Canto

Foto de P.H.Rodrigues

Abraçando Flores

Já que estamos nesse mundo de passagem,
por que não subir em um barco e sair a navegar?
Pra sentir a chuva cair e se deixar molhar?!

Sem preocupações ou deveres pra resolver,
Sem muitas escolhas pra se decidir,
Vendo o horizonte e sabendo bem para onde ir;

Conversando com flores, abraçando árvores,
fazendo de cada canto um pedaço de si,
se encaixando com o improvável revelando novos pares,
distribuindo um pouquinho de sorriso aqui e ali.

Não há porque ficarmos trancados em nossas celas imaginárias
enquanto os ponteiros rodam sem se preocupar
se estamos ou não satisfeitos com o tempo que não irá mais voltar.
Devemos fazer de cada momento, fotos e sensações lendárias.

Foto de Ednaschneider

Poesia- Fonte de Juventude

Afastei-me de todos os poetas
Enterrei meus talentos
Agora o que me resta?
Chorar a todo momento?

Minha riqueza não eram em cifrão
Era fortuna de contentamento
E por causa de uma paixão
Deixei os versos soltos ao vento.

Um poeta será eterno
Na fonte em que se bebe
As águas da juventude: os seus versos
E inspiração que o rejuvenesce.

Por isso amigos poetas
Perdoem-me a minha ausência
Estou frágil, mas ainda resta
Meu pensar, a minha essência.

Nesse período distante
Eu não consegui cantar
as músicas a mim ofertadas
nem um quadro de natureza consegui pintar.

A lua era minguante nas noites frias
Nos dias quentes o sol queimava
A beleza da vida inteira não mais via
Nem o canto do pássaro admirava.

Meus cabelos ficaram grisalhos
A voz rouca
O ouvido falho
A visão fosca.

Não consegui cantar
Não ouvia o vento
Não via a beleza do mar
Mas restou-me o sentimento
A vontade eterna de poetizar.

Nas águas da poesia agora me vejo
Nas eternas fontes da inspiração
Bebo versos e me rejuvenesço
Mais forte estou: satisfação!

16-10-2012 Joana Darc Brasil *
*Edna Schneider Lemos

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Senso Comum - Parte 6

A minha mulher é necropsista.

Ela junta os caquinhos das pessoas. As pessoas, que lhe chegam estraçalhadas, sem vida, aparecem-lhes desfiguradas, desmanteladas, podres. Ela examina os corpos para saber do que a pessoa sofreu, toca-lhes, e imagina como se deu o sofrimento daquele ser que tem ali os seus restos dispostos.

Eu vi apenas fotos, e posso garantir sem diminuir: morrer é uma merda.

Aproveitem a vida. Não do modo que você fazem, disperdiçando o tempo que lhes foi dado gratuitamente. Eu falo do modo grego. A incerteza de um destino maravilhoso, de um paraíso utópico. A busca pela glória, o estudo e a reflexão, o trabalho útil, o compartilhamento natural e humilde. A possibilidade de que talvez Deus não exista, mas a fé, duradoura e firme, de se sentir bem e satisfeito. A consciência líquida. A loucura do amor. O verso. O canto redescoberto.

Se eu morrer amanhã, não morro desenganado.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

O Nome do Amor

O amor verdadeiro sempre foi de graça. Sempre esteve ao seu lado, ali, jogado num canto. O amor te abrigou no dia frio e cinzento da realidade nua e crua, o amor te guardou na chuva, te abriu as portas de um sonho bom. O amor não te pediu identidade, não te cobrou ingresso, não olhou a sua cara antes, foi cego, te amou assim que te sentiu. O amor te prendeu como uma corrente que segurou seus pés e suas mãos, não deixou você sair mais, se arrastou em suas pernas quendo você foi na esquina, te arranhou, te castigou para o seu bem, te xingou, de tudo quanto era nome, quando o único que pensava em dizer mesmo era o seu. O amor se declarou sem você pedir, te desejou até quando você esborrachou a cara no chão, ao não olhar direito a pedra que tinha no meio do caminho.

O nome do amor é o nome do meu viver.

Foto de Joaninhavoa

um clik!

