Longe

Foto de Gil Camargos

JOGO DA VIDA

“No jogo da vida, não há prorrogação, cada minuto em campo é precioso, exige muita ação. Entre nesse jogo para ser vencedor, seja o artilheiro de cada partida, domine a bola das dificuldades, drible os problemas com fé e agilidade, chute para longe toda maldade, tristeza, ingratidão, agressividade, evite as faltas, elas atrasam jogo, colocando em risco sua vitória. Seja um zagueiro atento, impeça o ataque do inimigo, crie barreiras com verdade e otimismo, concentre-se, a vitória é daqueles que acreditam, lutam, persistem."
Gil Camargos

Foto de Paulo Gondim

Algoz

ALGOZ
Paulo Gondim
13/04/2014

O que me resta agora, senão o tempo
Esse mesmo tempo impiedoso, lento
Que me espreita de noite e dia
No seu caminhar de forma fria

E na solidão de minh’alma vazia
No abandono dessa fantasia
Lá está ele, o tempo, como algoz
Cobrando o resto que ficou de nós

Como rio sujo que mancha a foz
A saudade do que fomos a sós
Deságua em mim e me enche peito
Da certeza de um amor desfeito

E assim, o tempo me diz não ter mais jeito
Sem ver outra saída, digo a ele que aceito
Embora ao longe ouça sempre tua voz
Espero o tempo levar o que restou de nós

Foto de pétala rosa

NOITE DE ESTRELAS

NOITE DE ESTRELAS

Dancei!!
A valsa nas estrelas dos teus beijos
na ternura das pétalas aveludadas duma textura
inigualável.

Dancei em espaços astrais de todas as formas
e brilhos.

Ao som do pensamento e das tuas divinas palavras
dancei, rodopiei, vivi, amei.

Chamei a rosa, despertando para a felicidade dum jogo
dum misterio, de glórias merecidas.

Chamei a paixão, nas nuvens brancas, na tua pele
na boca do beijo.

Vivemos num paraíso perdido, num suspiro de liberdade,
na minha alma carente de luz.

A minha alma deseja o impossível
e...o impossível és tu.

Oh! poeta,
Oh! desejo esquecido na mudança dum beijo, no cheiro duma vela rubra.

Ontem a minha alma cresceu em todos os horizontes, ela é livre,
amada, é ilimitada no desejo de ser feliz...

Em todos os caminhos irei procurar-te, ver-te lá longe onde
o meu beijo te suplique uma espera desordenadamente longínqua.

Seremos somente um, olhando o mesmo mundo
o mesmo infinito...
Infinitamente, eu queria amar-te poeta...

Amália LOPES

2009

Foto de Siby

É outono...

Agora é outono...
Muitas folhas amarelecidas,
Esparramadas, na terra caídas,
Sol suavizando, clima ameno.

Muitas árvores se despem,
Da sua roupagem amarela,
Numa bela nudez singela,
Natural, que só elas tem.

Nos pomares dos quintais e sítios,
Muitas frutas, delicioso alimento,
Para os pássaros o seu sustento,
Saciam-se entre alegres gorjeios.

Assim gira a terra numa eterna mutação,
Seguem-se os dias de outono aqui,
E longe, a primavera se sucede ali,
São sabores e cores em cada estação.

Foto de Paulo Gondim

Busca

BUSCA
Paulo Gondim
06.03.2014

Se me procurares nas ruas, talvez não me encontres
Apesar de lá, ter sido deixado por teu coração
Como restos de sonhos que não se sonham mais

Se me procurares nas estrelas, elas estão muito longe
Certamente, não vais me encontrar; nelas não há mais brilho
O mesmo brilho que havia em teus olhos, quando me viam

Se me buscares no mar, as velas já saíram do cais
Busca-me na tua lembrança, na tua saudade fria
Nos teus ais, nas sobras de nossa tão bela fantasia

Foto de Arnault L. D.

O sabor da tempestade

Foi durante uma tempestade,
o mundo, louco, em turbilhão
fazendo das coisas brinquedo
e mais difusa a realidade.
Se abrigo, ou prisão, sim e não,
a buscar tudo e tendo medo.

O que foi luz, ou relâmpago?
O que foi palavra, ou trovão?
O toque; um corpo, ou vento?
E o gosto que a boca trago,
um beijo...? Talvez, uma ilusão.
Tudo em meio ao tormento.

Nossa vida, a se encolher,
a um passo ao próximo passo.
Chuva nos retém dentro de nós.
Para longe, os pés querem correr
e pouco penso, apenas faço.
Sou instinto... e reflito após...

Busquei calor, algum abrigo
e seu tocar foi bom, e morno...
Aconchego que encontramos.
Lá fora, chuva e perigo.
O horizonte era seu contorno,
um território que nos damos.

E foi assim, numa tormenta
de encontros sem perceber,
temporal a envolver e tomar,
corpo molhado, alma sedenta,
sem saber, ver o que eu viver,
sem entender, ou sequer parar.

Agora, o céu limpo e claro
e o sol arde em meu rosto.
A chuva se foi, virou rumor,
mas, algo marcou, reparo,
na boca, molhada... um gosto...
de chuva, ou beijo... o sabor...

Foto de Moisés Oliveira

Saudade

Impossível é o que não se pode, algo sem definição,
é como te ter ao meu lado, mas fora do meu coração.

As paredes do seu quarto guardam todo nosso amor,
no frio nos aquecem o corpo, mas queimam como nosso calor.

O tecido da sua pele é o veludo que me arrepia,
as vezes me enche de idéias, outras deixa minha mente vazia.

O clima intermitente do teu beijo me vicia em querer te beijar,
muitas vezes me esquenta o corpo, as vezes me faz esfriar.

Quando de mim estás longe, me alimento apenas de vontade,
os olhos que por ti procuram, choram lágrimas de saudade.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro - Capítulo Final

Amanheceu e chegou setembro. E quando setembro chega, por essas bandas do hemisfério sul, a primavera se faz presente e espalha as suas flores de plástico que não morrem, as pessoas ficam felizes, elas renascem das angústias e amansam seus ímpetos, elas colocam enfeites nas janelas, esperam a banda passar, alçam os pensamentos ao mais alto Parnaso e para a mais verdejante Arcádia. Os corpos se aqueciam, como se um forno tivesse sido aceso na sua mais adequada temperatura. Tudo parecia lindo.
_________________________________________________________________________________

A turma do pastoreio gritava em sonoros brados:

- Baco! Dionísio!

Os tambores ressoavam o vento dos leques, os Miami Bass dos moleques, os maculelês dos pivetes. Sonos eram interrompidos pela festa popular. Num determinado momento, dois ou três já desfilavam sem roupa. Quando a balbúrdia foi notada, os ditos dominantes trocavam de pele na rua. Não se obedecia a nenhuma hierarquia estabelecida. As pessoas nasciam e morriam no torpor da natureza humana, viva e bruta como a de qualquer outro animal, os instintos eram deflagrados, nem Freud e nem Jung eram mais uns reprimidos. Lembrava em certo ponto até o Brasil.

- As flores! Não se esqueçam nunca das flores!

Os miseráveis eram coroados e os nobres decapitados, mas ninguém deixava de ser alegre. Um tarja preta virtual assegurava a plena satisfação dos envolvidos na comédia. O paradeiro de muito era desconhecido. O que importava isso agora? Me diz? É dia de rock, bebê. Se você não entende a sensação de atravessar a Sapucaí e repetir o batuque da bateria, então vá embora, o seu lugar não é aqui. Dona Clarisse, com seu erro ortográfico e seu rosto reconfigurado, até arriscava uma derradeira conclusão.

- Eu nunca mais quero acordar desse sonho...
_________________________________________________________________________________

Luís Maurício, que não havia se manifestado até então, pede a palavra:

- Amigos, é chegada a hora da reconciliação. A hora em que seremos livres de todas as nossas culpas e arrependimentos. Eu declaro anistia geral! Constituiremos desde já uma nova república, uma democracia quase que direta, uma pátria do Arco-Íris e do pote de ouro, um paraíso na Terra, um novo Éden, a Canaã que deu certo!

Clarisse recosta-se ao palanque improvisado.

- Eu posso ficar...? - Silaba.

- Evidente.

- Que sim ou não?

Feito isso, ela coloca-se para se despedir de Dimas.
_________________________________________________________________________________

Um homem estava parado no meio da multidão. Ele dava alguns passos para trás, com o devido cuidado de não deixar nenhum folião o encochar. Ele andava de lado, como quem ia para fora. Clarisse o viu perto do portão pelo qual se sai para sempre da Sociedade.

- Espere... Eu tenho que te falar mais algumas coisas...

- Diz.

- Eu não te amo e nunca vou te amar um único segundo da minha vida.

- Eu sempre soube e nunca me iludi do contrário.

Tânia, incógnita até então, não se sabe observando de longe ou entretida com outra orgia, puxa o lixo pelo braço e faz cara de que se estivesse com ciúmes.

- Ele é meu, ouviu? Meu! Dá o fora logo sua vaca! Vai procurar o homem dos outros! Ele já tem a quem comer, tá, queridinha! E não adianta dizer que ele tá te querendo, que se você tentar alguma coisa, eu mato os dois! Sua puta, sua piranha! Você não me conhece! Não sabe o que sou capaz de fazer! Eu sou mulher de verdade, sua vagabunda! Rapa fora daqui!

Dimas sorriu, e por um exato milésimo de segundo sentiu-se amado de verdade. Clarisse debochou com a mão, engoliu a tragédia de ter desperdiçado o único sentimento cristalino que já havia presenciado e deu suas costas, andando tropegamente de volta ao seu destino. Uma lágrima furtiva caiu sobre seu cenho? Procurou a corda mais próxima? Não saberemos, e nunca vamos saber. Ela disse que não se importava, e esta ficará sendo a versão oficial. Se falarem alguma coisa sobre o que aconteceu com ela ou então comigo é mentira, o que vale é o que está registrado nessas linhas. Enfim, temos um final.
_________________________________________________________________________________

- Vamos, amor, ser felizes para sempre?

Tânia e Dimas atravessaram o portal daquele mundo.

Ao que se sabe, não existiriam mais pessoas de sangue frio ou quente naquela realidade. Apenas pessoas, Tudo aconteceria conforme o planejado, por todas as eras, e nunca mais mudaria, pois não era necessário.

O casal apaixonado corria nu pelos prados. Correram até não aguentar mais, até um lugar que parecia longe o distante para que fizessem amor pela eternidade. A tarde caia, e com ela o pulsar atingia seu auge. Tânia e Dimas se abraçaram e deitaram na relva, um beijo selaria a felicidade interminável consagrada naquela união.

- Eu te amo e pra sempre vou te amar! - a Torta nunca fora tão reta na sua declaração.

E ela foi sincera como poucas vezes se viu em toda a existência.

Até que um dia sua pele começou a descascar...

Foto de Carmen Lúcia

Percalços da vida

Agora que já fomos tão longe...
Enfrentamos temporais, sufocamos nossos ais,
amparamo-nos, um ao outro, nas derrocadas,
choramos, dançamos, demos gargalhadas,
brigamos como todo casal normal,
amamo-nos e feito cúmplices, em segredo,
guardamos em silêncio nossos momentos...
Inesquecíveis momentos...
Os mesmos que agora jogas para o ar
esperando que o vento os venha dissipar.

Agora que já fomos tão longe
pedes, irredutivelmente, para eu voltar ...
Voltar pra onde? Esqueci o caminho...
Tua caminhada foi meu pergaminho,
andei teus passos sem olhar para trás,
cegamente obedeci aos teus comandos
pensando um dia encontrar a paz...
Mas teimas prosseguir sozinho,
de meus carinhos hoje te desfaz...

São as intempéries do destino,
dragão demolidor de sonhos,
que faz do tempo um momento breve
onde a volta não se cogita jamais
e o percurso se resume em ida
nesse curto espaço que se chama Vida.

_Carmen Lúcia_

Foto de Arnault L. D.

Métrica

Minha mente quer o foco
destas sílabas contadas,
do ritmar cada bloco,
pela rima intercalada.

Quer a luta, uma barreira
ao meu livre pensamento,
e contornar eira e beira
feito água, feito vento...

Quer a dor do improvável,
o optar pelo complexo
à banalidade estável,
o multiplicar do nexo.

Quer a forma mais bonita
por mais que ela lhe custe,
sem atalho que evita,
sem trapaça, sem embuste.

Meramente o sublime
lhe parece razoável...
porém, isto não exime
do falhar inevitável.

De enganar-se em transladar
o que no sentir havia,
por mais que busque em tornar
o que pensei em poesia...

É preço pago ao siso
por leva-lo aonde tudo
torno longe donde piso,
meu abrigo e escudo.

Páginas

Subscrever Longe

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma