Revolta

Foto de carlosmustang

FARRAPO

Nem sei porque continuo escrevendo
Talvez masoquismo,esperança(de alguém ler essa bosta)
Cheia de lágrima, desconforto
Nem é dinheiro,sim consideração,
Com alguém que confia

Em verdades, que não deixa vestígios nem idiotices
E quem revolta-se como eu,
Seja bem vindo

Tenha sua indignação, mas não morra por ela
As coisas os problemas, não pode ser Tao pequenos
Ao ponto de ser acomodados em uma cabeça

Eu conheci essa porra louca, o pior dos seres!
Era como um gangster, inescrupuloso.
Fez um filho em mim, foi quase um estupro
Era tentador nos negócios
Um homem amável, mas com uma péssima carga negativa
Sabia amar, era amor, péssimo perdedor

Foto de José Pessoa

Guerra Aberta

Foi ontem quando me pediste
Para levantar a minha bandeira
De caveira negra.

Foi ontem que me disseste
Pela primeira vez que me desprezas
Foi ontem, sim foi ontem
Foi ontem que tudo começou.

Mostraste-me pela primeira vez
Sentimentos, palavras e emoções,
Actos e sensações

Mostraste-me o que é,
O que é viver sem ti,
O que é ter saudades,
O que é a revolta e a angustia,
O medo de não te voltar a ver.

E hoje começou,
Esta guerra aberta
De silêncios e ilusões
Falsas paixões, emoções.

Hoje dou por mim perdido,
Sozinho e sem sentido
Por estas ruas de lobos,
Lobos negros como eu
Lobos que se escondem na escuridão
Dos corações de pedra que enfrentaram
E de todas as dores que enfrentarão.

Hoje dou por mim
A olhar-te nos olhos.
A batalhar-te,
A combater-te,
Neste campo de batalha escuro e gelado.

Se soubesses como é
Ver-te todos os dias
E saber que não voltas,
Viver nesta guerra aberta
Esperar por alguém o resto da minha vida,
Alguém como tu,
Alguém para me amar, marcar
E apaixonar-me uma ultima vez.

Mas quando iremos
Içar as nossas bandeiras brancas
Pôr as nossas diferenças de lado
Voltar ao que éramos e não éramos.

Foto de carlosmustang

VIELA

Transpassando o infinito
Sei hoje, o Céu é finito
Verdade foi, viver até aqui!
Tantos cuidados tive, tantos
tiveram à mim.

Passado, futuro, presente...
Revolta, vitoria, to real
Quando pude, vontade de sair
O delírio da vida, me fez voltar

Pisando com botas de barro
Volto pela força
Mesmo em lasca tirada
De carne viva, me dada

Ainda sem sorte, escrito em mão
Viver é preciso
Não morrer fortalece
Amar você embebe, em vão

Foto de Izaura N. Soares

Haikais das palavras

HAIKAIS DAS PALAVRAS
Izaura N. Soares

Boicote no céu
As estrelas sumiram
Noite de chuva.

Cortando no céu
Um vento agressivo
A luz se apaga.

Céu abatido
As nuvens carregadas
Choro tristonho.

Tempo desnudo
As árvores caídas
Morte das folhas.

Falar de uma flor
É falar da essência
Do amor em chama.

Revolta do mar
As pérolas sem brilhos
Ostra fechada.

Foto de Anjo Serafim

Mentiras na Verdade

Com uma verdade de versos, faz-te sentir saciada.
Com silêncio do olhar dele, sentes-te tarada.
Amando te no altar, envenena te com o seu respirador
E reveste-te com seu calor.

São Mentiras dentro da verdade…
É uma ilusão com a sua vaidade…

As suas conquistas e poemas fazem-te babar.
Ele é o ritmo da música que querias sonhar.
O teu coração sabe que é mentira, mas mesmo assim tu estas a lhe desejar.
Com beijos e carícias mente-te que tudo vai deixar.

