Pão

Foto de Marilene Anacleto

O Amor é o Antídoto

Este amor cantado,
Este amor vivido,
Este amor poetado,
Este amor sorriso.

O beijo do fim da tarde,
Anima-me ao chegar em casa.

A noite de chuva chega
Penso no que nada tem.

Vejo cheios meus armários,
Penso no que não tem nada.

O café está na mesa,
No portão bate o sem-teto.

Pão bem feito, café quente,
Um casaco, um sapato de presente.

A vizinha chora perdas,
Grande abraço acolhedor.

Aquele que tinha tudo
E agora depende de outrem,
Ajuda a si e aos outros,
Pensa mais em Deus também.

Uma atenção, um gesto apenas,
Muda tudo, pouco a pouco.
Só o Amor é o antídoto,
Inteligente e compassivo.

Foto de betimartins

Poema do povo!

Poema do povo!

O povo é o maior poeta da nossa humanidade
Ele consegue em vez das rimas e das estrofes
Sorrindo, ele se transforma de forma capaz
No pouco pão e nas suas magras economias!

Então ele em vez de lindas palavras, floridas
Ele! Apenas se deixa morar em lugares frios
Em morros, em favelas e nas ruas, esquinas
Sorrindo!Alegre para a vida e as estatísticas...

As mães! Essas apenas ficam apenas aflitas
Pelas mãos, que traja uma arma apontada
Em vez de uma caneta de tinta e um caderno
E um simples tiro acerta aquele que fica na mira!

A mulher essa apenas é mais um desabafo
Do homem mal encrencado, mal resolvido
Que a estupra sai da cadeia em indulto, premiado
E logo encontra e desfaz inocência de uma criança...

E este poema é do povo, poema de desamor e de dor
Onde apenas! Na minha escrita correm rios de sangue
Onde não existe respeito, onde apenas existe!A heroína!
E logo, alguém morre ou é roubado pelo maldito vicio...

E que venha daí as leis, os indultos e os ladrões
Será a nossa maquina judiciária a maior punição?
Que na tinta do jornal corre a dor dos que já partiram
E nos telejornais apenas servem para níveis de audiência!

Mas o meu poema é do povo do que usa havaiana
Dos que correm para festas do funk, samba e outros
Onde a cerveja é a nota da rima do coração sofrido
Que apenas quer esquecer seu triste fado da vida aqui...

Pois é e na mesa deste poema aqui, o poema do povo
Apenas se vê feijão, com arroz aquecido numa panela
Já tão velha e gasta que nem sabe a cor dela! Um dia!
Ao som do batuque, das crianças chorando com fome...

Pois é meu poema! Apenas traja retalhos de sentimentos
Onde as palavras caem num esquecimento e se vestem
De um vermelho vivo, que corre pelas ruas e casas e esquinas
De uma justiça adormecida e desumana neste meu Brasil!

Foto de Carmen Vervloet

TANTAS FACES

Se do amor eu sou cativa
é porque meu sentimento não morreu
e por menos que eu ainda viva
permitirei sempre que seu fulgor envolva meu eu.

Busco-te, amor, em muitas faces...
Desvendo-as entre dor, alegrias e solidão
e por mais que o egoísmo te disfarce
encontro-te com a luz do coração.

Busco-te nas ruas, nas favelas,
busco-te nas mãos que oferecem o pão,
busco-te nos palácios ou nas capelas,
busco-te em toda e qualquer dimensão.

Mesmo que alguns digam que não és nada
vou caminhando em tua direção...
E na face do Cristo ensanguentada
clareio mais e mais minha visão.

Nas pegadas do Cristo crucificado
vou desvendando minha escuridão...
Mesmo tantas vezes extenuado
vou te cultivando de grão em grão!

Carmen Vervloet

Foto de Carmen Vervloet

MÃOS DE MÃE

Mãe... hoje contemplo suas mãos frágeis e delicadas
e vejo nelas marcas de dedicação delineadas...
mãos que já foram ativas... fortes... tão determinadas,
mãos que amassaram o pão nosso de cada dia,
mãos que souberam ofertar a rosa com alegria,
mãos... onde ainda hoje vibra tanta energia...
Mãos que arrancaram o sustento da vida
com garra e determinação,
mãos que ainda se postam em oração...
Mãos que nos proporcionaram excelente educação,
que sempre mapearam da vida a direção
e indicaram o caminho do bem e do progresso...
Hoje se alcançamos qualquer sucesso
a essas mãos... santas mãos... ele é devido,
mãos que foram à luta...
Mãos que orquestraram em acordes de amor
a vida com sua delgada e suave batuta,
mãos amigas... companheiras...
Mãos de mulher guerreira!
Mãos que em cada delicado gesto
mostraram-nos um rico e intenso universo!
Mãos que nunca se fiaram na sorte
e que nos deram o suporte...
Teceram com trabalho nosso futuro,
mãos que acenderam com sabedoria o escuro...
E como a vida como a lua tem fases,
deixaram para trás o esplendor da lua cheia,
mas em cada uma dessas salientes veias
que marcam essas suas abençoadas mãos
corre o sumo do amor que a nós suas filhas
por toda uma vida devotou... e abençoou...
Um amor ilimitado entranhado para sempre
no âmago do meu ser
que eu sinto de uma forma tão intensa
que com palavras jamais poderei descrever...
Ah! essas santas e abençoadas mãos
que eu venero com toda devoção...
Que eu beijo com amor...
Mãos onde leio a mais linda oração
que nutre e nutrirá eternamente
o meu agradecido coração!

Carmen Vervloet

Foto de João Victor Tavares Sampaio

A Suprema Alegria

Alegria é um fator preponderante
Para se mensurar o que é censurar

Alegria é o gol fora da área
Fora de cogitação

Alegria é uma coisa besta:
Um gole de refrigerante
Um pedaço de pão
Uma surpresa na cesta
Um dia de veraneio
O aceno da pessoa amada
Essas coisas de comercial

A alegria é ridícula
E revigorante

Foto de usuario12345

Mundo de bruxos

Não quero viver
Num mundo de bruxos,
Marginalizando as regras
Para os esdruchulos.

Não quero fingir
Que esse mundo é
Um conto de fadas.
Que todos os erros
Vão sumir do nada.
Que tudo fica bem no final.

E não quero ser
Nenhum puritano,
Que passa um ano
Sem poder comer.

Eu queria apenas
Que todos pudessem,
E faço minhas preces,
Pra que todos possam
Ter dignidade
Pra poder viver.

Eu sonho que um dia
As mil maravilhas vão acontecer.
O mundo será feito
De um modo perfeito,
E todos tranquilos vão poder viver.

Grandes amizades,
Amor de verdade,
Uma taça de vinho
E um pão pra comer.

Saúde, saudável,
Não serão apenas
Adjetivos pra quem está na tv.

Foto de fisko

Diário de inocência

Pouco se sabia dela. Era baixa, pálida, engraçada e reservada. O mundo tinha menos cor sempre que Jaime, o miúdo mais novo da família, ficava sem a ver.

Falava-me muitas vezes da tal moça, que esperava por ela no portão da escola, escondido, só para a poder contemplar de perto.
Um dia chegou-me a casa branco, mais branco que a farinha que sua mãe usava para fazer o pão. - Ela disse-me olá! - Bem, fiquei sem saber o que lhe dizer, como é evidente, mas logo apertei aquele pedaço de carne com uma máquina por dentro, a máquina que nos leva a gostar mais deste do que daquele sem que nos notemos, quase como dois organismos diferentes.
Abracei-o com tanta força que o pobre rapaz ficou assustado. - Que se passa António? Oh, oh! Larga-me! - E eu sorria tanto. Parecia que estava a abraçar-me a mim mesmo, o “eu” de quando tinha a idade de Jaime, o “eu” que amava tudo como a inocência dispunha.

- Oh rapaz! Então ela disse-te olá? E como foi? - Perguntei-lhe eu, como se já não soubesse da resposta prática.
- Bem, eu estava a jogar às escondidas, ela passou por mim e disse-me olá para que o Pedro soubesse que eu estava ali escondido. - Meio envergonhado e com cara de malandro, riu-se às gargalhadas quando me viu sorrir ao ouvi-lo.

Todos os Jaimes e Marias, ou Joanas, ou até donos dos nomes mais esquisitos acham piada a este "adorar" alguém quando se é pequeno.
E rimo-nos muito durante algum tempo. Se calhar o pequeno só se ria por aceitar o meu sorriso também.

Hoje já não sei o que é feito de Jaime. Já algum tempo se passou desde este nosso episódio épico. Nem sei se ainda se ri quando semelhante calha, só sei que dele já nada sei. Entretanto mudei-me para Lisboa e o rapaz lá ficou na pequena aldeia.

Quando somos pequenos é-nos tudo tão diferente. Ninguém nos legenda a vida para que percebamos logo as suas manhas (e também precisamos de nos cultivar um pouco).
Ah Jaime, relembra-me o tempo de que a alma se esqueceu. O corpo cá fica o mesmo. Envelhece, muda de cor, mas fica sempre o mesmo.

Jaime, dá-me o lume da leveza que é não ter preocupações.
Ah! Pudesse eu viver de novo e não me espantar sempre que alguma moça me diga olá, só para não provar o desgosto de uma paixão sumida.

Jaime, Jaime, relembra-me da felicidade que eu era.

Foto de albertokaique

Tudo fantasia

*
*
*
O homem só necessita
Do ar, da água, do pão
Pois todo o resto é ilusão.

Foto de Carmen Vervloet

ROSA DESFOLHADA

Desnudo minh’alma nestes versos...
Triste e angustiada desfolho
minhas pétalas na noite vazia,
sou rosa pálida que murcha a cada dia...
Perco o viço, a maciez, a energia,
murcho, murcho, murcho
e solto minhas pétalas sobre selvas de pedras,
ou desertas pradarias...
Múltiplos pensamentos, tristes sentimentos,
sem sol, sem brisa, orvalho e hospedaria!
Vago inquieta por entre correntes de vento,
em lamento!
Volto ao meu jardim e
grito, grito, grito por um naco de afeição...
Morro sem carinho como quem morre de fome,
à míngua, sem um pedaço de pão!...

Carmen Vervloet

Foto de Joaninhavoa

Qu`é que eu vejo em você...

*
... Óh meu Mundão!
*

Vejo sapo, gato e sapato
vejo mágoa consumada
vejo água enxovalhada
tudo numa só jornada

me tira d`essa senhora nossa...

Vejo alumado meio confiscado
nos ajustes inconformados
Das águas um só bailado
e os outros por ordem de quem

me tira d`essa senhora nossa...

Que agora o desnorteio chegou
e a hora da confusão s`instalou
O tira pedaço! O tira pão
pertence à desordem deste mundão

me tira fora senhora nossa...

qu`eu preciso de mais chão
pra me recolher sem ladrão
e erguer sem medo de clarão
que atravessa o corredor
de antemão.

Joaninhavoa
(helenafarias)
17/04/2011

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