Rotina

Foto de Paulo Gondim

Dependência

Dependência
Paulo Gondim
20/09/2013

Meu sorriso já não te encanta mais
Perdeu o brilho
E ficou opaco o meu olhar
Meu canto já não tem estilo
Acho que nem sei mais cantar

E o tempo passa e me avisa
Esperar por ti é minha sina
E nesse infortúnio fatal
Tua ausência já virou rotina
Já nem sei se me fazes bem ou mal.

Minha dor não te comove mais
Nem meu sofrer ainda te aflige
E, assim, te fazes indiferente
Embora, relute ao que tua vontade exige
Cá, fico eu dela dependente

Foto de Rosamares da Maia

Morte em soneto

Morte em Soneto

No dia em eu tiver que morrer,
Há! Seja breve e inusitado instante,
Pleno, mas de total insignificância.
Em assumida e conspirada ignorância.
Quero morrer como folhas que caem.
Soltas no simples balançar do vento.
Em transformado e útil estado servir.
Tornar-me alimento pra a terra nutrir.
Que morrer seja breve sem lamento.
Desatento como bom e leve perfume.
Nos ares fluir desatinado a me esvair.
E que todo o meu capitular desenlace
De mera rotina da vida não passe.
Como sol que se põe e anuncia o porvir.

Foto de Mitchell Pinheiro

Tão distante por um milímetro

A mente robotizada de uma rotina fria
Alimenta o medo do que é bom
Chama de loucura bela fantasia
Silencia o desejo e abafa o som.

O pensamento perdido de uma noite vazia
Condena o perjúrio da insossa formalidade
Sendo desnecessário momento de agonia
Se a razão é mentira e a emoção é verdade.

Quando o silencio solitário me conduz ao exílio
A mente condena minha sensatez
E se me toma como louco por evitar martírio
Então renuncio minha Lucidez.

Foto de CarmenCecilia

TALVEZ...POEMA

Talvez

Talvez eu vibrasse...
E cantarolando...
O amor encontrasse
Talvez eu fosse única
E contigo me encantasse...
Talvez o mundo não fosse uma catarse
E eu ambulante metamorfose
Não disfarçasse
O medo, a ira, o enredo
Não fosse testemunha
De tanta amargura
De tanta hipocrisia
De tanta fantasia...
Que recheiam meus dias
Enveredando pelas noites
Fosse apenas uma estrela matutina
E a alegria
Estaria ali, dobrando a esquina
Talvez eu não fosse máquina.
E não maquinasse
A rotina e a retina...
Talvez houvesse opção
E como ciência...
Ação e reação...
Não sei...
Há sempre um que de dúvida
Há sempre com o passado dívidas
Mas quem sabe talvez...
O otimismo tenha vez...
E eu outra vez...
Possa ser feliz...

Carmen Cecilia
01/06/2013

Foto de cafezambeze

FUNGULAMASO


FUNGULAMASO
1977 RIO DE JANEIRO.
O RIO DE JANEIRO SEMPRE FOI UMA CIDADE VIOLENTA.
EM 1977 JÁ O ERA, MAS NADA QUE SE COMPARASSE AOS DIAS DE HOJE. QUEM SABE A DITADURA
MILITAR SE FIZESSE MAIS PRESENTE...
OS POLICIAIS AINDA USAVAM REVÓLVERES E VELHAS MAUSERS, E OS FORA DA LEI AINDA NÃO
SE TINHAM ORGANIZADO. ME ATREVO ATÉ A DIZER, QUE NA SUA MAIORIA, ERAM APENAS FREELANCES.