São Mentiras dentro da verdade…
É uma ilusão com a sua vaidade…

Ama te intensamente até abusar de ti, e depois atira o teu amor na ponta.
Sentes te cega nesta relação, a vitima que reage sem revolta.
Diz te uma verdade no meio de duas mentiras, mas a pura a verdade não é você que ele ama,
Mas quando te deseja a verdade é te possuir, mas quando já não desvaloriza as suas fantasias na lama.

E choras com vírus desta verdadeira acção
E teu coração palpa sem nenhuma reacção...

Quando a saudade do amor esta arrefecer,
Ele aparece com flores na mão e depois com beijos o perdão tu vais lhe conceder.
Tu pensas que é verdade, mas a dor da ausência dele faz te chorar bravamente sem nada para dizer.
Porque achas que sem a paixão dele, o mundo vai te esquecer.

Por isso sofres tanto em acreditar na felicidade negada
E tu nunca foste bem amada.
Fazes tudo para lhe agradar, Porque pensas que sem ele não podes viver
E que a sua sedução de mulher vai puder lhe prender.

Até podes mover as estrelas no céu
Mas a solidão da alma não se cobre com o véu.

São Mentiras dentro da verdade…
E teu coração palpa sem nenhuma reacção...

Feito em: 01/ 02/2010

Foto de Marilene Anacleto

Fome

Há algum tempo
Ouvi uma história de fome
Uma história de guerra, onde
Soldados viviam ao relento.

A mãe, sem notícias do filho,
Boca engrinaldada de preces,
Coração a pedir que o filho viesse,
Alimentava a ela e ao filho.

Perguntaram alguns: - Mas como?
- A cada refeição, fria ou quente
Dedicava ao filho, em minha frente
Vendo-o ali, tranquilo e calmo.

Quando, enfim, o filho volta,
A vida, transformada em gratidão,
Soluços de alegria no coração,
Abraçaram-se sem tristeza e sem revolta.

A mãe, com emoção e espanto
Vê o filho saudável e corado,
Quando os outros estavam muito magros.
Pergunta-lhe, então, em meio ao pranto:

- Filho, mas como estás corado e saudável
Em meio a tanta tristeza e agonia?
- Minha fome diminuía a cada dia,
A comida doei aos que estavam ao meu lado ...

Hoje a fome assola a humanidade
Ainda temos muita tristeza e guerra
Uns se alimentam de bolacha de terra,
Outros se sustentam de solidariedade.

Que tal se, neste ano de entraves,
Fizermos feito a mãe do soldado,
E a comida, à nossa mesa, enviarmos
A essa pobre e infeliz sociedade.

Feito o nosso Amado Jesus Cristo
A abençoar aqueles peixes e pãezinhos,
Em estado de graça, alimentar aqueles,
Que jamais os deixou pelo caminho.

Foto de Rute Mesquita

Elixir de desejo

Diz-me que já não sou inocente,
diz-me que já me deste alas.
Mostra-me o teu amor.
Deixa-me provar o teu inconsciente,
deixa-me desataca-las,
desta dor.

Transforma as minhas lágrimas num sorriso,
mostra-me o mundo por inteiro.
Entende, que é de ti que eu preciso,
que és o meu primeiro!

Faz da minha dor, prazer
faz dos meus medos, desejos!
Quero a teu lado morrer,
sufocada por entre beijos!

Transforma o punido
em vitória!
Segreda-me palavras ao meu ouvido,
mostra-me a tua glória!

Solta-te por entre suspiros,
revolta-te nas minhas fantasias.
Faz fluir todos os impuros
todas as más energias!

Trinca-me as palavras,
saboreia-me as letras,
deseja-me delas escravas,
vê-te nestas minhas facetas!

Toca-me a alma,
sufoca-me a voz
tira-me esta calma
e mostra-me como é o correr de uma foz!

Quero-te nestas entrelinhas.
Desejo-te nestes rascunhos
Mostra-me o céu e as estrelinhas,
espero-me pelos teus cunhos.

Ai, meu amor!
Tu que fazes de mim tua serva.
Ai, meu licor,
que me consome e preserva!

Vou beber-te
mesmo sabendo que me enveneno.
Quero morrer-te,
e fazer deste desejo eterno!

Foto de Rute Mesquita

Eternas memórias

No meu olhar,
guardo o teu lindo sorriso.
Aquele meu luar,
ai, como tanto dele eu preciso.

Nas minhas mãos,
guardo o macio da sua pele.
Ai, como eram estas as naus,
que nela navegavam sem um único repele.

Nos meus cabelos,
guardo as suas carícias.
‘Como são belos’,
dizias tu das tuas delícias.

No meu corpo,
guardo o seu suor.
Ainda me lembro de como te deixava louco,
de amor.

As minhas lágrimas,
escorrem compulsivamente.
Não vejo as suas esgrimas…
Já não leio a sua mente…

Sinto-me desprotegida,
frágil…
Desde a sua partida,
nunca mais fui ágil.

Desejo-te,
todas as noites.
Vejo-te,
cavalgar na minha direcção
mas, logo acordo,
para minha revolta,
para minha grande desilusão.

São estas as minhas memórias,
eternas.
Aquelas cujas murmuras,
fazem tremer as minhas pernas.

São estas, que nos mantêm vivos,
que mantêm esta chama acesa.
São estas as causas dos meus árduos cultivos,
sempre à espera da luz da tua presença.

Foto de CarmenCecilia

Conselho...

Conselho...

Não te aflijas...
Corrija...
Somente reflita...
Siga teus instintos
Adentre labirintos
Equilibre-se...
E calibre
Teus temores
Teus ardores
Amores que vão
Amores que vem
Questione...
E até revolucione
Tudo a tua volta
Sem revolta...
E solte-se...
Envolva-se
Por paz...
Por mais...
Mais amor...
Mais calor...
Mais sabor
E menos dor...
Menos erros...
E destemperos
Pintou-se a insegurança
É hora de mudança...
Seja e dê
O teu melhor...
A tua cor...
Lembre uma flor
Por onde for...
E caminhe
Encaminhe...
Seja e dê
Alegria...
Alegria de viver...

Carmem Cecilia
04/08/2011
http://carmemceciliapoemas.blogspot.com/

Foto de Rute Mesquita

A Cinco Pontas Dos Pés

Sinto que carrego correntes… pesos que se arrastam no chão. Oiço um rugir perseguidor. Um perseguidor tão pontual e assíduo quanto a minha própria sombra. Ainda não sei bem o que se passa à minha volta, ainda está tudo tão turvo… e eu sinto-me carregada de culpa, de arrependimento, de tristeza, de exaustão e de ódio por sentir tudo isto…
As coisas à minha volta estão a começar a compor-se, talvez deva continuar a desabafar…
Estou cansada, de tanto cair, estou cansada de olhar em redor e nada ver… estou farta de ouvir as minhas próprias lamurias, estou farta… neste momento só me apetece ter um tempo para mim. Preciso de travar mais uma guerra dentro de mim, aquela voz destabilizante não pára de querer medir forças comigo. Não me vou deixar vencer e é por isso que preciso deste tempo para mim, para que esta voz não venha como uma onda gigante e me leve este meu castelo que com tanto carinho construi.
De repente, uma súbita mudança surgiu, deixei de ver… mas, transpareci calma… não sei porquê mas, tinha confiança no destino e por isso passei neste primeiro teste, penso.
Sinto os meus cabelos a bailar com o vento. O meu corpo elegeu-se mais ou menos um palmo da superfície e flutua… não sei ao certo se deveria ansiar ou até implorar pelo chão, só sei que não o farei pois sinto-me leve como uma pena que voa aos sopros de brisas suaves. Recorda-me aqueles sonhos em que parece que a minha cama é um teletransporte.
Não vejo… mas, mesmo que visse iria fechar os meus olhos. Começo aos poucos a perceber esta viagem.
Cheira-me a sal, oiço o mar e nem preciso na areia tocar para saber que estou algures numa praia. O som das ondas diz-me que está maré baixa pois rebentam umas atrás das outras arrastando sal e humedecendo os pigmentos de areia que alcança. É como se as ondas beijassem constantemente a areia e a puxassem cada vez mais para si.

