Querer

Foto de Sonia Delsin

BEIJOS DE AMOR...

BEIJOS DE AMOR...

Lábios entreabertos...
Chamando para um beijo.
Era tanto desejo.
Tanto querer e tanto sofrer.
A mulher os tinha úmidos.
Ávidos.
Quentes.
Exigentes.
Os dois caminhavam por uma estrada vazia.
A vida corria.
Imaginavam tantos nãos.
Quando a vida dizia sim.
Quando tudo podia ser tão simples assim.

Foto de Darsham

Perdão Meu Deus!

*****
****
***
**
*
Mais um dia de terror. Não conseguia aguentar mais. Ela simplesmente bateu a porta e disse não ao seu presente. Deslizou pelas escadas, encontrou caras, ouviu vozes dispersas, de conteúdo vazio. Procurou na sua memória onde estava estacionado o seu carro. Desejava teleportar-se naquele momento para os confins do universo, onde não fosse mais que uma pequena partícula, desejava que as vozes que teimavam em toldar-lhe a mente se dissipassem nos segundos que marcavam o tempo e que se transformavam em passado.

O frio que se fazia sentir, naquele dia, apesar de o sol se querer mostrar, gelava-lhe a alma e no entanto sabia-lhe bem, atordoava-lhe os pensamentos, sacudia a sua mente e transportava-a para outro plano.

Chegou ao carro, entrou, trancou as portas, ligou o rádio e chorou…baixinho, para que só ela ouvisse. Ficou assim apenas durante o tempo em que a música, tão sua conhecida, ecoou naquele lacrimejado silêncio.

Já na estrada, a sua condução era absorta…se o carro se movimentava, era porque sabia onde tinha que chegar…
Até que, algo lhe rasgou o manto taciturno em que estava envolvida e naquele momento temeu pela sua vida. Uma força desconhecida apoderou-se de si e travou o carro a fundo embatendo fortemente com a cabeça no volante. Naqueles milésimos de segundo, ela penetrou a escuridão e as trevas, para de novo alcançar a luz…

Tomou o comando do carro, agora com extrema atenção e lançou-se dali para fora, querendo apagar aquele momento da sua existência. O seu coração ainda estava acelerado pelo susto, na sua fragilidade recordou porque se encontrava naquele estado e chorou novamente…as lágrimas caíam desgovernadas pela sua face, para depois morrerem no seu pescoço.

Dirigiu-se para a praia. Só o mar lhe poderia dar o aconchego de que precisava naquele momento. Enquanto via a estrada à sua frente e o movimento frenético das ruas, tão próprio da quadra natalícia, apenas conseguia pensar que não pertencia a este mundo. Seriam as pessoas que não a compreendiam ou o inverso? Porque razão olhava para as pessoas próximas e lhe pareciam estranhos, defendendo a sua clausura, deixando que esta a absorvesse? O mundo era um lugar desconhecido para ela…

Sentia-se no término das suas forças e aos poucos ia abandonando o seu corpo. Parou o carro e dirigiu-se à praia. Descalçou-se e começou a caminhar junto à água.

As ondas batiam ferozmente nas pedras, enquanto o dia escurecia e a lua o anunciava…
Na vastidão dos grãos de areia, vislumbrava-se apenas um corpo prostrado, uma alma perdida que gritava na sua muda voz…

Num acto de extremo desespero brada aos céus:
- Deus? Estás aí? Não me ouves? Não me vês? Estou sozinha! Não tenho nada, já não acredito em mais nada, não sou nada! Ajuda-me! – E chorou, desesperadamente, como se a raiva e o desespero das suas lágrimas contivesse algum veneno lancinante, que acabasse com aquela agonia.

