Queda

Foto de carlos alberto soares

BRUMADINHO

Ela descia lamacenta
Forte e lenta
Destruindo tudo em frente
Em sua volúpia demente

Matava gente
Que inocente matava a mata
Matava os bichos, que morriam com sua morte

Na matança
Provocada por ganância
Morriam sonhos como os meus
Morriam outros definhados por perderem entes seus

Descia dinheiro sujo,
Cujo custo mata o rio
Morre o peixe, morre a margem
Como é triste tal imagem

Morre eu, morre você, morre quem de fato morreu
Neste crime ambiental
Morrem eles de morte e morro eu de desalento

Morre quem falou e não foi ouvido
Morre também quem não escutou
Morre quem trabalhava pra buscar vida
Sem saber que levava morte

Morre o rio que eu amo
Sempre lá estava pescando
Já não tinha muito peixe
Por matarem suas águas

Morre a toca e a alegria em sua volta
Morre o dourado e o Surubim,
O piau e o mandi
O pacu e a piranha
Morrem por insaciável sanha

Morre aos poucos Brumadinho
Com a riqueza que vem das montanhas
Pouco a pouco... Semana a semana
Lhe arrancam as entranhas

Ironia do destino (será?)
O vale hoje é de morte
A morte é da Vale
Diante cifras a vida pouco vale

No choro que faz perder o sono
Choro o triste abandono
Da vida em favor do lucro
Onde a lama fez sepulcro

Chora Brumadinho, chora eu
Chora o mundo,
Choro de compaixão
Desce a lama pelo córrego do feijão
A riqueza retirada das montanhas
Se desfaz em cada queda
Que segue rumo a Paraopeba

E que Deus proteja Brumadinho e seu povo amado
Seu Rio, sua cultura e sua vida
Proteja o vale, destruído inconsequente pela vale
Deus tende piedade!

Foto de Rosamares da Maia

O Circo de Dayse

O Circo de Dayse

Palhaço solitário deserdado, sem circo,
Faz da vida a piada, lona e picadeiro.
Malabarista por destino desengonçado,
Dribla a falta do cenário, ensaia e encena.

O seu texto? A comédia diária da sua vida.

Trapezista sobrevivente do dia a dia se atira,
Sem rede, com medo, sem prumo, sem rumo.
Em baixo o pesadelo na garganta dos leões.
Queda livre, pirueta ousada, abuso fatal.

Bem próximo de ser devorado, no quase,
Cai em sono profundo embalado no riso,
Ouve as gargalhadas das crianças. Dorme feliz.
Sonha com as peripécias da vida de palhaço

Salvação atrapalhada, de muitas trapalhadas.
Sonha com o seu quarto – O que nunca teve.
Vê janelas pintadas de azul, viradas para o sol.
Um quarto branco com duas amplas portas.

Uma a da entrada, a outra a salvação da saída.

Quando entra é Arlequim, dor e lágrimas,
Palhaço insosso e triste de um mundo que pesa.
Quando sai é palhaço da periferia, nome Alegria.
Canta, rola cambalhotas na grama verde.

Vê o céu, janela azul e irreverente faz careta,
Reverências para uma plateia que o espera.
...Senhoras e Senhores – Tam, taram, tam tam!,
Que rufem os tambores!

“E o Palhaço o que é?...Hoje tem sim senhor!”
Acorda! Vamos palhaço! O show é a vida.
E o espetáculo vai recomeçar.

Foto de Jardim

na luta diária, tropeços

na luta diária, tropeços,
pedras, nuvens, ventanias,
gasto meu tempo, perjuro,
gasto meu grama de coragem,
meu punhado de futuro.

sigo com o olhar atento,
como quem leva a urgência
de um recado, resoluto,
cumprindo algum mandado
por força do insondável absoluto.

entre as colunas da tarde
calcinadas de lástimas,
entre as paredes, descrente.
um sol melancólico queima
onde ninguém pode ser indulgente.

entre os devassados
esconderijos que busco
entre a sede e a bebida
se vai sem perceber um dia,
um mês, um ano, toda uma vida.

perdulário das horas, dos minutos,
do mundo que eu não soube decifrar,
troco por incerteza o ar errante
e por força do hábito
troco o porvir por um instante.

dos passos em que cego me revelo,
a cada queda me recobro,
preservo o fogo que em mim dura,
no qual forjo, sem medo ou angústia
as faces da máscara futura.

na treva em que me embrenho
sem saber quem sou, existo.
nas vertigens do alento,
sobre as curvas do caminho
ultrapasso a curva do momento.

outro céu, outra fome, outro corte,
por não saber quando parar,
giro e oscilo entre penhascos,
busco solução na chuva e no ar
por não haver alívio para os meus ascos.

Poema do livro Diários do Desassossego
A venda em http://sergioprof.wordpress.com
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Foto de Arnault L. D.