***
**
*
«um pêlo
um cabelo
vestígios por aí...
um canto d`olho
Àngulo! Pestanas
num abrir e fechar
e a pupila a dilatar...
é preta ou castanha
luminosa d`Avilar
e o branco da córnea
congestionado! Vi
vermelho por chorar.... »

Joaninhavoa
(helenafarias)
2012/09/13

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Independência

Eu sou feliz pois eu tenho liberdade.
Eu tenho a liberdade de obedecer a polícia, a milícia e o tráfico.
Eu tenho a liberdade de beber e fumar compulsivamente.
Eu tenho a liberdade de comprar o remédio genérico que me venderam para amenizar a dor do rombo da previdência e a falta de algum médico.
Eu tenho a liberdade de ir para todo canto, pagando pedágio.
Eu tenho a liberdade de ser favelado, morar mal e cheirar pior.
Eu tenho a liberdade de ver a novela em baixa definição.
Eu tenho a liberdade de ser ignorante e deixar meu dinheiro para um estrangeiro.
Eu tenho a liberdade de sentir catarse ao ver a cidade alerta.
Eu tenho a liberdade do toque de recolher das oito da noite.
Eu tenho a liberdade das águas que cercam minha casa.
Eu tenho a liberdade de ter que ter um celular com Bluetooth para ser respeitado.
Eu tenho a liberdade de ser sociável a todo custo.
Eu tenho a liberdade de ter o ensino médio e seis meses de experiência na carteira.
Eu tenho a liberdade do voto e do serviço militar obrigatório.
Eu tenho a liberdade de ficar atrás das cercas.
Eu tenho a liberdade de ouvir os Racionais dizerem o quanto é melhor ser negro do que brasileiro.
Eu tenho a liberdade de ser o individualista, de morrer jogado num canto, depois de esperar a visão dos tantos olhos que vigiam a minha felicidade.

Foto de Maria silvania dos santos

Seu lugar vazio!

Seu lugar vazio!

Hoje pela madrugada, perdi o sono fiquei acordada, senti tua falta, sem sono fiquei estressada, deitada naquela cama grande e vazia, apenas eu nela tinha, madrugada de frio, seu lugar vazio, virei, revirei, a cada canto eu observei...

De te senti saudade, desejei sentir o calor de tuas mãos acariciando e aquecendo o meu corpo que de desejo afogueja.
O meu tesão era imenso, extenso, desejei lhe amar, tua boca eu quis beija-la...
Venha me amar, o meu corpo aquecer, te darei todo prazer que um dia você não pode ter...
Quero te ouvir gemer, sentir a essência do prazer.
Ainda podemos amar, na cama em qualquer lugar, estou a te esperar meu carinho quero lhe dar...

Autora; Maria silvania dos santos

Foto de Carmen Vervloet

Hóspedes Desconhecidos

Sua cor eu desconheço,
desconheço também sua espécie,
mas seu canto agrada meus ouvidos!
É um canto melodioso e triste
que enternece o coração.
Sei que tomaram de empréstimo
meu ar condicionado,
(meu quarto é amplo,
por alguns dias não vou morrer sufocado)
nele fizeram seu ninho com esmero e carinho
e aguardam o nascimento dos filhotes,
cuidando com zelo dos preciosos ovinhos.
Nesta selva de pedras
precisamos dividir nosso espaço.
Os pássaros já não possuem
seu habitat original,
nem árvores, nem casas com beiral,
buscam qualquer cantinho, mesmo nada especial.
Fiquem passarinhos o tempo que for preciso,
encantem minha alma, despertem meu riso!
Sei que quando partirem
deixarão um vazio em meu aposento
mas meu coração, seduzido, ficará a espera
de um novo encantamento.

Foto de Alexandre Montalvan

Palavras de Amor

Se
todas
as palavras
fossem-me dadas.
E o canto das aves
ao nascer do dia, na alvorada.
Como sementes brotariam
versos e mais versos para você, minha amada.

E eu te amo, como fosse amor,
o primeiro,
eu até diria, gritando ao
mundo inteiro "Eu te amo",
porque te amar é minha sina, eu não exagero

E com meu coração aberto
este louco amor esta em mim e em você
o passageiro é por conta do incerto.
Assim como o nosso amanhecer

Alexandre Montalvan

Foto de WILLIAM VICENTE BORGES

SARÇA ARDENTE

SARÇA ARDENTE
Por: William Vicente Borges
CANTO I

1
Há um fogo que arde na sarça.
Ela está na minha frente.
Eu tremo. A terra treme!
A sarça arde, mas não se queima.
Continua viva, continua verde,
continua sendo sarça.