HOJE ELES USAM ARMAS AUTOMÁTICAS E SEMI-AUTOMÁTICAS. EXPLODEM BANCOS, SEQUESTRAM
QUALQUER UM A TROCO DE ALGUNS REAIS E MATAM POR DÁ CÁ AQUELA PALHA. NÃO EXISTE MAIS
UMA IDADE MÍNIMA PARA ENTRAR NO CRIME. CRIANÇAS QUE AINDA USAM FRALDAS MATAM GENTE.
SE ERAM MANCHETE NOS PRIMEIRAS PÁGINAS DOS JORNAIS, HOJE CEDERAM LUGAR AOS POLÍTICOS.
ELES FICAM LÁ PELO MEIO. A SANGREIRA JÁ VIROU ROTINA. A CADA DIA QUE PASSA AUMENTAM OS
NÚMEROS. O GOVERNO RESOLVEU DESARMAR A POPULAÇÃO, MAS NÃO INCLUIU OS CRIMINOSOS NO MEIO.
E A JUSTIÇA?... BEM, A JUSTIÇA É CEGA.

MAS VOLTEMOS A 1977 PARA CONTAR A MINHA ESTÓRIAZINHA.
EU SAÍA LÁ PELAS 5 DA MANHÃ, E SÓ CHEGAVA A CASA LÁ PELAS 8/9 HORAS DA NOITE.
SALTAVA NO PONTO FINAL DO AUTOCARRO, E TINHA QUE CAMINHAR UM BOM PEDAÇO A PÉ, POR RUAS JÁ
DESERTAS.
ÁQUELA ÉPOCA, EU USAVA UMA BOLSA PARA CARREGAR DOCUMENTOS, SEMPRE SOLICITADOS PELA POLÍCIA,
E TRAJAVA O QUE TROUXE DE MOÇAMBIQUE, CALÇA E BALALAICA. A BOLSA, AQUI CHAMADA DE CAPANGA,
EU ENTALAVA NAS CALÇAS, DEIXANDO-A COBERTA PELA BALALAICA A FIM DE NÃO CHAMAR A ATENÇÃO.

CERTA NOITE, MERGULHADO NUM SILÊNCIO QUE ME PERMITIA ATÉ OUVIR OS MEUS PASSOS, REPARO
QUE SOU SEGUIDO, E LOGO OUÇO OS PASSOS DO MEU AMIGO, NO OUTRO LADO DA RUA, AUMENTAREM O RITMO.
TÔ FERRADO. VOU SER ASSALTADO!
AINDA HOJE SORRIO QUANDO ME LEMBRO DO QUE FIZ. QUANDO PASSEI POR DEBAIXO DE UM LAMPIÃO,
OSTENSIVAMENTE, LEVANTEI A BALALAICA E LEVEI A MÃO À CINTURA, OS PASSOS ATRÁS DE MIM,
DIMINUIRAM O RITMO. TATEEI O FECHO DA BOLSA QUE ABRI, FECHANDO-O EM SEGUIDA PRODUZINDO
UM CLIQUE QUE SE ASSEMELHAVA MUITO AO ENGATILHAR DE UM REVÓLVER. MANTIVE LÁ A MÃO.
A PERSEGUIÇÃO ACABOU. NAQUELE TEMPO ELES AINDA TINHAM UM MATACO PARA CUIDAR.

NOTAS:
FUNGULAMASO (ABRE OS OLHOS, CUIDADO, PRESTA ATENÇÃO)
MATACO (RABO)

Foto de Carmen Lúcia

Não faz sentido

Não faz sentido viver por viver
sem abraçar sequer uma nobre causa,
viver sem ver a luz do amanhecer,
página aberta induzindo a recomeços,
convite incessante para perceber os erros
e com eles, uma alavanca para os acertos.

A cada recomeço, novas pedras a remover.
A cada cansaço, nova pausa pra se refazer,
onde o silêncio pede para refletir
o que é viver ou simplesmente existir.

Não faz sentido viver sem amar,
não cravar no cerne das pessoas nossa marca,
fazer a diferença na vida de alguém
e ter alguém ao lado em nossa caminhada.
A estrada é longa e triste sem ninguém.
Sozinhos não alcançaremos nada.

