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Em planície

Montes de desalento. Sujas as mãos, Arroteias, o senhor das manhãs que pedem arrotos do fundo do estômago, já nada temia. Sentava-se no banco de vime que lhe oferecera os últimos dois tostões de há 20 anos, e eram mesmo de desalento aqueles dois montes alentejanos. Pareciam duas mamas de mulher desembaraçada, mas velha. Consumida, e velha, como provavam os sulcos que a água da chuva fazia no vale bem desenhado que avistava lá ao longe. Só que era tão deslindado o sentir que retirava daquele universo. Adorava trocar um quarto de escudo entre os nós encardidos dos dedos, enquanto fincava bem o pé na terra vermelha. De tanto fincar, partilhava o que as entranhas do planeta pareciam sangrar.
Era pessoa de antigamentes, que já não se deixava espantar com nada. Andava à procura de um dia menos previsível, para finalmente dizer a si mesmo o que queria da vida.
O vento não concordava. Beijava, de leve, o que de pudico transpirava das árvores. De carvalhos, gostava de abusar. As pessoas acreditavam em adultério, mas do ar só choviam deuses confusos. Viriatos talvez, porque de romano o ar só tinha o cheiro a coisas desnaturadas. A insultos escritos com tinta invisível.
Arroteias brincava com sonhos mal escapelizados. Não sabia de sabores a bibliotecas, mas lia tudo o que uma mulher lhe tinha para dizer. Nem que essa mulher fosse duas escrecências do planeta. Gizava planos, para esquecer-se de que relacionamentos, são chuvas mal conseguidas pelo imprevisto da criação.
Montes. Dupla de montes, que davam um pôr de sol de veias dilatadas. Sossegava mentes cansadas de explicações místicas para tudo. Arroteias dispunha-se bem, dispondo deuses de índoles diversas para conversar. E deixa-se a mais, porque pensar nunca foi arte para fazer com menos.

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O mundo dos pobres de espírito

Nem doce com sentido crítico, nem flores. Só uma rua encafoada naquele mundo de jasmim, com pessoas pequeninas e desenvencilhadas de momentos profundamente desesperantes. O tempo era desfiado cuidadosamente na esquina mais velha daquele sítio. Com os despojos, crianças faziam brincos de sol, e com eles chamavam a morte. Dançando sobrelevados em poças de chuva, arranhavam os próprios espíritos, que se auto-infectavam até à gangrena. Nunca como agora, o círculo do vício esteve próximo de tocar o senso comum de quem vivia para respirar, e respirava para dificultar a morte.

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Girassol esvaziado

O mundo acocorou-se,
Calcanhares em sangue,
Alma de manteiga,
A segurar a dor,
E fez chover,
Chorou a chuva,
Trovejou o lamento,
Berrou o quanto ama,
No fim, implorou a vida,
Deitou-a ao sol de cordel,
Fez dela a dama,
A mulher que vilipendia,
O ser que passa fome,
E atormentou-a,
Mentiras,
Foi o que garatujou,
Foi o que assegurou,
Sem desdenhar,
Sempre com Oriente,
E a dois segundos,
A um passo do fim,
Matou-a,
O mundo acocorou-se,
A escravatura adormeceu....

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O tempo é agora

no ronco indistinto
da insónia do tempo,
veste-se de carmim o velho
persecutório de mãos roxas,
inchadas de sexo,...

a mínima hora de coisas
bem feitas deixa tudo
sem sentido,....
são de falta as lamúrias
insonoras de quem arrasta pó,
em vez de corpo,...

soaram trombetas de fel
quando o dia já fazia sexo anal
com a noite,
vestido de carmim achou-se
desfeito o ronco separado
da consumada morte
das tradições humanas.....

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Nas protuberâncias

Caiu a ideia aos pés de um ladrão. Ideia escarlate, cobreada nas pontas, e com cabelos compridos. Não chovia. Mas também o sol não existia. Seriam duas estrelas, quatro nuvens de cinzento amarelado, e vento. Sopros alagados em cálida confiança criativa. Caiu a ideia aos pés de um ladrão que,...
escolheu seguir caminho.
Vestia dois pedaços de trapo enrugado. Cobria pernas rameiras com sarapilheira,...roubada. E calçava o sonho.
Porventura dois meses de pedaço de paraíso, à porta da casa do dono da cidade onde nascera. Valeram-lhe um par de botas, já gastas, e mil meias de cores diferentes. Já rasgadas.
A ideia não serviu, porque o homem também não quis compromissos. Não é ladrão de ideais. É consumar de uma série de equívocos, que fizeram dele o que levava para almoçar, e o que trazia do jantar de cardeais do que fácil nasce, e rasteiro morre.
Ideia caiu do céu. Não interessa a ideia, porque acabrunhado já estava o anjo que a chutou com a biqueira do meio pé que ainda lhe resta. Fica a preponderância que um ser onírico poderia ter tido.

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Esperançoso

faz lá o que sabes
com a razão podre que
vendes,
isso,
diz mal do mundo lactente,
o que já cheira mal,
com as coisas a dormirem
nos intervalos dos
argumentos pobres
dos inergúmenos,

preciso de mais precisas descrições
do que ainda ninguém percebeu de ti,
ver-te a fazer meneios
doces de ironia,
e brincos ímpares com
retalhos do crepitar do fogo,
do expoente explosivo de ti....

faças mesmo o que sabes,
eu desenhado,
nem explicado sou
melhor que o que desejas...

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Céus meus de chuva

ao fim de um ar de qualquer coisa,
intumescia,
nunca por nunca,
resoluto explodir de água
nervosa água incontida,...

o céu com cês de pássaro,
em nuvens fintas e rezadas.....

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Só sou vulgar

O soluçante ébrio da caixa ressonante,...
..., ama a flatulenta beata emudecida,...
..., Que despreza o tique-taque da homilia,...
..., do sacerdote requentado de sentimentos,...
..., na Santa Casa das putas cautelosas,...
..., que brocham por tuta e meia adulterada,...
..., e se fartam da indecisão das reticências,...
..., que lhes tira o níquel desejado,...
..., do bolso de sonhos a preto-e-branco,...

Ponto final na divergência criativa,...
..., só sou vulgar e nem penso...

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Psicodrama

na área aventurosa do poema,
esboçado está o focinho
das coisas inaudíveis,
sendo que por caudal frio da criatividade
entende-se a insegurança do poeta,

pelo menos com a má reacção de quem
vê como um insulto esta
queda de água de frustrações literárias,....

e por aventuroso o poema terá o cheiro,
é de experimentar leitura sucinta,
com um final de dia experimentalista
e frustrante no sentido menos falacioso
do termo......

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E o sangue?

era uma clemência de todas as cores,

um desnível na consideração
humana de fazer os possíveis,
quando os impossíveis são
nódoas numa camisa de anjo,...

quando julgar
deixou de ser
uma criança linda,...

quando proliferar,
são arrogantes a
deitar-se com mulheres
sem espírito,...

quando nomes vazios
passarem a ser moedas a
boiar no amanhecer da praia
do paraíso,....

recomeça o mundo,....

clemências cinzentas passeiam-se
a ouvir o fado em agonia dançante,...

o homem és tu,
sou eu,
mas nunca seremos nós,...

e o sangue?

talvez o sorriso de
inconsolado falhanço
que trazes pendurado
no teu regaço....

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