Desafiando todas as suas convicções e crenças, levanta-se do chão, ergue as mãos ao alto e berra:
- Acreditei em Ti, depositei em Ti toda a minha fé e hoje vejo que acreditei numa ilusão. Se Existisses não Deixavas que eu morresse em vida, vazia, desabitada…Já não tenho mais fé, já não sou ninguém… – Deixou-se cair sobre a areia e assim ficou, impávida a olhar o mar.
Repentinamente o vento acalmou, dando lugar a uma brisa suave. A água deveio cetim e as estrelas pronunciaram-se sobre o céu, ganhando vida própria.

Ela continuava exactamente no mesmo lugar, mas agora já não estava sozinha. Ao ouvir o seu nome, ao longe, reconheceu aquela voz e virou-se para se certificar. Ao levantar-se sentiu-se inundada por uma sensação de estranha paz e sorriu perante a confirmação do que havia pensado quando ouviu o seu nome ser chamado. Era a sua amiga, aquela a quem tantas vezes havia chamado de anjo por sempre a tentar resgatar da solidão em que vivia.

Abraçaram-se cúmplice e carinhosamente. Após um olhar repleto de palavras, deram as mãos e caminharam até à ausência dos grãos de areia. Ela apertou a mão do seu anjo, em sinal de agradecimento, fechou os olhos e disse baixinho:
- Perdão Meu Deus!

Foto de killas

CONFIDÊNCIAS AO VENTO

Ouço o vento a soprar,
De dentro da minha janela,
Tem histórias a contar,
Nesta nova primavera.

Histórias de amor,
E muito sofrimento,
Histórias de dor,
E muito lamento.

O amor é uma cruz,
Que temos de suportar,
Às vezes até nos seduz,
Para logo nos desprezar.

Ora temos acontecimentos,
Que são de arrepiar,
Para passados momentos,
Já estarmos a chorar.

A vida é só solidão,
Angústia e melancolia,
Pobre do nosso coração,
Que canta esta melodia.

Dizem ser a primavera,
O nosso tempo de amar,
Tomara e pudera,
Eu nunca mais respirar.

Perdido nos sonhos,
De querer ser feliz,
Tenho esperança aos molhos,
Como um pequeno petiz.

Tentei desde muito cedo,
Mostrar o meu amar,
Mas muito me enredo,
Sem nunca o achar.

Assim vou confidenciar,
Confidências ao vento,
Isto de uma pessoa amar,
É muito mais um tormento.

Foto de killas

APERTO NO PEITO

Tenho um aperto no peito,
As lágrimas a querer cair,
Não sei o que é feito,
Já estou farto de sentir.

Sinto falta do teu sorriso,
Sinto falta do teu olhar,
Isto para mim é um aviso,
De que já sei o que é amar.

Perdido nos pensamentos,
Não ouço o meu coração,
Perco os poucos momentos,
Nesta estúpida abstracção.

Amargos dias passados,
A ver a vida a passar,
Com momentos amargurados,
Espero até ela acabar.

Chegou a altura de acordar,
Dar um murro no destino,
E começar a querer lutar,
Pelos sonhos de menino.

A vida é mais para viver,
Através do bom sentir,
Nada se pode perder,
Se não se chegar a pedir.

Fecho os meus olhos,
E tento em vão respirar,
Por entre tantos apertos,
Só me apetece é chorar.

Mas isto vai ter de findar,
Pois eu ganhei coragem,
A língua agora vai falar,
E fazer novo homem.

Foto de annytha

Afinal, o que sou para ti?

QUE SOU EU PARA TI?