Não faz sentido viver sem viver
um grande amor, uma paixão desenfreada
ou, acomodados na mesmice da rotina,
deixar que o tempo leve nossos sonhos
sem que nos apaixonemos novamente pela vida.

Não faz sentido ver o mundo da janela
onde a tramela não permite perpassar por ela
pra desvendar o novo, no afã da descoberta,
ver as belezas das paisagens que acenam,
cair e levantar e começar de novo.
O recomeço faz a vida ser mais bela.

Não faz sentido aprisionar os sentimentos;
a autenticidade é trampolim à liberdade.
Seremos livres libertando os pensamentos,
voar com eles em busca de emoção,
dar vazão ao catarse, alívio emocional
e na hora do adeus final
percebermos que viver não foi em vão.

_Carmen Lúcia _

Foto de CarmenCecilia

PRIMEIRO DE MAIO (HOMENAGEM)

PRIMEIRO DE MAIO (HOMENAGEM )
No meu trabalho ralo...
E como ralo!
Ralo
Às vezes ralho...
E se ralho
Às vezes falho.
Sou diurno...
Sou noturno...
Sou da madrugada.
Atrevo-me...
Ouso… melhor dizendo.
Recolho-me
Estou bem...
Muitas vezes mal
Sou etc. e tal...
Um “tal” de fazer coisas
Com tamanha euforia
Que me levam ao
Encantamento
À alegria
Deslumbramento
Dedicação a toda prova
É o que eu sou.
Renovo... Inovo...
Recomeço de novo.
Repentinamente
Tormento...
Sou rotina...
Sou motim...
Sou tristeza…
Sou tudo enfim.
Mas ai de mim...
Sem meu trampo...
Sem meu campo...
Os cabelos arranco…
Mesmo nos contratempos.
Pois o trabalho
Preenche os meus vazios,
Faz-me progredir.
Seguir em frente...
A minha meta
É produzir...
Marchar adiante...
É semear...
plantar…
Colher…
E rechear a vida...
Com a dádiva do trabalho

CARMEN CECILIA & MARIA GORETI ROCHA

Foto de P.H.Rodrigues

Homem da calçada

O homem jogado, largado,
na rotina de ver o tempo que passa,
na calçada, a noite, deitado,
seguindo o rumo que a cidade traça.

Na mão, no pagar, no sacar o cartão.
Esperando a justiça que tarda mais não falha.
O peso que sente o bolso para pagar o que vem do solo,
nosso, da gente, do povo.

Do afastado às calçadas da cidade.
Na certeza do ontem, do hoje, o agora.
Onde se começa um novo dia,
e se repete a rotina de ver o tempo passar.

Foto de P.H.Rodrigues

Homens

Somos feitos de várias Bias, Renatas, Danielas,
várias Janainas, Ana Julias, Rafaelas.
Somos filhos de várias Marias.

Somos loucos por prazer e adrenalina.
Criadores do mundo e do acaso.
Somos donos da nossa própria rotina.
Somos Homens.

Foto de Carmen Lúcia

A última estrela

O dia amanhece após infindável noite
marcada pela presença tediosa da insônia.
A última estrela apaga suas luzes
cega pelo farol do sol que desponta.
Submissa ao sistema recolhe-se à reclusão
para ressurgir nova em nova missão.

Tal rotina não a obstina.Dócil e matreira
oferece à nova noite a doação rotineira.
Brilhar sempre, enquanto brilho tiver...
Brilho que é seu, oferenda para o céu
a abraçar os insones, suavizando suas noites
até que olhos afoitos lhe sorvam a luminosidade
e um dia ela se acabe
perdendo-se na soturna escuridão...

Olhos que por ela se encantam
e obcecados roubam-lhe a luz
refletida em lágrimas derramadas.
Despertos durante noites inteiras,
longas madrugadas, horas de solidão,
tendo como fiel companheira
a lucidez de uma estrela sem constelação.

_Carmen Lúcia_

Páginas

Subscrever Rotina

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma