Ruído

Foto de Henrique Fernandes

SENTIMENTO QUE DORME NA INSÓNIA

Escuto a incerteza dos murmúrios que encontro no meu caminho carente,
procurando instantes de coisas novas no silêncio,
na frágil culpa do pensamento doente,
atravessando um lugar perfeito em mim grão de areia pelo deserto onde adormece o tempo imperfeito,
embalado pela vertigem da memória arremessada ao abismo do passado que corre ao meu encontro.

Resto oculto na sabedoria de dizer esperança que ondula na vastidão esquecida no meu corpo,
ainda madrugada à deriva pelo ruído da minha loucura.

Levito agitado pelo amadurecimento dos meus movimentos mais ousados,
cavalgo o engodo da escuridão extrema onde brilha um infindável sentimento que dorme na insónia,
onde flui a aresta de uma luz solitária que encobre o meu rosto com chuva despojada de lágrimas,
iluminando o esgotar da alma pelo ventre das sombras nuas que bebem de mim a seiva da juventude derramada na minha ausência encostado ao eco do vazio,
que me contorna o olhar preso na distância
que estremece na palavra do antes silenciado a frio oco pela despedida,
na palavra do durante fora de tempo que abate sobre mim o quão da tristeza,
na palavra do após dos receios escondidos nas minhas fomes sádicas de onde emerge a virgindade perversa
dos meus poemas para além dos sentidos.

Invade-me a saudade inculta do desconhecido num abraço de gelo onde me perco em fúrias e raivas
nas asas de uma dor morta pelo morno dos meus sonhos.

Foto de DAVI CARTES ALVES

NÃO VÁ PELO CAMINHO DA ESTUPIDEZ

Não vá por aí
Onde o Ciclope tem muitos olhos
Onde a alma, outrora brisa
Se faz abrolhos

Não vá por aí
Caminho escarpado
Lírio despadaçado
O sensato dilacerado

Não vá por aí
Foge da palavra – lamina
que busca o mel escarlate
ruído que machuca
Quasímodo insensivel que late

Não vá por ...ai!!
Folha verde que cai
Beijo que trai
Flecha que erra a maçã...
Ai, ai, ai...

Não vá por aí,
Fique em paz por aqui, acalme-se
traga-me, por ternura
“ um banquinho, um violão,”

Cante comigo esse quadro:
as formiguinhas ali tão tranqüilas
mordiscando a casquinha da laranja,
arrastando farelos de pão.

poesiasegirassois.blogspot.com

Foto de ROSA GUERRERA

Você .

Você será sempre aquela frase que eu não disse,
Aquela música que eu não consegui compor...
Aquela lágrima que secou nos meus olhos...
Aquele silêncio que fez ruído no meu coração..

Você será sempre o lago tranqüilo das minhas emoções,
Os pingos da chuva que formam imagens na vidraça da janela Firmamento pontilhado de estrelas que iluminam meus passos,
O mar gigante que na sua cor verde me acena esperanças.

Você é sonho real e realidade concreta de um sonho apetecido...
É voz que canta uma melodia de fé e verdade.
É ternura que o tempo não apaga e os anos não conseguem destruir. ..

Você é enfim o meu primeiro, único e derradeiro amor !

Foto de Carmen Lúcia

" A PAZ"

Fui em busca da paz...
Percorri mares, rios, vales...
Andei por florestas, senti-me incapaz...
Vi marcas de violência, cenas de incoerência
Com nossa mãe-terra, que só bem nos faz...

Quis buscar a paz...
Saí pelas ruas e avenidas,
Em cada esquina uma bala perdida...
Um assalto, um grito, um certo ruído
calando pra sempre...um corpo estendido.

Acreditei na paz...
Na Saúde do povo, na Educação...
Vi meninos de rua...E a solução?
O próprio governo, para o nosso "bem",
Em vez de escolas, constrói a Febem!

Orei pela paz...
E o que vi então?
A fome, a guerra, bombas explodindo,
Homens caminhando ao inverso da luz...
Ainda procuro, não paro, vou indo...
Pois creio Naquele que morreu numa cruz!

(Carmen Lúcia)

Foto de Cretchu

SOBRE O AMOR LÉSBICO

Muito se tem discutido sobre o homossexualismo masculino, o que não é de se estranhar, já que nossa civilização é fundamentada no pensamento socrático-platônico e no cristianismo, que nada mais são do que a negação da mulher como deusa, já que Apolo e Jesus venceram Dionísio e Afrodite, consolidando o império masculino e patriarcal. Ocorre que, negando-se a mulher chega-se a uma situação limite, que é a baitolagem institucionalizada que vemos entre acadêmicos e sacerdotes virados, digo, voltados justamente para o pensamento greco-cristão. Em suma, é aquilo que vemos ocorrer nos cursos de filosofia e teologia que insistem em existir de forma autônoma nas instituições de ensino superior e seminários religiosos, quando poderiam muito bem se unir aos milhares de cursos no estilo jardinagem, casa e cia., corte e costura, etc., abrindo caminho àquilo que realmente interessa, ou seja, os cursos que formarão cidadãos conscientes no plano científico, social e político, a exemplo do Direito, Medicina, Sociologia, Física, Pedagogia, Administração e demais cursos úteis e necessários ao progresso humano.
Deste modo, urge citar aqui o chamado homossexualismo feminino, ou lesbianismo, que tomou este nome de sua cidadela de origem, a ilha de Lesbos na Antiga Grécia e que era respeitado na civilização grega antes dos estúpidos boiolas socráticos (futuramente batizados pelos hipócritas cristãos) assumirem o comando. Dentre as praticantes e divulgadoras desta forma legítima de amor encontramos a reitora Safo, escritora cujos escritos eram sabidos de forma decorada pelos cidadãos cultos da época dionisíaca anterior ao enfadonho Apolo. Em nenhum momento o lesbianismo da época era uma negação da relação sexual entre mulheres e homens, mas apenas a afirmação da mulher como fonte e receptáculo de prazer. Nesta situação, a mulher era vista como sacerdotisa e deusa, devendo o homem lhes prestar as devidas homenagens. Ora, quem entende o corpo da mulher senão a própria mulher? Daí a iniciação praticada na academia de Lesbos. Estes ensinamentos úteis e necessários poderiam muito bem ser passados aos homens, que agiriam de forma ativa e passiva, aprendendo como fazer a mulher chegar ao prazer. E colocando (e muito bem) este aprendizado na prática.
Infelizmente ainda impera o machismo socrático-platônico-cristão que concede gentilmente total enfoque ao mundo gay, sendo que mundo gay deve ser aqui entendido (no sentido de entender) como o universo do homossexualismo masculino, mas impede a visibilidade lésbica. Ora, como dissemos, a deusa Afrodite, adorada pelo deus Dionísio, foi substituída na época socrática pelo nauseante Apolo, que encontrou um similar no cruel Jesus do cristianismo pós-Jesus. Lembremos que Afrodite foi amante de Ares, o deus da guerra, e que suavizava os efeitos desta prática tão temida e necessária, humanizando-a com seu poder feminino. A partir da queda de Afrodite, as guerras se tornaram mais desumanas, culminando com as guerras pós-modernas que deixam de lado o combate corpo a corpo para se valerem de aparatos tecnológicos a maioria das vezes traiçoeiros. Para se evitar tudo isto, é necessário se debruçar (e muito) sobre a forma de amor que faz da mulher aquilo que ela realmente é: deusa, fonte e transmissora de prazer, a quem se devem render homenagens. E homenagens sérias, sem partir para a artificialidade do estilo viagra ou prótese peniana que parecem reações ao corpo, toque ou ruído da mulher, mas que na verdade é uma reação química ou física independente do desejo.

Foto de Carmen Lúcia

A bela cigana

“A bela cigana”

texto inspirado no conto de Machado de Assis: "A cartomante"
(Homenagem ao centenário da morte de Machado de Assis)

O velho relógio da matriz acabava de ribombar a nona badalada, que pairava no ar, feito fundo sonoro e enigmático da história empolgante que acontecia.
Passos apressados se fizeram ouvir, como os de alguém que ansiava chegar rapidamente ao destino a que se dirigia. Pelo toc-toc dos sapatos percebia-se serem de salto alto e consequentemente, de mulher.
Parou por uns instantes numa esquina, como que a espreitar, sem se fazer notar, ao ouvir o barulho de um trem. Esperou nervosamente sua passagem e atravessou a linha. Seus passos agora eram mais rápidos, como se quisesse recuperar o tempo perdido.
Seguiu pela Rua do Porto, tortuosa, escura e esburacada. Aquela noite sem luar estava
propícia para o que se propusera a fazer. Uma grande aliada! Após atravessar algumas esquinas úmidas e sombrias, chegou ao local que lhe haviam, sigilosamente, indicado.
Não era bem uma casa, mas algo parecido.Deparou-se frente a um barracão bastante surrado, meio fantasmagórico, mal iluminado por velas e lampiões.
Ficou assustada.Pensou em voltar, desistir de seu intuito, mas o motivo que a levara até ali era muito forte e resolveu continuar.
Olhou para os lados para certificar-se de não haver ninguém por perto e começou a bater palmas.
Uma figura excêntrica, trajando roupas exóticas e coloridas surgiu silenciosamente feito uma aparição. Escondia o rosto num véu, lembrando dançarina do Oriente Médio, deixando à mostra um par de olhos negros, grandes, belíssimos e um ventre bem torneado.
- Boa noite!disse-lhe Lígia.
A cigana fez um leve movimento com a cabeça, cumprimentando-a e estendeu o braço, apontando-lhe o local a que deveria se dirigir.
Ambas sentaram-se nas almofadas que havia ao redor de uma mesinha onde a misteriosa mulher, à luz de velas, começou a colocar cartas de um baralho sinistro, pedindo que Lígia escolhesse algumas. E assim ela o fez, sem tirar os olhos da bela cigana, agora sem o véu.
De repente, viu um largo sorriso em seus lábios, revelando dentes muito alvos e um canino revestido de ouro.
-Vejo imensa luz em seu destino!Seus sonhos serão realizados!Nada a afastará de seu grande amor.Somente a morte, após terem vivido longos anos de felicidade.
Em seguida, pegou a mão esquerda de Lígia :-Essa linha mais comprida da palma de sua mão vem comprovar o que lhe disse.
Lígia sentiu-se muito feliz e um alívio tomara conta de seu coração.Pagou a mulher, que já aguardava o pagamento pelo seu trabalho e retirou-se dali.
Eram vinte e três horas quando chegou à Avenida Coronel Alcântara, onde residia.Não ficava distante do local de onde viera.
Tirou as roupas, os sapatos, vestiu uma camisola branca e deitou-se, sem qualquer ruído, ao lado de Álvaro, seu marido, que roncava, dormindo profundamente.Apagou a luz do abajur e adormeceu logo em seguida, satisfeita com o que ouvira naquelas últimas horas.
Cássio a esperava no lugar de sempre, sem muito movimento de veículos e transeuntes.Final da Rua Vinte e Oito, local ideal para encontros clandestinos.Olhava seu relógio, pois, já passava das vinte horas, horário combinado por eles.

Lígia apontara na esquina, mais bonita que nunca, com um insinuante vestido preto colado ao corpo, ornamentado por um generoso decote, mostrando seu colo macio e branco e uma boa parte de seus seios.Deixava no ar um rastro de perfume francês.
Cássio a olhou com olhos de admiração e desejo.Saiu do carro e abriu a porta para que ela entrasse.
Partiram para um lugar retirado, onde pudessem conversar e namorar tranquilamente.
-Nada irá se opor a nós!As palavras da cigana foram convincentes.Seu misticismo é contundente.Não há como descrer.
Ele riu da credulidade infantil da amante, mas não proferiu qualquer palavra sobre o assunto.Preferia-a assim, crédula e feliz.
Cássio havia sido chamado ao gabinete de seu chefe. Esperava o elevador que demorou um bom tempo para chegar.Bateu à porta levemente e ouviu:-Pode entrar!
Álvaro girou sua poltrona e ficou frente a frente com seu assessor.Fumava um charuto cubano e fazia questão de soltar a fumaça em direção ao seu subalterno.
Este ficou um tanto constrangido, pois notou algo de diferente no ar. Pensou:-Será que ele descobriu tudo?
-Preciso resolver um problema da empresa, em São Paulo, e pela confiança inabalável que tenho em você, pela sua inegável competência, quero pedir-lhe que vá em meu lugar, pois tenho outros assuntos pendentes a resolver .
Deu uma pausa no falar para acender outro charuto.
Cássio jamais negaria esse pedido ao seu chefe e amigo, ainda mais pela consciência pesada que trazia, decorrente da traição amorosa com sua mulher.
-Conte comigo, Álvaro!Amanhã mesmo tentarei resolver isso.
Sentiu-se livre do mau presságio que o invadira.
Combinaram o horário da viagem, despediram-se e Cássio voltou para sua sala.
Lígia atendeu o telefone que tocava insistentemente.
-Olá, querida!Que tal irmos para São Paulo e termos uma semana somente para nós?
Do outro lado da linha, uma mulher pálida e trêmula, não sabia se chorava ou ria.
Ele a tranquilizou e até sugeriu uma desculpa ao marido.Ela diria que precisava visitar uma amiga de infância, em fase terminal de câncer, na cidade de Resende.
Bem, parecia que tudo conspirava a favor para que os amantes ficassem juntos por mais tempo e se amassem muito.
Poucas horas antes da viagem, Lígia fez um pedido ao Cássio:-Gostaria de agradecer à cigana por essa felicidade, que em grande parte, ela nos proporcionou, já que eu andava tão angustiada, acreditando numa possível desconfiança de meu marido.
Cássio colocou alguns obstáculos nessa idéia da amante, mas, se era para deixá-la mais feliz, concordou.
As horas passavam e Lígia não chegava. Preocupado, resolveu ir até lá. Já era noite e um chuvisco embaçava o vidro do carro, deixando-o impaciente. Parou próximo à linha do trem, para esperá-lo passar. Era um cargueiro que parecia não ter fim.
Finalmente, linha desimpedida! Acelerou o carro e chegou em frente ao barracão que sabia muito bem onde se localizava, graças às informações de Lígia.
Bateu palmas e ninguém apareceu. As velas acesas piscavam e os lampiões estavam apagados.
Resolveu entrar, na surdina. Pé ante pé...A cena que viu jamais sairia de sua mente. Abraçados sobre as almofadas, a bela cigana e Álvaro...e mais adiante, numa poça de sangue, o corpo sem vida de seu grande amor...Lígia!

(Carmen Lúcia)

Foto de Gideon

O Trem da minha sina

O sentido da vida
jamais poderemos saber,
os dias corridos e apressados
jamais poderemos reter.

Observo os outros, próximos,
que ao meu lado movem-se
pelo instinto do viver.
Vão e vêm sem perceberem
que uma sina oculta
cumprem sem merecerem.

Eu também da minha sina
não consigo fugir,
de tudo fiz, de tudo aprendi.
Faculdade de gente rica,
como diziam lá na vila,
profissão de família boa,
que não se consegue à toa.

Pois bem, por mais que tentasse
e tudo fizesse ao meu alcance,
cá estou em pé no trem parador
seguindo obediente pro meu labor.

A trilha do ruído dos trilhos
remete-me às histórias de meu pai,
que cumprindo por si também a sua sina
nos mesmos trens paradores e diretos
apertado e inconformado subia e descia.

Não, não entrego os pontos assim facilmente,
da bolsa de couro macio
saco a caneta e o caderno, paciente.
Anoto as expressões dos pobres coitados
e transformo-os em atores,
essa gente de recursos tão parcos.

Pelo vagão procuro feições tristes
prá rechear os meus tristes escritos,
mas sorrisos ingênuos e olhares candentes
surpreende a minh’alma de poeta reticente.

Volto-me para a minha própria condição,
passageiro desta tão pobre e nobre condução.
Na chupeta pendente agarro a minha mão,
pro balanço do trem não jogar-me na solidão.

Por de trás de meus óculos, disfarçado,
observo Maria de cabelos ondulados
e tosca roupa na moda dos rebolados.
Mastiga um chiclete já meio deformado.

Ela serve, quem sabe,
prá ser a minha heroína dum conto qualquer,
que insisto escondido ali existir,
e naquele cenário tão pobre
tento ainda alguma arte produzir.

Com uma das mãos sustento o caderno
com a outra a caneta retiro do terno.
Próximo à porta apoio as minhas costas.
As histórias de Maria
vou tentando dar forma
com letras tortas.

A sina da vida sofrida de Maria
insisto incluir no meu conto,
mas ela é bonita demais
e distraio-me com o seu encanto.

Um lugar prá Maria, enfim,
não encontro no meu conto.
Contudo logo percebo,
que o personagem que descrevo
sou eu mesmo,
que do trem da Central do Brasil
ainda é prisioneiro.

A sina da vida, insisto,
ainda quero incluir no meu conto.
Mas não é a realidade que de fato vivo?
Pergunto-me com desencanto.

O sofrimento do enredo
que sobrepõe a minha inspiração
vai desfazendo daquele conto
que não consigo continuação.

A minha sina parece que segue
no trem da minha vida
e cá estou de caderno fechado,
caneta no bolso borrado,
observando Maria que com charme
o chiclete ainda mastiga.

O balanço desse sofrimento
atormenta o meu coração
que é solitário de paixão,
Maria, quem me dera,
que prá ter o seu olhar tudo faria
mesmo que fosse por compaixão!

Na estação da Central
o meu sofrimento fita o chão.
O olhar de Maria se foi na multidão.
Meu caderno de escritos agora
descansa triste na minha mão.
Ainda ouço, ao longe, com emoção
o clamor da última pregação.

Anúncios saindo dos alto-falantes da estação
ecoam agora inundando o saguão.
Eu caminho apressado
esbarrando nos braços
de tantas marias
e em tantas mãos.

O poeta desce pro Metrô, frustrado,
e na escada rolante, agarrado.
desvia-se dos braços de esmola, esticados,
pendendo o seu corpo pro lado.

O conto sobre Maria
e o trem dos amontoados
ficarão prá outra viagem.
Quem sabe um dia sem esperar
a inspiração virá
e outras marias com outros penteados
serão heroínas do poeta,
que segue a sua sina
no trem dos desafortunados.

Foto de Graciele Gessner

Algemas da Vida. (Graciele_Gessner)

Estas algemas que me tocam,
Antebraço aprisionado.
Você me toca para abri-las.
Fico nervosa com sua aproximação.
...
Estas algemas que nos aconchega,
Nervosismo descontrolado.
A vida nos prepara estas surpresas,
Inesperadas algemas que te prendem.
...
Este pequeno acessório, quase um bracelete;
Algemas que não me prende, porque tenho quem me ama.
Posso sair sem fazer barulho, ninguém notará.
Saio de mansinho, sem fazer qualquer ruído.
...
Algemas que me tocam,
Por alguns segundos fico presa a elas.
Soltando-me sinto meu corpo em tenso conflito.
Amado, volte logo da sua viagem que nos afastou.
...
Gosto de usar algemas desatadas;
Nada de exigências, não quero ser cobrada.
Algemas apertadas sufocam e acaba machucando.
Relacionamento controlado não funciona comigo.
...
Algemas que consente a sua presença,
Você me toca e minha respiração fica ofegante.
Aproxima-se e me solta com sua agilidade.
Fica, fica comigo! Não vá...
...
Uma mulher algemada pela situação.
Estas algemas que posso fugir sem você notar.
Quando retornou, ela sumiu. Lembra?
Tudo será diferente quando retornar.
-----... -----

28.01.2007.

Escrito por Graciele Gessner.

* Se copiar, favor divulgar a autoria. Obrigada!

Foto de HELDER-DUARTE

Texto antigo

"Belos textos«

Caminha placidamente entre o ruído e a pressa. Lembra-te de que a paz pode residir no silêncio. Sem renunciares a ti mesmo, esforça-te por seres amigo de todos. Diz a tua verdade quietamente, claramente. Escuta os outros, ainda que sejam torpes e ignorantes; cada um deles tem também uma vida que contar. Evita os ruidosos e os agressivos, porque eles denigrem o espírito. Se te comparares com os outros, podes converter-te num homem vão e amargurado: sempre haverá perto de ti alguém melhor ou pior do que tu. Alegra-te tanto com as tuas realizações como com os teus projectos. Ama o teu trabalho, mesmo que ele seja humilde; pois é o tesouro da tua vida. Sê prudente nos teus negócios, porque no mundo abundam pessoas sem escrúpulos. Mas que esta convicção não te impeça de reconhecer a virtude; há muitas pessoas que lutam por ideais formosos e, em toda a parte, a vida está cheia de heroísmo. Sê tu mesmo. Sobretudo, não pretendas dissimular as tuas inclinações. Não sejas cínico no amor, porque quando aparecem a aridez e o desencanto no rosto, isso converte-se em algo tão perene como a erva. Aceita com serenidade o cortejo dos anos, e renuncia sem reservas aos dons da juventude. Fortalece o teu espírito, para que não te destruam desgraças inesperadas. Mas não inventes falsos infortúnios. Muitas vezes o medo é resultado da fadiga e da solidão. Sem esqueceres uma justa disciplina, sê benigno para ti mesmo. Não és mais do que uma criatura no universo, mas não és menos que as árvores ou as estrelas: tens direito a estar aqui. Vive em paz com Deus, seja como for que O imagines; entre os teus trabalhos e aspirações, mantém-te em paz com a tua alma, apesar da ruidosa confusão da vida. Apesar das tuas falsidades, das tuas lutas penosas e dos sonhos arruinados, a Terra continua a ser bela. Sê cuidadoso. Luta por seres feliz.

(Inscrição datada do ano de 1692. Foi encontrada numa sepultura, na velha igreja de S. Paulo de Baltimore - hoje já não se pensa que seja esta a origem, mas assim é mais bonito...) "

Foto de ana beatriz formignani

confia e ame sempre..

confia e ame sempre..

Quanta aflição desaparecerá no nascedouro, se souberes sorrir em silêncio! Quanta amargura esquecida, se deculpares o fel! Rogas a paz do Senhor, mas o Senhor igualmente espera por teu concurso na paz dos outros.
Reflete nas necessidades de teu irmão, antes de lhe apreciares o gesto impensado. Em muitas ocasiões, a agressividade com que te fere é apenas angústia e a palavra ríspida com que te retribui o carinho é tão somente a chaga do coração envenenando-lhe a boca.
Auxilia mil vezes, antes de reprovar uma só. O charco emite correntes enfermiças por não haver encontrado mãos que o secassem e o deserto provoca sede e sofrimento por não ter recebido o orvalho da fonte.
Deixa que a piedade se transforme no teu coração em socorro mudo, para que a dor esmoreça.
Não estendas a fogueira do mal com o lenho seco da irritação e do ódio!
Espera e ama sempre!
Em silêncio, a árvore podada multiplica os próprios frutos e o céu assaltado pela sombra noturna descerra a glória dos astros!...
Lembra-te do Cristo, o Amigo silencioso.
Sem reivindicações e sem ruído, escreveu os poemas imortais do perdão e do amor, da esperança e da alegria no coração da Terra.
Busquemos n'Ele o nosso exemplo na luta diária e, tolerando e ajudando hoje, na estreita existência humana, recolheremos amanhã as bençãos da luz silenciosa que nos descerrará os caminhos da Vida Eterna.

Autor: ana beatriz formignani

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