Repente

Foto de JGMOREIRA

FADOS

FADOS

Talvez levasse comigo para sempre
Estas palavras que agora escrevo
Sei que agora são de pouca valia
Mas escrevê-las é meu sossego

A coragem que tive para tanto feito
Não me socorreu para tirá-las do peito
Palavras que ficaram emperradas na boca
Queimando o fundo do ventre

Latentes, querendo virar som, ardiam
Mas algo que desconheço as impedia
De tomar vida, aspirar, chegar a ti
Para derramar o que amava em mim.

Passei muitas noites abundando suores
Procurando um sono que não vinha
Envelheci de repente; quase morte
Passando pelo tempo que passa por mim

Escrevia outras palavras que não estas
Tentando enganar a mim mesmo
Dar sentido à dor, coisa de poeta
Tentando te expurgar de mim

Deixei que passasse o tempo
Até que a vida passou para mim
Agora, ando velho, meio desatento
Com presságios de coisa ruim

Mas, mesmo nessa calmaria d´alma
Mesmo sem o furor que havia por ti
Sinto-me na obrigação de confessar
Que jamais amei outra mulher assim

Embora nunca tenha pronunciado
As palavras certas ao teu ouvido
Peço que entendas meu pecado
De jovem que desdenha do perigo

Subindo a ladeira que leva à casa
Repasso uma vida inteira sem graça
Sem teu sorriso que dava vida à vida
Sem tua vida que dava vida à minha vida

Agora, subindo a ladeira dos anos
Percebo que jamais disse te amo.
Depois de ti, morri
Desabei em fados.

Foto de JGMOREIRA

ESCRAVIDÃO

ESCRAVIDÃO

Encontro contigo sem que estejas
Vejo-te em todas as coisas
Onde não me deparo contigo
Brotas dos cantos da casa
Surges do meio do nada
Sem que me aperceba, chegas
Surpreendendo quem não mais se espanta.

Quando te tornastes coisa sem nome
Na minha vida, o ar empobreceu,
Faltando-me, às vezes, ao pensar em ti.

O que era belo desencantou
Nunca mais meus olhos sorriram
Posto teres surrupiado deles o brilho.

Passo em escuro a maior parte
Dos dias claros e vívidos.
Não me envergonho dessa tristeza
Quando, repetem-me, é passado.
Não que meus momentos sejam amargos
Ou passe minha vida infeliz.
Tenho momentos de felicidade
Que não compartilho na tua ausência.

Não quero mais que voltes
Ou deparar-me contigo fisicamente
Repente, nalguma rua costumeira.
Quero que permaneças onde moras:
Na impossibilidade do tacto
No limbo do desejo
Na lembrança amada

Contigo nessa distância segura
Posso vencer os dias em paz
Com a plena certeza da cura
Do mal que um dia me acometeu.

Sem que saibas, em sorrisos
Apodero-me do melhor que tinhas
Ando aéreo, cabeça no vento
Pés no chão, porém, atento

É assim que vives em mim
Fiel escudeira da tristeza
Nascendo em cada momento
Para espantar medo e tormento
Da ausência que contigo sentia.

Serves-me de alento na solidão
Para que nunca mais me traia essa mão
Que escrevia a ti cartas apaixonadas
Por ter se acostumado à tua palma
Sem saber, agora, firmar-se em mais nada.

Quando for certa a hora
Sei que farás tua despedida
Sem mágoa por ir-se embora.
Será esse o momento da alforria
Quando te livrarei dos elos
Que a mim te prendiam.

Nesse momento estarei sozinho
e nada mais fará sentido.

Foto de Homem Martinho

Olhar sem Parar

Olhar sem Parar

Não passes de repente
Para eu te poder olhar.
Para que fique contente
Basta-me poder-te apreciar.

És bela, reparei logo em ti,
Quero-te olhar sem parar,
Eu enamorei-me por ti
E receio não te conquistar.

Nos meus dias mais tristes
Lembro-me que tu existes,
Sinto-me, logo, mais animado.

Recordo o teu corpo ondulante,
Ah, pudera eu ser teu amante
E tinha meu sonho realizado.

Francisco Ferreira D’Homem Martinho
2007/09/09

Foto de Sirlei Passolongo

Mágoas

É estranho esse sentimento de mágoa
por alguém que sorriu junto com você
alguém que você teve nos braços...
que dividiu carinhos e juras
E de repente, você percebe que
eram apenas injúrias

E essas mágoas
vão se transformando em lamentos
Lamentos por você mesmo,
pela ingenuidade do seu coração,
e logo, serão lamúrias

Então você faz promessas de esquecer
que tudo morrerá dentro de você
e voltará a sorrir.
Mais uma vez, a lágrima da saudade
molhará seus olhos e enfim,
percebe que não adianta mentir

Que você não faz mágica
capaz de esquecer alguém quando quer...
E não está em suas mãos
a sede do seu corpo
nem o grito do seu coração.

(Sirlei L. Passolongo)

Direitos Reservados a Autora

Foto de JGMOREIRA

A DIVINDADE

A DIVINDADE

Do amor tanto amado
nada que lembre restou
Sequer um 3x4
que o novo amor rasgou.

Passaram os anos, lépidos
Para mim, rastejantes
Contigo em meu ventre
No olfato, na procura incessante.