- ‘Serão amantes?’, pergunto e ao escutar a minha voz surpreendo-me com a minha pergunta, pois nunca tinha pensado assim.

Os meus pensamentos voltaram e pesam por isso, a gravidade actua novamente e pousa-me naquela areia. Acontece num processo tão lento que sinto que comecei por tocar a areia e agora entranho-me na mesma como se neste momento fizesse parte desta.
A minha visão, continua ausente mas, vejo um clarão de tons que vai desde a gama dos amarelos até aos laranjas mais avermelhados que me faz perceber que um calor se afoga naquele mar, dando lugar a uma outra gama de cores, cores que vão desde os violetas mais azulados aos verdes mais acastanhados. Julgo que seja o pôr-do-sol e que daqui por uns minutos se dê o erguer da lua.
E mais uma vez me surpreendo com o meu raciocínio, nunca tinha visto as coisas desta maneira tão sensível. Talvez por ter tido sempre a visão da ‘realidade’ facilitada e por isso nunca tivesse dado valor, penso.
Nisto, o mar agora beija os meus pés, como se me convidasse para entrar… mas, vou aguardar sentada de joelhos encostados ao peito e com os meus braços sobre os mesmos, pois uma brisa fria em breve virá arrepiar-me.
A lua já se ergueu, as cores que ‘vejo’ mudaram como, tão bem pensei que fosse acontecer. Um arrepio percorre a minha espinha, aquele arrepio por que já esperava mas, que não deixou de distorcer o meu corpo e fazer levantar todos os meus pêlos.
Os meus cabelos, agora mais que nunca parecem sem direcção, uns atravessam-se à frente minha face.

-‘Tenho que me mover, senão irei congelar’, disse para mim. E sentei-me de uma forma mais descontraída enquanto mexia na areia.
Imaginava a minha mão como uma ampulheta que com imensos grãos na minha mão suspensa no ar, decidia faze-los juntar-se aos outros seguindo uma constante, o tempo… e foi então que outro raciocínio inesperado da minha boca se soltou:

-‘Se encher a minha mão de areia e por uma abertura constante, a deixar cair e enquanto isso for contando os segundos até sentir a minha mão sem nada consigo perceber quanto tempo tem uma mão de areia, com aquela abertura de raio fixo e àquela distância do solo’.
Assim, percebo rapidamente que o tempo varia com dois factores, com o diâmetro do buraco que deixo, por onde a areia irá soltar-se e com a altura a que tenho a minha mão do solo arenoso, percebo que se me puser de pé a areia demora mais tempo a juntar-se àquele solo arenoso do que se eu estiver sentada. Após a experiencia dou por mim boquiaberta envolvida numa brincadeira de pensares, como se unisse uns pontos aos outros e no fim os justificasse com a experiencia.

-‘Deveria perguntar-me o que se passa? De onde surgem estes raciocínios? Porquê? Se ainda agora começo a descobrir os tais pontos, se ainda terei de uni-los e acabar com a sua comprovação que provém da experiencia?’