Foi uma tarde de domingo, lembro ainda...
Nossos caminhos se cruzaram naquele final de tarde de domingo,onde o sol já parecia estar se preparando pra ir embora. Nossas vidas se aproximaram e a minha solidão se encontrou com a tua...
O tempo nunca nos aproximou carnalmente e, mesmo assim, eu nunca me senti distante de ti... Parecíamos estar sempre presente em corpo, espírito e alma. Era assim que eu sentia! Varávamos a noite conversando por telefone nos amando por palavras, pensamentos e fantasias... Parecíamos ter algo em comum... Queríamos estar sempre juntos e estivemos!
Mas entre ontem e hoje, algo nos separou e agora continuamos sozinhos!
Ontem eu parecia ser tudo em tua vida,
Hoje vejo que nada sou!
Ontem eu parecia ser a pessoa mais importante em tua vida,
Hohe tu me ignoras!
Ontem em ti, eu despertava desejos, querias comigo sempre estar...
Dizias querer-me ficar pra sempre, ao nos amarmos por inteiro sem ao menos juntos fisicamente estamos!!
Hoje, já nem saudade sou...
Ontem falaste das músicas que gostávamos, dos livros que líamos, dos poemas que eu te mandava...
Hoje, já nem sei se ao menos se tu os lê!
Ontem comigo tu sentias paz e alegria...
Hoje já não sou nem mais fantasia...
Ontem eu era uma fonte de ternura..
Hoje não passo de um poço vazio!
Ontem eu fazia parte dos teus sonhos...
Hoje sou apenas de mais um rio que passou em tua vida!
Afinal, o que sou para ti!..

Foto de ivete azambuja

RETORNO

E aí, chegou até a mim a consciência exata de não querer,
É que não é mais possível violentar-me
Por mais que sofra se solidão!

Ainda não se verdade nenhum amor encontrado.
Ás vezes me venço pelo cansaço da busca, entregando-me,
Só que a busca não para no cansaço da entrega,
Não sossega o peito, transcende a todos os limites definidos, evapora-se por entre os dedos onde eu tento segurá-la.

E a paz momentânea bate asas, empreende novos vôos pelo noturno de mim,
E então há o encontro, o retorno à forma original.
Aí eu penso: Talvez passe a vida retornando, ou talvez quem sabe,
Um dia eu me vença pelo cansaço definitivo da busca,
A morte!

(Ivy Portugal)

Foto de annytha

SAUDADE!!!

Saudade!!!

Nossos caminhos se cruzaram numa noite onde o céu parecia estar de luto por conta das nuvens negras. Chovia muito! Eu estava andando sob aquele temporal sem me dar conta da chuva. Parecia estar mergulhada num turbilhão de pensamentos. A chuva forte caia no meu rosto e se misturava às minhas lagrimas. Estava toda molhada, a chuva de tão forte parecia querer entrar dentro de mim pra lavar meu espírito tirando todas as minhas tristezas. Não estava me incomodando com tudo aquilo, nem ao menos sentia medo por a rua estar deserta! Foi ai que tu aparecestes em minha frente e de mansinho te aproximaste de mim e me dirigiste a palavra...
Que homem encantador! Não pelo que vi naquela noite tempestiva, mas pelo que dizias... Foram palavras fortes, marcantes... Elas pareciam querer me levar por caminhos que não eram meus!
Tento esquecer-te, mas a tua lembrança chega cada vez mais forte em meus pensamentos. Não consigo dominá-los! Luto comigo mesma para não pensar em ti, para não lembrar daquele homem de traços marcantes, olhar penetrante, lábios sedutores parecendo estar sempre sequiosos de beijos, que exala um forte cheiro de macho! Estremeço quando lembro daquela noite... Era uma noite muito fria. Tu chegaste até mim e ao me veres molhada, me ofereceste a tua capa como abrigo e eu, trêmula e vulnerável, me aconcheguei em teu peito como criança assustada. Pude ouvir as fortes batidas do teu coração... Pareciam badaladas de um relógio. De repente, o clarão de um relâmpago me deixou ver mais claramente o teu rosto, que não consigo esquecer nem por um minuto! Pude contemplar mais de perto os teus olhos negros como a escuridão da noite, rosto com traços fortes, sorrindo pra mim... Que homem lindo!
Barba bem feita, bem vestido, roupas de muito bom gosto, de uma elegância incomparável. Usava uma colônia cujo cheiro me deixou estonteante, percebi que tratava-se de um homem fino, de bom gosto, que qualquer mulher daria tudo pra ter-te por um só instante....E eu te tive por uma noite! Uma inesquecível noite! Como naquele momento fui feliz! As horas, os minutos, a chuva, o frio, a escuridão da noite, o abrigo onde ficamos, parecia mágico!Tudo conspirou em nosso favor pra que mergulhássemos naquele momento de magia ... Naquele momento, parecia que no mundo só nós dois existia... Que loucura!!! Os teu beijos me faziam estremecer... O vento forte levava pra longe o forte perfume de Afrodite, a deusa do amor, que se misturava com o cheiro da chuva... Até hoje pareço sentir o calor do teu corpo me abraçando. Os teus beijos quentes, ainda queima os meus lábios. Foi uma noite memorável. Chego e pensar que foi um sonho, mas logo percebo que de fato vivi a realidade de um sonho, que guardo na lembrança pra sempre com muita saudade!!!

