Blog de Marilene Anacleto

Foto de Marilene Anacleto

Vá, Amado!

O ninho desfeito
Construiu a família
De amor e respeito

Gratidão para a vida
Resguardava a justiça
Já tão requerida.

Do desfeito ninho
Penas se perdem no caminho
Registros saem de mansinho.

Ao fragmentar os rebentos
Desfolham sentimentos
Atirando-os ao vento.

Violentar-se sem ser
Para construir outro ser
É imenso anoitecer.

Importante compreender:
Para um ser crescer
Outro não precisa morrer.

Por si, cada um há de
Voltar a se compreender,
Sentir, evoluir, vencer.

Vá, meu grande amado,
Procure teu amanhecer
Para que eu também possa,
Feliz, voltar a Ser.

Foto de Marilene Anacleto

Amor de Madrugada

O canto do sabiá
Disputa os sons do tempo
Com a chuva que hora há

Cinco da manhã.
Os sons penetram na mata,
Seguem nas águas em afã.

Juntos seguimos o rumo
Da força da natureza,
No movimento noturno.

Meu sangue corre tranqüilo,
Numa energia vibrante
Sem pensar isso ou aquilo.

E o canto sobe a montanha,
A chuva penetra o chão.
Meu coração é quem ganha.

Foto de Marilene Anacleto

Luz da Manhã

Luz tímida da manhã de outono
Surge atrás do morro entre a neblina.
Entra em casa pelo portal leste
Da janela e da porta que ilumina.

Mansão abençoada, em dimensões suspensas,
Ao som do rio que pára, e corre, e represa
A água temperada de cantar de pássaros,
Com respingos aéreos prateados,
Salpicada de árvores e de borboletas.

Sensações várias me tiram do ar:
As flores orvalhadas de infinitos pigmentos,
Mosquitos afugentados pelo incenso
A disputar tudo o que tiver exposto,
Feito eu, a querer aproveitar cada momento.

Aqui tudo é paz. Desejo recostar-me
À luz do sol e ao calor ardente do sofá
Azul e amarelo, em blocos bem dispostos,
Recostados no guarda-roupa. Deixar o sol
Invadir todos os poros. Mas... será?

Preciso sair, mas esse lugar me prende.
Por pouco tempo posso ficar aqui na paz
E no aconchego da solidão aparente,
Que ascende a luz que cada um se faz,
Que a magia me traz a mim somente.

Comer? Dançar? Tudo é muito bom.
Entretanto, nada se compara ao encontro
Dos quereres que minha alma me reserva,
À paixão e à vida que há em cada canto,
Disfarçada nos brilhantes dessa relva.
E, revigorada com os encantos que encontro,
Levar ao amado o Amor que, unidos, nos conserva.

Foto de Marilene Anacleto

Pérolas de Poemas

Amadas preciosas pérolas,
Desfilam em minha estante,
Livros de tantos poemas,
Poesias de agora e distante.

Entre os saldos de sebos,
Os presentes de amigos,
As sobras de prateleiras,
E doações de parentes,

Estão algumas relíquias
Dos velhos tempos de escola
Encontrados em perdidas
E surradas caixas e sacolas.

Poemas, textos e poesias
Da nossa rica literatura
Municípios em poemas
Mobral, uma nova leitura.

Livretos e antologias
Dos que se foram, autores,
E, desde os anos sessenta,
Uma antologia da árvore.

Visitar um sebo é lazer,
É perder-se entre esquecidos,
É voar ao futuro distante,
É a saudade dos tempos idos.

Aprendo novas palavras
Nos sentimentos que aflora
Da vida que se desnudou
Em versos escritos outrora,

Em tantos desejos perdidos,
Em amores sufocados
De pessoas, talvez tímidas,
Nas palavras libertadas.

Cada leitura é uma pérola
Que acrescento ao meu saber
E, de tantas agradáveis,
‘Poemas para encontrar Deus’.

Nem sempre me apego à métrica
Mas, à melodia que me anima
Neles eu encontro a história
Do escritor, e do povo e seus viveres,
No entusiasmo que me contamina.

Foto de Marilene Anacleto

Saudade a Beira Mar

Bem-te-vis brincam a lavar-se
Nos ramos cheios de orvalho
E a saudade do abraço
Atravessa infinito espaço

Na praia, as gaivotas
Pegam rápido o peixe
Que se livrou do anzol.
Alimento-me dos raios de sol.

Urubus disputam sobras
Dos já fartos quero-queros
Que se afastam a largos passos,
Como que para encontrá-lo.

E o mar, que não descansa,
A dançar as suas ondas
Lança espumas no espaço,
Feito preces que ora faço.

Com elas lanço a saudade
A seguir de onda a onda,
E, feito a diáfana renda
Desmanchar-se em teus braços.

Foto de Marilene Anacleto

Flor de Amor

Flor perfume
Flor beleza
Flor remédio.

Primeira inspiração,
Infindas comemorações,
Atos de gratidão.

Flor consolo,
Flor namoro,
Flor do amado

Flor mocinha
Flor madura
Flor a dois

Flor expiração
Flor despedida
Flor saudade

Semente que brota
De amores além,
Além da eternidade.

Foto de Marilene Anacleto

Vida Mecânica

Almofada, envelope,
Almofada, envelope,
Almofada, envelope.
Pressão nos dedos,
Carimbo torto.

Almofada, envelope,
Almofada, envelope,
Almofada, envelope.
Envelope virado,
Carimbo no lugar errado.

Almofada, envelope,
Almofada, envelope,
Almofada, envelope.
Braço, pescoço,
Dolorido, torto.

Almofada, envelope,
Almofada, envelope,
Almofada, envelope.
Nem pensa e vai,
Feito bicho morto.

Almofada, envelope,
Almofada, envelope,
Almofada, envelope.
E isso é só um pouco
Do que fazemos conosco.

Foto de Marilene Anacleto

Quando se Ama

O abraço, quando se ama,
Dá-nos algo além do contato,
Integração além do corpo,
Muito mais que simples ato.

É como estar envolvido,
Por certo, nos braços de Deus
Receber, para a vida, suprimento
Com carinho e afeto Seus.

Prêmio para o que tem a sorte
De envolver o amado em abraço,
Perceber que não é miragem
O acolhimento divino, o regaço.

E de ver além da aparência
O mundo que nos sustenta.
E sentir a resplandecência
Do espaço que nos acalenta.

E na hora de amar esse alguém
Soltar-se no abraço desse amor louco,
Amor e humor, sexo e afetividade,
O êxtase divino na alma e no corpo.

Foto de Marilene Anacleto

Amigos Invisíveis

Quem de nós não tem dentro si
Um esmerado artista,
Um dançarino exímio,
Um grande médico,
Um inspirado músico?

Uma alquimista profícua
Que, com tecidos e grãos
Faz comidas saborosas
E roupas cheias de arte?

E o cantor, gentil e alegre,
E o palhaço, o humorista,
Em sonhos, luzes e asas,
A voar, um coreógrafo?

Quem são? De onde vêm?
Surgem quando nos esvaziamos
Das preocupações, dos danos
Que fazemos contra nós.

Nas tardes de sol ou chuva,
Nas noites de perdido sono,
Nos tempos em que nos lembramos
Que somos tudo e nada somos.

Então tremula a beleza,
A alegria e a leveza,
Portas trancadas são abertas.
Em vislumbres d’alma dançamos,

Cantamos, pintamos, cozinhamos,
Nascem os grandes remédios,
Pinturas sublimes geramos,

Somos filhos, pais e mães,
Choramos e sorrimos em rezas
Contamos histórias, dizemos versos
E nos tornamos poetas
A bailar pelo Universo.

Foto de Marilene Anacleto

Sereno Amor

Traz-me luz e quietude
A garoa que me chega,
Nos trabalhos manuais,
Nos dias de luzes acesas.

O movimento sereno,
A pressa da vida desfaz,
Respiração tranqüila, amena,
Recupera-me a energia da paz.

Essa paz que vem de dentro,
De fazer o que se quer,
Vem do movimento do encontro
De cada um com seu Ser.

Então cresce e contamina
Nos bolos de chuva da tarde.
Chega ele com um quente vinho
Abraços do amor que extravasa.

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