Tua imagem, ícone pleiteando parecença,
Jamais encontrou sorriso igual,
Jeito semelhante, carinho assemelhado.
Eu, carregando a cruz da tua ausência.

As músicas, as horas, a companhia,
Nunca mais foram de sacio.
A cama, sepulcro vivo de coisa viúva
Jamais se conformou com o vazio.

Carrego esta tua esfinge às costas
Como fardo que não sei abandonar.
Onde quer que pouse, pare, descanse
Eis teus olhos a me passarinhar.

Com tanta coisa para viver
Fico embrulhado no passado
Da tua pele; no calor do abraço
Que nunca mais, tão terno, encontrarei.

Carregando e amando esse fardo
Vou safando-me dos dias amargos
Que passam, ferozes, arrancando nacos
De carne passiva que apenas ama no passado.

Talvez, quem sabe, um dia, pode ser
Encontre alguém que não seja você
Que me atraia os olhos de repente
Tornando novamente o objeto gente

Se, acaso, ventura, tal se der
Poderei arriar teu peso de mim
Aliviar-me da carga que carrego
Odeio, desprezo, mas não nego

Que o teu amor, minha heresia,
Provou ser Deus uma mulher.

Foto de Marta Peres

Porto Inseguro

Como um raio você chegou.
Vi você.
Fez-me feliz.
Senti-me a mais ditosa
a mais completa
de todas as mulheres
mas, de repente
tudo mudou, quebrou
como se quebra um vidro.
Você, Porto Seguro
você mudou,partiu
sem rumo
foi se desvanecendo
em brumas de indiferença
de indefinição e incerteza
deixou-me na solidão...
Marta Peres

Foto de Edilson Alves

O GRANDE AMOR DA MINHA VIDA

Quando cheguei a pensar que nunca mais amaria
Vi os meus sonhos se perderem na minha vida vazia.
De repente, você surge em minha vida.
Foi entrando mansamente
E com o seu jeito meigo, cessível, me envolveu.
Prendeu-me. Despertando a minha atenção.
E deixando em mim, uma louca vontade de amar.
Você...
Chegou como uma sombra, poderosa, impedindo.
O muro que havia sido construído em torno do meu coração.
Diante dos teus desejos, meu corpo foi seu porto onde.
Pousavas teus sonhos.
Meus lábios saciaram tua fome, e os meus sentimentos os seus prazeres.
Ao seu lado, pude aprender o quanto ainda sou pequeno.
Diante das minhas indecisões.
Hoje, posso, com muita certeza, afirmar que você é, e sempre será.
O grande amor da minha vida.

Foto de Oraculo

SOMBRAS DO PASSADO

Lembro bem,
Quando sentia tua voz suave
Tocar minha alma tal qual
O azul do céu envolve uma ave.

Lembro-me bem,
De sentir suas mãos tocando minha face
Eu de olhos fechados
pedindo para que o tempo não passasse.

Eu velei teu sono,
Estive aqui do teu lado todo tempo.
Eu beijei teus olhos enquanto dormia,
Abraçando você , não tenho mais medo.

Você se lembra?
Eu me sentia extasiado com teu perfume.
Beijava tuas mãos, suas mãos minha princesa!
E você surgia sempre de repente, como um deslumbre!

Como num passe de mágica, você se foi.
Deixou me aqui com minha angustia,
Meus sonhos, morreram junto com minha vontade.
Hoje, sou apenas a sombra do que fui um dia!

Foto de Lorenzo Petillo

Quem Sou Eu

Sou parte do tudo
O pedaço feito de nada
Sou aquilo que mais temes
Por ser o que mais te agrada
Sou uma sombra sólida
Um caminho que não tem rumo
E quando pensares que me encontrou
É então que, de repente, sumo
Sou as lágrimas de tempestade
Com o choro de trovão
Sou aquele que nega um olhar
Mas te entrega o coração
Sou mais do que pensas
Mas menos do que realmente sou
Sou quem mais acerta
Por ser quem mais errou
Sou só, rodeado de amigos
Acompanhado sempre de solidão
Sou o que existe de mais real
Mas que é feito de ilusão
Sou uma peça nesse jogo da vida
Um leigo que sabe de tudo
Sou mais uma cara perdida
Em busca de paz nesse mundo.

Foto de Lorenzo Petillo

Noite de Outono

Assim com tal demora e zêlo
Apresentei-me perante ti com tanto anseio
Que chegara a quase sufocar minha alma
Queria apenas o teu beijo
Aquele meu/teu tão sonhado beijo
O único remédio que me acalma

Mas me beijaste com paixão
Com o fogo fervente da tua emoção
E me puxaste para entre tuas coxas
Cheguei a pensar que morreria no início
Professando mil juras aos teu ouvidos
Ao te ver tão linda e louca

Te comprimi forte contra meu peito
Mordi teus lábios daquele jeito
Que te fez ir de gemidos à grito de prazer
Mas de repente a noite chegou ao fim
E juntando minhas roupas eu parti
Para onde nunca mais voltaria a te ver

E essa noite não passa de uma lembrança
A recordação de uma incandecente chama
Que um dia ardeu em brasas sobre nossas peles
E ao deitarmos junto a outro corpo
Lamentamos por não ser o do outro
Que nos aquecera naquela fria noite de outono.

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