A cor vermelha

Essa minha calma é falsa,
é desassombro, é escombro,
o ar inerte das ruínas,
a marcar que houve batalha.
Chego a duvidar se há pausa,
a ave que pousa meu ombro,
inerte, ou voa ao que destina?
Ao inexistir que se espalha.

Sequer o sonho movimenta,
esvai a alma em abandono,
se queda, lânguido e lasso.
Mesmo desperto, se assemelha
na inércia amena, que sustenta
a passividade do sono.
Mas, mentirosa a sei, disfarço
a dor; tensão; a cor vermelha...

O ar, só o éter disforme
as minhas vísceras afaga,
envolve, tal morno azeite
mixando ao mundo que dorme.
Torna em si tudo o que traga,
me desarma e sopra, aceite...
Talvez, corpo o limiar nem forme,
seja só o nada que vaga...

Foto de José Herménio Valério Gomes

O SURTO ALÈM DE UMA JANELA

Foi por curiosidade no passado
Durante um cèu com sorriso de fè na verdade
Que um menino pediu rasgar este alucinado
Na queda de uma surpresa de vontade

O que iria observar como paraiso
E logo foi rejeitado quando espreitou
Tinha ousado no momento preciso
Que DEUS por ali passou

Pisando a inocência de uma criança
Jà sujeita num mundo egoista e individual servido
Para quê ter uma infäncia
Quando podia atè näo ter existido.....zehervago

Foto de José Herménio Valério Gomes

Dialogo no vazio

Foram tantas vezes
Que nos sentamos de costas para o Oceano
Negando-nos olhar o nascer do sol
Por um não sei que amargo motivo de vida
Dentro de um vai e vem de aves pesqueiras
Somos nós sentados,bem mais alto
Num rochedo em provavel queda
Indiferentes dentro de silhuetas
Que se refletem no azulejo do mar
Isto ė o cèu por um apelo
De que não decidimos,a posição.das estrelas
Tal como o destino das nossas vidas
Cada dia que passa
Ė como uma exclusividade
Que só acontece uma vez...

Zehervago 27 abril 2014

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro - Capítulo 10

Escrever exige uma intensa entrega pessoal e total desprendimento dos preconceitos e convicções. Como eu não tenho amor próprio, faz dez anos que estou nessa. Com gente lendo ou não, faça chuva ou sol, tendo eu dinheiro ou estando duro, para os diplomados e os analfabetos, eu vou fazendo a minha arte, como o Sísifo, me lembra o Camus, vou levando a rocha pro alto do morro e deixando cair todos os dias. Essa é a minha verdade, gente que sou até agora.
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Enquanto o fogo consumia tudo, e as pessoas viviam seus amores, seus valores e seus pecados, Clarisse subia para a cidade em busca de se reconciliar com o seu passado e destruir os insetos que a haviam humilhado ou algo parecido. Ela iria falar com o Luís Maurício, com o Patrício, com o Fabrício, com quem pudesse matar as pessoas e devolvê-las para sua posição de subserviência. Quando ela se levantou, parecia até branca, como se um Feliciano a tivesse abençoado da miscigenação racial e da indivisível respiração coletiva, como se fora brincadeira de roda, memória, o jogo do trabalho na dança das mãos. Ela estava montada. A balada da sociabilidade lhe abria os braços e o coração. Ali era o seu lugar, voltava pra ficar. A luta pelo poder enfim teria o seu final.
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- Calma gente, calma gente!

A voz de Dimas se tornava cada vez menos ativa.

- Vamos ficar em paz!

O que Dimas não entendia, e isso é claro para todos os que ali estavam, é que somos animais. É por isso que não acredito em Rogers, quando ele diz que o ser humano é bom. Pois bem, o ser humano é bom... para ele! É algo natural ser egoísta. O que Sartre não os contou, o que Husserl e Rousseau omitiram descaradamente, bem como os líderes humanitários, é que o amor e a cooperação são alienígenas ao instinto pessoal de se sobreviver e de continuar. Procuramos o que é vantajoso e seguro para a consciência. Isso não é escolher ao mal. Isso é reconhecer uma característica da nossa essência, que na verdade é indiferente para a moral, que foi inventada com o tempo, bem como todos os conceitos psicológicos e existenciais. E então a Torta lhe deu um beijo.
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- Então, eu destruí eles.

- Mas quem te disse que os queríamos destruídos?

Clarisse ruboriza-se ainda mais.

- Os dominados, os engolidores... Eles é que sustentam o nosso modo de vida. Eles são o nosso alimento, o nosso instrumento, sem os nossos escravos, não há como gerar a riqueza. É como imaginar um mundo sem pobres. Alguém sempre acabará subjugado. É a lei natural, Talião, na prática! Se você não tivesse ido para lá eles não estariam envenenados com a sede do poder. Bom, o erro foi nosso. Agora já foi. Não importa. Fique aí e não incomode mais.