Sinto algo musculoso e texturado agarrado ao meu pé direito. Volto a sentar-me e pego naquele músculo e começo por tentar perceber a sua forma, percorrendo as minhas mãos pelo mesmo.
- ‘É uma estrela-do-mar!’, exclamei. E dou por mim a falar com esta estrelinha pela qual baptizei de cinco pontas dos pés.
- ‘Tens tantas pontas quanto os dedos que eu tenho nos pés e nas mãos. Não preciso saber a tua cor, pois para mim já és a Cinco Pontas Dos Pés mais bela que conheci.’ Confessava-lhe.
-‘O que te trás por cá minha Estrela? Bom, não interessa se aqui estás, é porque certamente fazes parte desta minha viagem e simbolizas algo na mesma, quem sabe sejas um daqueles pontos que terei de unir.’ Contava-lhe mas, discutindo comigo mesma.
-‘Sabes querida Estrela, esta viagem começou por ser um refúgio… passou a ser uma viagem de sensações, depois uma viagem rica em sensibilidades das coisas mais simples que agora vejo que são as mais belas e agora, encontro-te a ti, uma amiga como se adivinhasses que aguardava inquieta por contar tudo isto a alguém. Espera… é isso!’

Pousei a Cinco Pontas Dos Pés naquele meu pé que um tempo atrás se havia agarrado e comecei a unir os pontos.

-‘Vim num transtorno de estado de espírito, numa revolta por nada ver a minha volta e fiquei sem visão. Recordo-me que vinha carregada e que me sentia perseguida enquanto arrastava umas correntes e tudo desapareceu, eu elegi-me cerca de um palmo do chão e senti-me livre, leve como uma pena. Lembro-me também que procurava um tempo só para mim e vim parar a uma praia deserta. Depois aqueles meus raciocínios e olhares às coisas mais simples mas, que jamais em tempo algum lhes tinha dado tal valor. Desde aquele pensamento de o mar e a areia serem amantes, o pôr-do-sol e o eleger da lua, o arrepio e à pouco sobre os grãos de areia. E por fim, apareceste tu, claro! Vieste para eu me ouvir, a mim mesma e assim unir estes pontos.'
E continuei o meu discurso:

-'E com esta viagem, aprendi uma grande lição, que ao invés de me deixar domar pelas minhas lamúrias deveria confronta-las como sendo o que não são, belas e assim elas ficarão belas, porque assim as olho e quero que sejam. Isto de uma forma inteligente.
Aprendi que a beleza no Mundo está em todo o lugar, nas mais pequenas coisas encontramos o nosso mais sensível, o nosso mais profundo sentimento e assim afirmamos a nossa humanidade.
Aprendi que um amigo nos aconselha, nos apoia mas, que sobre tudo nos ouve, como tu minha amiga, Cinco Pontas Dos Pés que pouco precisaste dizer pois fizeste com que me ouvisse a mim mesma e chegasse onde cheguei.
Aprendi (…) a minha visão voltou!’

Está tudo turvo, sinto-me a regressar ao sítio de partida… e imploro:
-‘Estrela, estrela! Não largues o meu pé! Vens comigo!’

Estou de regresso e como me sinto bem, estou radiante de felicidade e tudo o que carrego agora comigo é paixão, paixão por toda a beleza que me rodeia e admiração, por esta experiencia que jamais esquecerei. Os meus olhos brilham, como duas pérolas, o meu rosto está iluminado como se uma auréola pairasse sob a minha cabeça. Estou vestida de branco e de sapatos e só penso ‘a minha Estrela!’. Descalço-me e não a encontro, dispo a camisa, as calças e o casaco e nada, não a vejo em lado nenhum… sento-me agrupada e lágrimas escorrem pelo meu rosto e quando já quase me sentia preparada para repetir a viagem vejo algo a mexer-se no meu casaco e qual é o meu espanto quando vejo a Cinco Pontas Dos Pés?! Que encantamento!

-‘Eu sabia que eras bela, minha Estrela, bela como aquele pôr-do-sol e ainda bem que vieste comigo pois serás sempre a minha melhor amiga e serás tu quem irá manter aquela experiencia sempre viva!’

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