Céu

Foto de Carmen Lúcia

Leva-me...

Leva-me, oh, mar!
Às profundezas de teus mistérios,
entre águas, algas e corais,
onde jazem desfeitos navios e castelos,
histórias guardadas não reveladas,
onde habita num sacrário, a paz.

Leva-me, oh, oceano!
A circundar em tua imensidão,
participar de teu plano como um rito
navegando meu barco farto de conflitos,
despejá-los nas ondas que nunca voltam
onde o horizonte despenca no infinito.

Leva-me, oh, céu!
Põe-me asas, carrega-me contigo.
Quero transcender a mansidão de teu véu,
descortinar alcovas de amores incontidos,
alçar um voo atrevido, destemido
e abraçar toda brandura do infinito.

Preciso transitar entre as estrelas,
descobrir onde acordam, onde adormecem
e me cobrir de fantasias e cintilações.
Onde a noite surge e a manhã começa,
pra onde vão as minhas orações
quando aos céus dirijo minhas preces.

Leva-me, oh, montanha!
A permear entre névoas, cascatas e entranhas,
trilhar a rota da emoção num sonho colorido
e lá de cima vislumbrar um mundo mais bonito.

_Carmen Lúcia_

Foto de diny

EU E VOCÊ

EU E VOCÊ

AH TUA BOCA, NA MINHA BOCA.
SUGA MINHA ALMA NUM SÓ BEIJO
ELEVA-ME AO CÉU, DE TÃO LOUCA.
DE TANTO AMOR, TANTO DESEJO.

E ASSIM; ÉS NÉCTAR, SOU A FLOR.
ÉS MEL, SOU O SABOR.
ÉS O SOL DO MEU OLHAR.
DO SEU; SOU O CÉU, SOU O MAR.

MAR PROFUNDO DE FELICIDADE.
POR DEUS NOS TER A BONDADE.
DE UNIR NO MESMO VIVER.
NOSSAS VIDAS; EU E VOCÊ.

DINY SOUTO.

Foto de Carmen Lúcia

Reticências...

A indecisão impede-me de prosseguir...
Dúvida atroz segura meus passos.
Eu, que me julgava rica em experiências,
ter conhecido o céu e o inferno,
incapaz de retroceder ou estacionar,
seguindo sempre adiante sem temer obstáculos
que me foram apresentados durante minha vivência,
rendo-me às fragilidades, ao cansaço , aos fatos...
Dou-me a uma pausa...ou às reticências...

Percebo o quanto sou humana e incapaz.
O cristal de minha alma se trincou...
é preciso cuidar pra não se quebrar,
restaurar o que ainda restou...
Agora me entrego às mãos do tempo...
Que elas me coloquem no trilho certo.
É preciso parar no próximo atalho,
repensar a vida, meu estado precário,
buscar clareza, viver o real, sair do imaginário...

Confundem-me os erros e acertos
e os sonhos se encontram em desacerto...
Já nem sei se mais errei ou acertei...
Paradoxos se interpõem em meu caminho
e testam, à toda hora, meus desatinos...
Preciso coordenar o sentido das coisas,
penetrar em seus significados...
Buscar o certo, corrigir o errado.
E o que é certo ou errado?

O primeiro passo já foi dado...
Confessei-me frágil, vulnerável,
revelei minhas debilitações
diante da imprevisão de um temporal.
Reiniciarei minha história...
Parei nas reticências, não no ponto final.

Carmen Lúcia

Foto de diny

NAMORADO

Namorado:
Ter ou não ter, é uma questão.
Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si
mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado
de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, de saliva,
lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.

Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil.
Mas namorado, mesmo, é muito difícil.

Namorado não precisa ser o mais bonito, mas aquele a quem se quer
proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase
desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda,
decidida, ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de
aflição.

Quem não tem namorado não é quem não tem um amor: é quem não sabe o
gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um
envolvimento e dois amantes, mesmo assim pode não ter namorado.

Nao tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema sessão das duas,
medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Nao tem
namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar
sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria. Nao tem namorado quem faz
pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a
felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar.

Nao tem namorado quem nao sabe o valor de mãos dadas; de carinho
escondido na hora que passa o filme; de flor catada no muro e entregue
de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico
Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando fala junto ou descobre a
meia rasgada; de ânsia de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô,
bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.

Nao tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer sesta
abraçado, fazer compra junto. Nao tem namorado quem não gosta de falar
do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro
dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Nao
tem namorado quem nao redescobre a criança própria e a do amado e sai
com ela para parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton
Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical na Metro.

Nao tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem nao dedica
livros, quem não recorta artigos, quem não chateia com o fato de o seu
bem ser paquerado. Nao tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem
curtir; quem curte sem aprofundar. Nao tem namorado quem nunca sentiu o
gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou
meio-dia de sol em plena praia cheia de rivais. Nao tem namorado quem
ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de
obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Nao tem
namorado quem confunde solidão com ficar sozinho. Nao tem namorado quem
não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.

Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você
vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve,
aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar.

Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções
de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de
si mesmo e descubra o próprio jardim.

Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua
janela.

Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de
fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu
descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante
a dizer frases sutis e palavras de galanteria.

Se você não tem namorado é porque ainda nao enlouqueceu aquele pouquinho
necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido.
Elou-cresça.

(Carlos Drummond de Andrade).

Foto de P.H.Rodrigues

Pena Azul

Um Lobo que escolhe uivar sozinho
tem que estar ciente que a noite é fria.
Um pássaro canta os prelúdios do viver.
E voa para o horizonte, tentando-o fazer.

Sonha acordado o poeta que vive uma cena.
Assim como vive na encenação a mascara irreal que encena.
Sem lógica a lógica está na limpa e branca pena.
Pena, penosa, penuda, macia, leve, inocente.

Fogo ardente, azul, vermelho, fogo da gente.
vermelho, amarelo, laranja. Cores quentes.
Céu, azul infinito, brilha ou é o anil?!

Do gosto desconhecido ao sonho inacabado,
o desejo proibido, o capitulo perdido,
a história que começa, na ponta da Pena.

Foto de Drica Chaves

Asas de Arribação

Tudo no mundo tem destinação
Assim como os olhos a visão
O amor ao coração
A vida à sedução.
Fremente ilusão que persegue
Os nós dos laços apertados
Para desatá-los em vão
Pois se já entrelaçados se formaram
Não mais se desfazem em exaltação.
Seguir em desalinho
Não é coisa de passarinho
Que procura seu ninho
No mais vasto pergaminho
A escrever seu destino
Que a tudo vê e busca tino.
Bica o néctar e o mel
Voa alto no céu.
Asas de arribação
Teorias da paixão
Abismos
Ou fatalismos?
Essas coisas todas
ditas bobas,
Mas que são mais que baobás
Das terras santas aladas
De fortalezas inabaladas
Certezas, quem dirá?
Apenas Pureza...

(Drica Chaves)

*Direitos autorais reservados.

Foto de Carmen Vervloet

Borboleta Azul

Vem num vôo gracioso
a borboleta azul.
Pousa sobre a rosa,
também azul,
ofertando-lhe um beijo doce.
E a lua cheia de céu confunde as
imagens sobre o canteiro.
Só o sol, no seu alvorecer,
separa as sombras
dos dois vultos.
E a borboleta retorna
ao seu gracioso vôo
buscando outra flor,
sorvendo a felicidade
em pequenas porções.

Foto de Arnault L. D.

Castelo e flor

Na rua, uma sombra alta e triste
ergue-se dentre a névoa gélida;
noite suspensa de um passado.
Tal braço, retesado em riste
do afogando, mão a buscar vida
e um mistério no tempo guardado.

Alta torre faz relevo à vista,
contrasta ao azul, somando ao céu.
Nuvens bordam a moldura entorno;
acima, janela a lua avista
e a filtra em vitrais, a luz pincel...
Quadro vivo, tela o chão, adorno.

Vestígios da beleza em ruína,
restos de sonhos, solvem a volta,
dos risos, dos casos em segredo.
Degraus subindo o mármore a cima,
ligando ao nada a ilusão solta...
Velhos fantasmas a trazer medo.

Apenas restou o que se ergue,
pois, mais ninguém, mais nada lá ficou.
Junto a ultima gota que verteu,
taça de cristal, vinho, e sangue,
estilhaçada a vida se quebrou.
Por testemunha a noite, que esqueceu.

O solo pontilhado de luar,
vazando aos vidros coloridos;
cintilou em matizes de carmim,
que a aurora escureceu ao raiar.
Revelando os Reis adormecidos,
em uma noite, que não teve fim.

Mas, o Sol não trouxe a claridade
que rompesse a densa névoa escura,
que encerrou dentre a alvenaria,
atrás de portas, paredes, grade.
Causas, culpas da história, pura,
não se soube, o oculto não traia...

E veio o anoitecer novamente.
Trancou as portas, fechou as grades,
cerrando as cortinas e os portões...
Desbotando tons, e o inconsciente
se encarregou de criar verdades.
Por provas, fez de mitos as razões...

Recolhido entre as salas desertas,
os anos a somar o abandono
pilharam a beleza em pedaços.
Abrindo furos, rasgando frestas.
E o dormir deste eterno sono,
Morfeu colheu por entre seus braços.

Tudo agora é escombro somente;
cravado à cidade, triste confim
de velhos espectros e da sombra.
Partilhado ao mendigo, indigente,
covil de ratos, aranhas, capim,
que feri aos olhos frágeis que assombra.

Mas, longe da escuridão, um alguém
guardara a lembrança, a luz vencida.
Que afundou-se aos relógios se pôr.
Lembrando a quem, já a muito além...
por tantos anos, por toda vida.
Posto uma prova que houvera o amor.

Solitária rosa, deixava ali.
Em data exata, quando ao ano vem:
De aniversário um presente terno,
no envelhecer do castelo e a si...
Até que a noite deitou-se também,
a pele esfriando-lhe de inverno.

E a ruína, assim, ficou mais só
e a historia, tornou-se rumor.
O castelo apartou-se do mundo,
sequer memória, saudade, ou dó.
Como se sempre ele fora a dor;
tal de canto algum oriundo...

Quiçá, a torre, querendo altura,
qual mão, apenas anseie outra flor,
pelo céu procurando a encontrar...
E para não quebrar-se a jura,
fez das pedras, pétalas, por amor.
Fez-se o castelo uma rosa a murchar.

Foto de P.H.Rodrigues

O que eu queria

Sabe o que eu queria?
Residir no conforto de uma boa vista.
Sem nenhuma formação.

Ver o sol nascer e se por.
Tendo como distração
um caderno, canetas, e meu violão.

Alguns livros para ler,
Uma rede para descansar.
Olhar para o céu e bocejar.

Foto de William Contraponto

Indivíduo e Produto

Eles prometerão o céu
E até outro mundo
Se você obedecer tudo
O que o sistema cruel
Estabelecer como sendo
A regra para seu futuro

A indução começa cedo
Estímulo de consumo,
de pressa aparece "eu quero"
E mesmo sem saber qualé
O indivíduo e o produto
Nem se sabe mais quem é quem

Diga, responda aí: É isso que você quer?
Ser refém de si mesmo e o resumo
Desse poder absurdo?
Se sim, siga em frente, boa viagem
Não digo "vá pela sombra"
Pois nesse caso a sombra será você.

Diga, responda aí: É isso que você quer?
Ser refém de si mesmo e o resumo
Desse poder absurdo?
Se não, siga com coragem, boa viagem
Não digo "que a Luz ajude"
Pois nesse passo a luz será você.

Eles prometerão o céu...

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