A batalha final era enfim preparada.
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O fogo subia os castelos. As espadas faiscavam. As bazucas, os bodoques...

- Toma!

A cobra fumava.

- Morre diabo!

Tudo resplandecia a tragédia, como a velha praça Tahir, como uma Nova Deli, como em uma Hiroshima deflorada, como um Brasil em época de hiperinflação, como o rompimento do namoro de uma adolescente, como a queda de divisão de um time de futebol, um câncer, um escorregão idiota num dia da saudade, a cabeça no meio-fio.

- Burn, motherfucker, burn...
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Dimas subia com os miseráveis a ladeira da cidade. Arrombavam as portas. Alastravam um medo até então desconhecido aos porões dos vencedores, suas famílias funcionais, suas menoridades penais, seu pleno conservadorismo e hipocrisia. Batiam as panelas, ignoravam as balas que lhe atiravam, quebravam as bancas. O saque indignava. O estupro coletivo era feito sem cerimônias prévias.

- Muerte! Muerte!

A bandalha hasteava a bandeira do assistencialismo. Colocavam seus headphones e atendiam o furor da sua maldade. A humilhação acabava, ou assim pensavam. Tinham tomado tudo.
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- Se você não pode vencer um inimigo, junte-se a ele.

Luís Maurício assim neutralizava a queda da sua Bastilha. Os seres de sangue frio haviam se misturado ao coro sem que se percebesse. Pediram a rendição, um tempo. Patrício, que era o chefe da comunidade até então, degolado, foi dependurado no alto de uma varanda como um pálido estandarte, corno, empalado em uma lança. O líder seria escolhido e Dimas seria o jacobino. A Torta seria a primeira-dama, e Clarisse, sua concubina. Até que ele disse o que não devia.

- Eu vou embora. Vocês conseguiram o que tanto desejavam. Agora não me atormentem mais.

Sequer Zaratustra havia sido tão ousado. Para onde iria Dimas, o santo? Para quarenta dias no deserto? Eu poderia falar no próximo parágrafo, mas não é bem isso o que vou fazer.
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- Esse nome não me serve mais. Revelarei meu nome. Eu sou a discórdia. Eu entreguei o pomo da primeira história. Quem quiser me acompanhe. Quem não quiser, fique aí e seja feliz.

As perguntas que te surgiram serão respondidas mais pra frente.

Foto de Alexandre Montalvan

Teu Pranto

Teu Pranto

A água que desce de teus olhos
encharcam meus sentimentos
que
transbordam em meu coração.

E morta de medo escorre pela face
rola no ar
e cai em minha mão.

Quente salgada a água
faz-me lembrar o mar.

Um mar de ondas em queda
rugindo na noite em meio às trevas
borbulhante, intocado
varrendo o vento em teu rosto, teus cabelos.

Gotejando lentamente a tua tristeza.

Alexandre

Foto de Luiz Islo Nantes Teixeira

DISPONIVEL

DISPONIVEL
(Luiz Islo Nantes Teixeira)

Sim, eu recuperei o meu sorriso
Oh, meu Deus como era preciso
Pra eu me sentir feliz neste mundo
Aliviado por dar a volta por cima
Fazer da queda que desanima
A vitoria pra sair do fundo

Sim, recuperei a saude de meu peito
E assim me achei no meu pleno direito
De ser realmente mais feliz na vida
Cansado das tramoias tuas
E com tantas pererecas soltas nas ruas
Me tornei disponivel para qualquer investida

Se fui realmente feliz
Pelo menos tentei e fiz
O que o coracao ditava no peito
Se achei a felicidade
Em cada beco da cidade
Pelo menos achei perfeito
Pelo momento que eu sofria
Com aquela dor no peito

Sim, reprimir a dor com a alegria
Com a forca de minha ousadia
E sem tua presenca na minha morada
E com tantas paixoes falsas e frescas
E tantas pererecas e mais pererecas
Busquei mais a verdade de uma amada

E me tornei disponivel para testar
Quem tem o amor verdadeiro no olhar
Ou so a ilusao passageira
E assim conquistei facil a dor
Ate onde ela pode se impor
E transformar minha vida inteira
E do sabor da vitoria
Sentir toda a gloria
De viver, amar e vencer qualquer barreira.

©2013 Islo Nantes Music

Foto de Joaninhavoa

Um voo ...

...
...
..
..
.
.
.
«É noite
e na noite
a gente queda-se
fica no silêncio
dos sentidos
como cisne
parado no lago.
Deslizo suave
onde vou
para onde voo
tenho-te
na paisagem
na imagem
que crio
ou reflete
no pensamento
sempre.»

Joaninhavoa
(HelenaFarias)
2013/03/23

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