é cheio de grilos
O futuro tá esquisito
Tenho medo de morrer
Tenho pavor de ficar sozinho
Tenho pânico de multidão
É gente roubando gente
Criança furtando velho
Adulto vendendo cão
Meu direito tá no prego
O mundo tá perdendo a cabeça
O sonho não tem mais juízo
Tá faltando comida na mesa
Tudo tá no prejuízo
Tô gritando no meu silêncio
To no silêncio do meu grito
É lixo pra todo lado
É conta sem pagar
Todo mundo só fala de problema
Aonde isso vai parar
A hipocrisia anda solta
O santo tá num dilema
Anjos perdendo asas
Asas ficando sem vôos
Tô na rua, to sem casa
Já nem sei se me perdôo
Tá todo mundo doido
Tô pedindo por socorro,
Soooooocorro...

Foto de myrian

Tempo

Vou dar um tempo
Tenho corrido muito
Buscado tanto

Percorrido caminhos
Ora empedrado,
Ora um gramado,

Tenho sentido a brisa,
Algumas vezes o luar
Mostra seu rosto,

Outras vezes o céu
Chora quando eu passo,
Algumas vezes a estrada
Abre um caminho de flores

Outras vezes o rio
Transborda pelo lixo
Encalhado nas curvas.

Quero dar um tempo
Em minha busca,
O tempo dos sábios,
O tempo dos tolos.

Myrian Benatti

Foto de Cris Labat

Nada Mais

Nada mais me importa
Teus pedidos
Tuas declarações
Tuas desculpas

Tudo foi pro lixo, assim como meu sentimento por você.

Foto de diana sad

sorriso interior

Vou ironizar meu próprio cansaço
Rir de todos os abusos cometidos
ás leís do mundo
O antigo mundo
Que existia essas mesmas feridas
A diferença era como se doía
Vou deitar e sentir o cheiro sinistro dessas velas
Para o mundo novo
A consagração de tudo o que é lixo
Nossa receita esperar a poeira baixar
Como se nada agredisse a mística da nossa "doce" rotina

Meu sorriso interior
Quardo no meu peito sofredor
Escondo de mim mesma minhas armas
Meu sorriso interior
Que morreu de tanta dor
Meu sorriso interior
Que canta metáforas imbecís
Para esquecer de tudo que é tristeza
e lembrar que é feliz...

Entrar na querra e vencer
Inimigo declarado pode estar do seu lado
Bate o martelo
O júri é rigoroso e sério
Muitas vezes você nem sabe como se defender
E o teu sangue na primeira página
Você se resumi a nada
Mais um para estatística
Não sei mais doque vale nossa vida!

p.s: inspirado no poema de cruz e souza, "sorriso interior"

Foto de diana sad

sorriso interior

Vou ironizar meu próprio cansaço
Rir de todos os abusos cometidos
ás leís do mundo
O antigo mundo
Que existia essas mesmas feridas
A diferença era como se doía
Vou deitar e sentir o cheiro sinistro dessas velas
Para o mundo novo
A consagração de tudo o que é lixo
Nossa receita esperar a poeira baixar
Como se nada agredisse a mística da nossa "doce" rotina

Meu sorriso interior
Quardo no meu peito sofredor
Escondo de mim mesma minhas armas
Meu sorriso interior
Que morreu de tanta dor
Meu sorriso interior
Que canta metáforas imbecís
Para esquecer de tudo que é tristeza
e lembrar que é feliz...

Entrar na querra e vencer
Inimigo declarado pode estar do seu lado
Bate o martelo
O júri é rigoroso e sério
Muitas vezes você nem sabe como se defender
E o teu sangue na primeira página
Você se resumi a nada
Mais um para estatística
Não sei mais doque vale nossa vida!

p.s: inspirado no poema de cruz e souza, "sorriso interior"

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