2
Há um fogo que arde na sarça.
E meu coração é pequeno demais
para entender este fogo que não queima.
Esta sarça que arde e não se consome.
Esqueço quem sou quem eu fui,
esqueço de tudo, até de meu nome.

3
Há um fogo que arde na sarça.
O deserto está muito quente.
Mas o fogo, este é diferente.
Fogo sem combustível, mas ardente.
Não sei o que faço, se corro, ou fico,
mas não dá pra ficar indiferente.

4
Há um fogo que arde na sarça.
Nunca vi nada assim antes,
como isto pode acontecer?
Será miragem de sol escaldante?
Será que fiquei louco neste instante?

5
Há um fogo que arde na sarça.
Não consigo ver nada ao redor.
Só eu e esta sarça que arde.
O chão não pára de tremer.
Ou são minhas pernas que tremem.
Será aqui que vou morrer?

6
Há um fogo que arde na sarça.
Ouço o crepitar do verde que não queima.
Ouço o crepitar de meu coração batendo forte.
Meu peito também está ardendo.
Sabe que está diante de algo não natural.
Será isto do bem, ou do mal?

7
Há um fogo que arde na sarça.
Devo me aproximar, ou não?
Há algum perigo que a espera?
Não sinto o perigo, mas temo.
Sairei daqui, machucado? Ferido?

8
Há um fogo que arde na sarça.
Quem me trouxe aqui pra ver?
O acaso? O destino? Não sei.
Não acasos ou destinos, creio.
Há propósitos e caminhos,
há na minha mente muito receio.

9
Há um fogo que arde na sarça.
Minha vida, sempre sem pressa, espera.
Preciso aqui aguardar.
O que vem depois da espera?
Deveria ser outro neste lugar.
Não eu diante de estranho queimar.

10
Há um fogo que arde na sarça.
Não irei mais me preocupar.
Uma paz estranha invade minha alma.
Posso neste fogo confiar.
Quero ficar aqui afinal.
Não preciso realmente recuar.

CANTO II

11
Há um fogo que arde na sarça.
O tempo parece que parou.
Começo a pensar em muitas coisas.
Lembranças antigas de outro tempo.
Não sei por que penso nela aqui,
parece que encontrei o infinito.

12
Há um fogo que arde na sarça.
Lembro-me menino ouvindo histórias.
As histórias de um único Deus vivo.
Ouvi de um menino lançado num rio.
Que não foi almoço de crocodilos.
E se tornou um príncipe no Egito.

13
Há um fogo que arde na sarça.
O meu povo escravo naquele país.
Tantos anos longe da terra de seus pais.
Da terra dos antigos adoradores.
Terra que mana leite e mel.
Vivendo, hoje, todo tipo de horrores.

14
Há um fogo que arde na sarça.
As lembranças não param de vir.
De minha mãe ouvi tantas histórias sem fim.
Dos sonhos do jovem José, que sofreu,
que usava capa colorida,
e que em terra estranha venceu na vida.

15
Há um fogo que arde na sarça.
Que faz arder meu peito.
Tenho um povo, tenho uma missão?
Mas não volto mais de onde saí.
Estou velho, tenho medo, não sei falar.
Nada posso fazer nesta situação.

16
Há um fogo que arde na sarça.
Melhor eu parar de pensar.
Esta loucura tomou conta de mim.
Meus olhos doem, estou tonto aqui.
Não quero mais recordar tanto.
Não quero lembrar que fugi.

17
Há um fogo que arde na sarça.
Isso não faz o menor sentido.
Ou será que todo sentido faz?
Não parece haver caminho de volta,
Perdi o sentido de direção
Por quer arde tanto este coração?

18
Há um fogo que arde na sarça.
Quer confrontar minha identidade.
O que espera de mim?
Não respeita minha liberdade?
Como pode me afetar tanto
logo eu nesta minha idade.

19
Há um fogo que arde na sarça.
As lembranças, teimosas, vem e vão.
Objetivação ou subjetivação?
Sim, eu feri, eu matei, em vão.
Meus pecados queimam meu interior.
Não vou reviver mais esta dor.

20
Há um fogo que arde na sarça.
Não vou lutar com estas recordações.
Queria eu, não ter mais memória
Aqui fiz nova vida, estou muito feliz.
Tenho esposa, família, filhos.
Estou como sempre esperei e quis.

CANTO III

21
Há um fogo que arde na sarça.
Volto-me finalmente para o hoje.
Detenho-me diante deste instante.
Como a vida se me apresenta dura.
Mas nada muda o que observo
A sarça cujo fogo perdura.

22
Há um fogo que arde na sarça.
Numa desconhecida relação universal.
Neste dia de um tempo qualquer.
Quem sabe na história ficará.
Ou apenas na lembrança de um homem velho.
Definitivamente não sei o que será.

23
Há um fogo que arde na sarça.
Parece elaborar uma nova ordem.
Acabará com o caos da minha vida.
Sabe bem aonde quer chegar.
Irá iniciar uma jornada definida.
E nada vai lhe embaraçar.

24
Há um fogo que arde na sarça.
Não há como isto contestar.
Há saída para o sofrimento.
O mal não irá triunfar.
Há dia para o fim do tormento.
Heróis com ou sem medo irão lutar.

25
Há um fogo que arde na sarça.
Há belos hinos angelicais.
Há milagres sendo gerados.
Há ventos que sopram do norte.
Há uma obra metrificada.
Há cheiro de vida e de sorte.

26
Há um fogo que arde na sarça.
Há segredos que nele se escondem.
Há verdades que serão reveladas.
Estou perdendo a respiração.
O fogo não vai se apagar?
Não sinto mais nenhuma aflição.

27
Há um fogo que arde na sarça.
Algo que jamais irei esquecer.
Momentos que jamais passarão.
Parece sonho, mas é vulcão em erupção.
A sarça arde com grande poder.
Aumenta minha palpitação.

28
Há um fogo que arde na sarça.
Que beleza sem igual esta visão.
Que mais eu poderia ver depois disto?
O que me chamaria mais a atenção?
Nunca mais esquecerei tal dádiva.
Será minha maior recordação.

29
Há um fogo que arde na sarça.
E que grande ponto de interrogação.
Quantas perguntas me estrangulam.
Quão grande minha imperfeição.
De onde me virão respostas?
Quem me dará a solução?

30
Há um fogo que arde na sarça.
E ninguém segura minha mão.
Que profunda é esta situação.
Como roda minha mente.
Estou ficando sem forças.
Tenho que ficar alerta novamente.

CANTO IV

31
Há um fogo que arde na sarça.
O tempo vai passando sem passar.
Minhas pernas continuam bambas.
Há um silêncio difícil de explicar.
As respostas ainda não vêem.
E eu não paro de suar.

32
Há um fogo que arde na sarça.
Estou com os nervos à flor da pele.
Este lugar parece não existir.
Quero gritar, mas não consigo.
Como suportar este mistério?
Preciso que alguém fale comigo.

33
Há um fogo que arde na sarça.
Uma voz retumba no ar.
É perturbadora, forte, tensa.
Fico paralisado de pronto.
Meu coração reconhece o estrondo.
Minha emoção se torna imensa.
34
Há um fogo que arde na sarça.
Uma voz sem igual sai dela.
Uma voz que não confunde.
Não posso estar delirando.
Não é o calor do deserto
É a voz que estava esperando.

35
Há um fogo que arde na sarça.
Tudo está tremendo mais.
Eu tremo absurdamente.
Não haverá misericórdia?
Quantas coisas na minha mente.
O coração e a razão entram em discórdia.

36
Há um fogo que arde na sarça.
Não sou tão corajoso.
Algo então me acalma.
A voz entra no meu interior.
Sinto que ela me abraça.
Ela é expressão maior de amor.

37
Há um fogo que arde na sarça.
Voz que é igual a de muitas águas.
Que faz até o céu enrolar.
Simplesmente Toda Poderosa.
Voz que tudo transforma.
E ao mesmo tempo formosa.

38
Há um fogo que arde na sarça.
Uma voz que está a me chamar.
Quem fala me conhece bem.
Sabe tudo o que sinto.
Sabe o que penso se,
digo verdades ou minto.

39
Há um fogo que arde na sarça.
Ela não se consome nunca.
Dela vem a voz não natural.
Nada pertence a este mundo.
É tudo para mim estranho,
Tudo é muito profundo.

40
Há um fogo que arde na sarça.
Sei agora que alguém comigo.
Nesta voz que tudo estremece.
Mas sinto nela um amigo.
Estou mais descansado,
Aqui se tornou meu maior abrigo.

CANTO V

41
Há um fogo que arde na sarça.
Há um comando que dela vem.
Ouço em alto e bom som:
E eu obedeço de pronto
__ Tira as sandálias dos pés.
Este lugar é santo!

42
Há um fogo que arde na sarça.
Há foco também na voz.
Há fogo em cada ordem.
Não há como não obedecer.
É a verdade personificada.
Sou parte do seu querer.

43
Há um fogo que arde na sarça.
Tirei as sandálias empoeiradas
Meus pés sentem o chão santo.
Nada é como dantes era.
O passado, o presente, o futuro.
Não existem mais nesta esfera.

44
Há um fogo que arde na sarça.
Uma voz que se deixa ouvir.
Um solo de santificação.
Pés descalços então.
Um poder que sente no ar.
E quase pára meu coração.

45
Há um fogo que arde na sarça.
Ouço atentamente quem fala.
A voz que os antigos ouviram.
O sonho que se tornou real.
O poder que os antigos sentiram.
Neste tom e sobrenatural.
46
Há um fogo que arde na sarça.
Ele esteve comigo no rio.
Guiou meus débeis passos.
O que quer ainda comigo?
Logo aqui no meu sossego.
O que quer meu amigo?

47
Há um fogo que arde na sarça.
Esse fogo existe e não come.
Muita coisa para este finito ser.
Diminuto verme neste mundo.
Tão pobre quanto inútil.
Um simples pastor imundo.

48
Há um fogo que arde na sarça.
A voz continua a falar.
E eu a ouço forte e potente.
O chão treme, estou tremendo.
Um misto de emoções me surpreende.
Mas eu escuto e compreendo.

49
Há um fogo que arde na sarça.
Eu vejo, escuto e sinto.
A cada dito sou atingido.
Não posso sair daqui.
Estou preso fora do tempo.
Não há nem como fugir.

50
Há um fogo que arde na sarça.
Tudo isso é tão possível.
Àquele que fala; àquele que vive.
Nunca de mim se esqueceu.
Em todo tempo me preparou.
Mas porque logo eu/

CANTO VI

51
Há um fogo que arde na sarça.
Ele ouviu o clamor dos aflitos.
E eu aqui livre e contente.
Sem ouvir de todos os gritos.
E daí, se um dia fui valente.
Hoje sou sombra de velho mito.

52
Há um fogo que arde na sarça.
Eu digo que não quero ir.
Vendo o fogo, ouvindo a voz.
Mesmo assim me mostro covarde.
Mas ele transforma a mão e o cajado.
Fortes argumentos de sua parte.

53
Há um fogo que arde na sarça.
Eu não imaginaria jamais isso.
Ter agora este “chama-mento”.
Sair da paz deste meu momento.
Para buscar um povo que chora,
Por que ele viu o seu tormento.

54
Há um fogo que arde na sarça.
Não há como a ele dizer não.
Convence-me de forma plena!
Subjugou minha teimosia atroz.
E quando me indagarem quem és?
Dirás que “Eu Sou” enviou a vós.

55
Há um fogo que arde na sarça.
Uma jornada de volta vou enfrentar.
Um grande inimigo me espera.
Mas este amigo me acompanhará.
Não sei o que verei daqui em diante.
Mas o poder me acompanhará.

56
Há um fogo que arde na sarça.
E tudo se transforma novamente.
Com Ele é assim, não há discussão.
Nada do que pensamos, quase? Vale.
Planos? São todos em vão.
Mas é melhor repousar em sua mão.

57
Há um fogo que arde na sarça.
Jamais irei saber por que eu?
Diante de tantos outros mais fortes.
Logo a mim, fugitivo de outrora.
Um homem sem nome ou atrativos.
Completamente destituído de glória.

58
Há um fogo que arde na sarça.
Este fogo agora arde em meu coração.
Sigo em frente, cajado na mão.
A voz ressoando em meus ouvidos.
Caminho agora para minha missão.
Ouço como ele dos irmãos os gemidos.

59
Há um fogo que arde na sarça.
Fogo para consumir a escravidão.
Que faz tremer o pior opressor.
Ai dos que oprimem o povo do grande “Eu Sou”.
Ai daqueles que tocam em seus ungidos.
Pois é o povo que ele sempre amou.

60
Há um fogo que arde na sarça.
Olhando-os livres, e dançando após o mar.
Vendo os milagres que Ele realizou.
Vendo as mulheres sem correntes nos pés.
Ainda me ressoa a voz onipotente:
__ Agora vai! Moisés!

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