Blog de pttuii

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Última noite

é a última noite
de todas as noites que nascem
porque o dia quer,
e por a chuva bater,
leio,
através das grades,
a dor nas pedras da calçada,
e o latejar de uma rosa moribunda
que não resiste ao frio,
cubro o quente,
no lixo,
na fome,
sem voz,
Mudo, mudo,
só como a morte é capaz de ser muda,
e eu só, aquecido,
praguejando, suspirando,
por mais uma última noite....

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Pelo menos sou são V

frisa a escolástica do homem
que ri calado, de ti para ti
não a mostres, sem que com isso
digam que conheces o irreconhecível...

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Fugir

Fugir, mas sem fazer com que me aperceba de cobardias adstritas. Aliás, sempre vi nas imposições de limites ao bater de asas, uma forma de conter abismos deleitados. Quase como se derrubasse uma ponte estreita, de palhota, entre o quase e o consumado, o impossível e a medalha de ouro, o escuro e a alva.
Conheci-me numa fase em que desdenhava que teria alguma vez futuro. Sentia-me surdo, e se alguma vez falei com o devir, tornei-me capaz de ignorar a lição de métodos que porventura tenha sido proferida. Vesti-me antes de sonolência, com um xaile de xadrez fortuito, que nem sequer já conseguia aquecer. Passaste por mim sem que eu te compreendesse, e frustrei em mim mesmo o que me pareceu um pedido.
Ainda vais a tempo de traduzir o refastelamento sintáctico que me pareceu ter percebido. Se calhar foi ladaínha. Provavelmente nem foi nada. O que restou? Sou incapaz de me dar de mãos vazias. Prefiro longos campos de trigo, com um vento inquiridor que, de sorriso de criança em riste, deixa na terra uma fenda igual a amor ensanguentado. Sobram pequenos resquícios de um conflito benemérito. Galhos de árvores sucedâneas do limbo, ninhos de pássaros que, indiscretos, explicam em linguagem pré-românica a diferença entre um segundo, e o outro.
Dá para ponderar a pouca estima que existe entre as pessoas que guardaram o passado em meias rasgadas. Envolve-as um fumo azul, medíocre, que eu nunca tive por nunca ter querido fazer da lealdade uma nódoa de pequenas dimensões, no quadro resoluto da existência.
Acabei. Fico-me pelo suficiente das coisas simples. Sem necessidade de fugir.

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Pelo menos sou são IV

Nada mais fácil que o fácil em flor,
nos dedos de uma criança,
e o amor dorido no leito de convalescença,...

Não é bom ser criança sem flor,
porque doente será o amor
que não gosta de crianças,....

Terras que choram confluências,
de esperanças com medos nulos,
são inimigas do amor sincero
e enganam-me,
espantam-me,
avizinham lutas sem quartel,...

Estou farto de ser enganado
porque o amor respira saúde,
não lhe enojam petizes de ranho seco,
até tolera choros sem sentido na madrugada
de alienações,....

Podia ser mais simples,
tudo menos forjado,
se o difícil quisesse ser flor,
que aos olhos de uma criança,
nem pestanejasse a pedir amor....

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Zapping

Pisca,
Regurgita,
E buuummmmm,.....

O mundo fez
de ti a sua puta,...

Mandou-te pelos ares,
Mas nada temas,

Porque sim,
E não morreste,

Apenas o que
se quer para ti
são momentos,...

A sós,
Contigo,
Sentado,
A
chafurdar,

Ideias de
whopper,

Com acompanhamento,
light,

Refastelado,
Ao telemóvel,....

Neurónios,
Contemporâneos,
Que morrem,
Cancerosos,...

E tu,
De saúde,
Com quietude,

Distorcido,
Colérico,
Com todos,...

E ninguém,
Lá fora,
Para te dizer,
O sim,
Que precisas,
Como de vida......

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Estou chateado e provo-o

Escrever, para menos que viver. Será esse o antídoto certo para quem ilude o acto de criar, com o simples acto de viver? Mas será que resta alguma ilusão por descrever? Menos certo que o amanhã vir adocicado, é o hoje que somos obrigados a consumir amargo. Com todos os requintes de envolvência medricas que sublinham, a negro, os detalhes insignificantes da nossa vida. Aliás vida que, a existir, morre logo no dealbar de uma existência desnorteada.
Para informação coerente, que fique registado a minha opinião pessimista. Nem sequer penso chegar a qualquer das ilusões poéticas que já criei. Não passo de indecisão. Como o próximo, comisero em doses irregulares. Interrogo o que nunca se justificaria interrogar, e no fim ganho o som agudo da flatulência indiscreta de um sonho discriminatório.
Sinto-me perseguido, angustiado, massacrado pela irregular torrente de paranormalidades que nos atacam diariamente. As nossas vontades estão presas ao chão, porque nunca se conseguirão soltar do agrilhoamento efectivo. A escola, tirei-a com a certeza de que no fim ‘orientei’ um mapa para me orientar na displicência que é estar vivo.
O mundo borrifa-se para a plena realização do homem, porque o homem nunca existiu. A felicidade é a prova disso. Estamos felizes, na mesma medida em que o apetite da morte sabe bem a um canceroso em fase terminal. Jesus foi prova disso, porque Cristo é o apelido dos inexistentes. Dos falhos de espírito. Figuras ridículas somos nós, com capa de gordos, magros, pobres, ricos, gays, fodilhões, lésbicas vedetas de televisão, velhas com mini-saias e tatuagens. Tudo são soluções para problemas que recalcitram o nosso viver. A morte poderá ser um acrescento à indecisão. Mas no fim, a emoção deve morrer aconchegada, em noite de chuva ácida.
Só nos resta mesmo um mícron de pedantismo, para que a envolvência do desvanecimento, seja um quadro surreal com assinatura descompassada....

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Ser livre (poema de alfabeto)

Abraços são profissões
Belas de querer
Consentimentos expressos
De um amor
Evasivo e pleno de
Futilidades próprias de
Gotas de orvalho a
Hibernar em
Indicas condições da
Jovialidade anexa à
Luz. Raios que
Martirizaram sem
Nada mais
Oferecer em troca que
Pensamentos místicos, Tudo a
Que têm direito os
Rasteiros da
Séria condição humana.
Temos assim a
Unica e possível
Via de solução.
Xilofones dourados a
Zombar do desejo de ser livre....

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Pelo menos sou são III

sim
estou
para o que fui
nem menos
só mais ansiolíticos
e pontapés em pedras
e artérias que pautam
colesterol
tintol
embrulhado
no formol
para que o que
sou hoje
nem menos
nem mais
seja o que
nunca serei
de manhã
amanhã
morri
feliz?
pois
achei que não....

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Luxos Importados III

se a pesca crescesse em ti,
no quadro maçónico de querer dias em noites,
ser-me-ia a alegria de família,....

já vi de ti mulheres a apaixonarem-se,
ventos em sucintos desmaios de criação,
e nunca o mar a chorar,...

a pesca a crescer de ti,
seriam cardos de choros por pintar,
peixes-alma a nadar
no céu de fosfatos invisíveis,...

adormeço-me numa cidade
que existe aos desmaios,
a pensar em ti,
deusa de riquezas com
crianças a sorrir.....

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O homem que quis matar a luz

Disseram-lhe que a luz morria quando contida num frasco opaco. Bem definida a separação, levantou o cós da bainha do mundo em que tresandava, e pôs-se à coca daqueles raios que os outros falavam em dias de reflexões preconcebidas. Queria sentir nas veias, nos traços azuis de hesitação que lhe pintavam os braços, a dor de decidir o destino ou a felicidade dos que dependiam disto para simplesmente andar. Lembrou-se dos pais do pai que chorava nas tardes de chuva. Eram dois velhos sem pernas, que adoptaram aquele cagalhão, que depois cagou o cagalhão que era. Na súmula destes deslizes, nasceu um mundo cónico. E fora dele corria tudo o que verdadeiramente interessava, porque dentro do irreal já existe o que as pessoas pensam que não lhes fará falta. A luz é sinónimo desta inenarrável certeza de quem respira. Fez de si mesmo aquela chuva de recordações cinzentas que pintava o chão de farelos do mundo que contava, para depois vir o que se prometia. Rasgou o céu acobreado, deu um silvo na água suja que mexia em musica aquele torpor apetecido do entardecer, e morreu tão depressa como havia dealbado. Acocorado, percebeu que tinha hipóteses de sobreviver a um mundo que não conhecia. O que contava depois seriam os instantes fatais de querer ter mais depois de um momento que pouco mais foi que menos.
De novo o céu encolheu o esfíncter. De acobreado a amarelo, e quando o vermelho se desenhou em manchas etéreas, já estava posicionado para o destino. A luz caiu no ponto de não retorno, mas não morreu. Eram pequenas criaturas risonhas que se movimentavam, num bulício dificil de explicar. Agitou o que lhe pareceu ser um momento de viragem no processo da criação, e da luz fez-se noite. E da noite, consumou-se o amor com a madrugada. E quem morreu foi quem quis mudar o que o destino nunca pretendeu deixar de controlar.

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