Blog de Sonia Delsin

ENTRE O CÉU E A TERRA

Temos a ilusão
tantas vezes
que o céu
e a terra
se fundem...

Mas entre
o céu e
a terra
existe
uma distância enorme
quando não se
sabe voar...

BORBOLETAS

Elas revoam no meu jardim.
Parece que sentem pena de mim.
Parece que descobrem este meu coração apertado.
Ele fica calado.
Mas tem tanto guardado.

São tão coloridas, festivas.
E vão me alegrando.
Fico pensando.
Tudo é tão leve e tão breve.
Por que tanta angustia?
Por que tanta dor?
Por que sofrer por amor?

São como florezinhas que dançam.
São como criancinhas que se lançam...
...
... se lançam ao espaço.

Também eu quero entrar na dança delas.
Também eu desejei me esquivar deste mundo aqui.
E consegui.

Estou dançando.
Estou ao espaço afora me lançando.
Num jardim tão longínquo.
Não o jardim dos esquecidos.
O jardim dos entes muito, muito queridos.

O SONHO ACABOU?

Meu bem. Tenho as mãos vazias.
Frias.
Estendidas.
Suplicantes.
Mas sei que nunca mais será como antes.
O sonho acabou.
Acabou.
Como a última estrela.
Se apagou.

Como a onda vai e vem pensei tantas vezes.
Será que volta o meu bem?
Eram esperanças infundadas.
Me peguei até a dar risadas.
No eco do tempo eu as jogava esperando que chegassem até os seus ouvidos.
Queria que imaginasse que eu estava feliz.
Queria.
Ah! Como quis!
Enterrar este amor no meu peito.
Retirar.
Com um punhal retirar.
Das minhas retinas afastar uma imagem que se acostumou a ficar.
O sonho acabou?
Talvez o destino deste sonho é para sempre durar.

PRAZER TOTAL

Ah! A tua boca.
Ela me faz enlouquecer.
De prazer, de prazer...
A tua boca é uma delícia.
Gosto de tuas carícias...
De nossos momentos.
Gosto tanto quando me apertas em teus braços.
De fazer amor contigo.
A tua boca é tudo de bom.
Quando ela principia...
A me beijar ela inicia...
Me traz tanta alegria.

DOIS LOUCOS

Loucos.
Jogaram confete para o alto.
Jogaram pedras no vale.
Apedrejaram a imagem da felicidade.
O sorriso.
A bondade.
Esmagaram as asas da borboleta.
Cortaram as veias, sangraram...
Ensanguetados, doloridos.
Dois perdidos.
Madrugada afora.
Foi tudo embora.
Dois loucos...
Nada mais agora.

ILUSÃO

Foi só uma ilusão.
Ah! Este meu coração!
Ele gosta de nuvens frescas, de estrelas, de borboletas...
... de colibris.
De céu anis.
Este meu coração é meio descuidado.
Mas não sintam pena do coitado.
Ele me proporciona tanta alegria.
É um coração puramente poesia.

Como estava dizendo.
As coisas foram acontecendo.
Alguém me cativou com um simples sorriso.
Um sorriso doce.
Pensei.
Foi o céu que me trouxe.

Ah! Este homem foi tudo de bom que apareceu no meu caminho.
Entre nós... entre nós... tanto carinho.

Se foi uma fantasia?
Mas quem se importaria?

SUSSURRANDO AO VENTO

Era o vento na janela.
Era o vento.
O vento erguia a saia dela.
Brincava.
E judiava.
O vento quando chegava...
Vinha trazendo um recado...
... um recado do seu amado.
Dizendo porque partira.
Porque se despedira.
Vento, cala. – ela pedia.
E o vento a ignorava.
Mas também a surpreendia.
Tinha dias que ele chegava com algo novo.
Dizendo.
- Ele não te esqueceu.
E ela respondia ao vento num sussurro.
Nem eu... nem eu.

POR CONTA DO TEMPO

Eu sabia que um dia...

Sabia que viria outro tempo, viriam outros dias...
Pacientemente esperei.
Não me desesperei.
Não esperneei.
Deixei...
Por conta do tempo.
As coisas acontecem naturalmente.
Tudo se ajusta.
Hoje que posso dizer?
Que me esqueceste, que consegui te esquecer?
Posso dizer que tudo que houve entre nós nos fez crescer.
No fez crescer.

NEM ME ARRISCO

Talvez amanhã
ou depois...
Talvez ainda nós dois.

Do futuro o que conheces?
E o que eu sei?

Eu sempre te amei...
Nas madrugadas frias.
Nas minhas tardes vazias.

Talvez ainda possamos nos encontrar.
Sentar e conversar.

Abraçar e beijar?
Nem me arrisco a comentar.

MEU BEM

Meu bem.
A vida é uma porta de vai e vem.

Estou sozinha na noite.
Ela me é açoite.

Ouço um grilo cantar.
Está a gritar?
A sua amada a chamar?

Será que ele pensa também
que a vida é uma porta de vai e vem?

Corro ao espelho e fico me olhando.
No fundo de meus olhos buscando.
Os dias felizes que passei ao teu lado.
Foste o meu amado.

És?
Ainda és?
Tantas vezes trocamos mãos por pés.

Fico ouvindo o grilo e pensando...
Nos passos que dei.
No quanto sorri.
No quanto chorei.
A alma eu lavei.

Meu bem.
A vida é mesmo uma porta... uma porta de vai e vem.
Olho o espelho.
Dentro dele alguém.
Ao meu lado... alguém.