Foto de annytha

Saudade!!!

Saudade!!!

Nossos caminhos se cruzaram numa noite onde o céu parecia estar de luto por conta das nuvens negras. Chovia muito! Eu estava andando sob aquele temporal sem me dar conta da chuva. Parecia estar mergulhada num turbilhão de pensamentos. A chuva forte caia no meu rosto e se misturava às minhas lagrimas. Estava toda molhada, a chuva de tão forte parecia querer entrar dentro de mim pra lavar meu espírito tirando todas as minhas tristezas. Não estava me incomodando com tudo aquilo, nem ao menos sentia medo por a rua estar deserta! Foi ai que tu aparecestes em minha frente e de mansinho te aproximaste de mim e me dirigiste a palavra...
Que homem encantador! Não pelo que vi naquela noite tempestiva, mas pelo que dizias... Foram palavras fortes, marcantes... Elas pareciam querer me levar por caminhos que não eram meus!
Tento esquecer-te, mas a tua lembrança chega cada vez mais forte em meus pensamentos. Não consigo dominá-los! Luto comigo mesma para não pensar em ti, para não lembrar daquele homem de traços marcantes, olhar penetrante, lábios sedutores parecendo estar sempre sequiosos de beijos, que exala um forte cheiro de macho! Estremeço quando lembro daquela noite... Era uma noite muito fria. Tu chegaste até mim e ao me veres molhada, me ofereceste a tua capa como abrigo e eu, trêmula e vulnerável, me aconcheguei em teu peito como criança assustada. Pude ouvir as fortes batidas do teu coração... Pareciam badaladas de um relógio. De repente, o clarão de um relâmpago me deixou ver mais claramente o teu rosto, que não consigo esquecer nem por um minuto! Pude contemplar mais de perto os teus olhos negros como a escuridão da noite, rosto com traços fortes, sorrindo pra mim... Que homem lindo!
Barba bem feita, bem vestido, roupas de muito bom gosto, de uma elegância incomparável. Usava uma colônia cujo cheiro me deixou estonteante, percebi que tratava-se de um homem fino, de bom gosto, que qualquer mulher daria tudo pra ter-te por um só instante....E eu te tive por uma noite! Uma inesquecível noite! Como naquele momento fui feliz! As horas, os minutos, a chuva, o frio, a escuridão da noite, o abrigo onde ficamos, parecia mágico!Tudo conspirou em nosso favor pra que mergulhássemos naquele momento de magia ... Naquele momento, parecia que no mundo só nós dois existia... Que loucura!!! Os teu beijos me faziam estremecer... O vento forte levava pra longe o forte perfume de Afrodite, a deusa do amor, que se misturava com o cheiro da chuva... Até hoje pareço sentir o calor do teu corpo me abraçando. Os teus beijos quentes, ainda queima os meus lábios. Foi uma noite memorável. Chego e pensar que foi um sonho, mas logo percebo que de fato vivi a realidade de um sonho, que guardo na lembrança pra sempre com muita saudade!!!

Foto de diny

TE AMO

TE AMO

Te amo
Na vontade calada
enlouquecida, deseperada
de te falar, te ouvir, te ver

Te amo
no silêncio da madrugada
quando não posso adormecer
pensando em ti.

Te amo
quando ao amanhecer o sol
que eu não consigo resistir
se é como mirar o teu olhar

Te amo
com esse delicioso sentir
com esse constante suspirar
e embevecer intenso de luz.

Te amo
ao ouvir tua voz que seduz
que resgata íntimo meu peito
e cativa a alma, o coração.

Te amo
nesse toque mais que perfeito
de amor, de carinho, de paixão
com esse abandono de enlouquecer.

Te amo
enquanto vislumbro teu sorriso
perco totalmente o juízo
na ância de te pertencer,

Te amo
na latência desse doido querer
sentindo sobre mim tua presença
o perfume de teus cabelos.

Te amo
teu olhar de sol, tuas carícias
o teu amor dos meus apelos
as delícias de tua existência.

Te amo
e emudeço de tanta emoção
estremeço, vibro, deliro calada
por todas as ternuras! apaixonada.

Te amo
pairo,flutuo, saio de mim
corro pra minha loucura:
"tu" meu amor sem fim

Enquanto tu suspiras
eu te digo:
Anjo... Te amo.

TE AMO!

Diny Souto

Foto de pttuii

Diário dos porquês contraditórios

Abandona-te ao desejo. É simples. Aperta o coração entre as tenazes de uma alma forte e persistente. Só se conseguires dominar-te a ti mesmo, conseguirás abarcar a essência da vida. Podes resistir. Mas não passes os limites do razoável. A força de um ser humano esclarecido, far-te-á manter nos carris de uma existência saudável.

Eu descrevi a minha experiência no pergaminho dourado dos seres vulgares. A viagem começou por caminhos solitários. O meu transporte era um simples corcel. Conheci pessoas, visitei lugares, mas nunca alcancei a felicidade. No entanto, ganhei a noção de que a vida nunca pode ser um dado de faces rasas.

Deixa sempre pelo menos uma margem irregular. A tropeçar nas irregularidades do caminho, sobes no termómetro do razoável. Enriqueci, fiquei mais duro. Subi pela primeira vez à quadriga da maturidade. Senti-me bem. Quem interessa, surge sempre neste momento. Conheci o dono da caridade e da benevolência. É um ancião decidido, de peito cheio, e que não deixa para trás nenhum assunto por resolver. Ensinou-me a respeitar o próximo, mas tendo em conta a sempre necessária margem de interesse próprio. Achei-o, não obstante, pouco preciso nas considerações que tecia.

Perguntou-me se eu tinha planos para deixar a minha marca no mundo. Preferi não ser directo na resposta. Comprometi-me apenas a não desiludir os fantasmas que dormem comigo todas as noites. Aprendi, desde que me conheço, a partilhar a minha cama com os guardiões da pequenez de espírito. Conciliei-me com duas criaturas que não incomodam, e primam pelo completo desalinho com o que é conveniente.Quando parecia querer alcançar alguma mestria a manejar as rédeas da quadriga, o tempo mandou-me parar. Ordenou-me que descesse porque a velocidade me estava a fazer mal.

Conheci formalmente a mulher que dorme comigo nos dias que correm. Prefiro não saber o nome dela. É melhor assim. Interiormente sinto-me bem na sua companhia. Dá-me tranquilidade, e parece conhecer os pequenos pormenores do enigmático puzzle da felicidade. Mas o desejo. Eu sei descrevê-lo, consigo recomendá-lo a quem eu escolho. Só que me falta qualquer coisa. Talvez se acabar a página do diário da solidão que me entretém há tanto tempo, me possa aproximar desse desígnio.

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