Blog de Arnault L. D.

Foto de Arnault L. D.

Do amor para o poeta

Meu doce poeta, o que posso lhe dar,
se apega-se em mim e eu em nada..
Nada além de mim para entregar,
mas você inda me quer e me guarda.

Quando nasci lhe prometi o céu,
banhei de sonhos, como se verdade,
mas você ainda o vê pintada em véu
que cobre o agora pra não ver saudade...

Não entendo porque me aninha,
se apenas trouxe-lhe as mãos vazias,
se roubei da dor como se minha
e a derramei em baldes aos seus dias.

Doce poeta, que bebe-me em vinho,
que me nutre de seu sangue e lágrima,
como a melancólica visão de um ninho
já vazio, que vê se na arvore, em cima...

Sou apenas seu amor perdido.
Mesmo assim, me tem como seu ar.
Doce poeta, se ainda estou vivo
e por você me amar, o amar...

Foto de Arnault L. D.

Um copo de mar

O silêncio, por tantas as palavras,
é o que chega-me do que mingua,
no atropelo, que a todas trava
sem poder dizer de uma vez a língua.

A incapacidade, sólida e atroz,
da expressão ante a ideia cheia,
é a constatação de que no após,
era maior o fogo que a ateia...

Do que já existia em polifonia,
num soar de incontáveis vozes,
apenas expresso o solo, sem harmonia,
nas palavras, uma a uma, em doses.

Sei que minha poesia é tão pobre...
Um copo apenas de um largo rio,
como o troar de um sino de cobre
se esforçando a cantar no vazio.

Como posso então soar em coral
as múltiplas vozes dos sentimentos?
Não posso. Mas, posso um copo, uma nau.
Flutuar no mar que leva em seus ventos...

Foto de Arnault L. D.

Tatear no escuro

Quando apaixonado, a luz
é maior, é o próprio amar...
Os horizontes ficam nus,
despidos abrem-se ao olhar.

E as distâncias e as cores
revelam-se iluminadas.
Vê-se pelos amores,
como através do Sol no dia...

As pálpebras se apertam
pelo que os olhos ofusca,
mas, logo se habituam,
na ignorância do que custa.

Quando o amor se vai,
leva o que trouxe consigo,
o horizonte, na luz que cai.
Nos volta ao inicio do abrigo.

Mas, este agora é treva
para olhos, acostumados
pela luz, que o breu me leva.
Tenho os olhos esfaimados...

Neste lugar que apagou
tropeço, a buscar um muro.
Cego de luz, agora sou,
a tatear, tatear no escuro...

Foto de Arnault L. D.

Caminhos d'água

Os caminhos da água
são o cair, ou o subir.
Não é ficar;
é seguir...
Para o ar, ou para o mar...

Do chão evaporando
faz as nuvens no céu,
pinceladas e figuras.
Brancas como papel
ou densas e escuras.

E quando se desmancham,
em garoa, ou turbilhão,
a paisagem a banhar.
Ou granizo em explosão
no solo a despedaçar.

Mas logo seguem unidas
nos declives, como rota,
criando pequenos rios
que por seu fio brota
aonde existiam vazios

D'água também são lágrimas
e evaporam do coração
para aos olhos vir brotar,
correndo no rosto ao chão,
ou evanescendo em marejar...

Mas os caminhos da água
são o cair, ou subir.
Não é ficar;
é seguir...
Para o ar, ou para o mar...

Foto de Arnault L. D.

A beleza em seus olhos

No alto do poste, uma lampada;
mais acima, o céu nublado.
Que passaria ignorada,
se não fosse o inusitado...

Uma pequena mariposa,
que acabara de eclodir
busca da noite, a branca rosa,
que a nuvem teima encobrir.

E saiu voando a procura
da Luna... que avistou distante,
linda e prata, sobre a noite escura
e voou para ela num rompante.

Assim foi, subindo e subindo,
a lua, aos poucos a aumentar.
Era o sonho, saciado, se abrindo,
num premio à exaustão do voar.

E lá, chegou ela, e pousou,
na lua... Exaurida, se viu.
Numa noite que o acaso vingou.
E a mariposa na lua dormiu...

Para uma lampada, comum,
durante aquela noite única
ela tornada foi, para um,
na própria lua magica..

Para uma mariposa perdida,
uma noite, eterna, continua...
Pousada sobre o poste exaurida
ela alcançara a sua Lua.

Foto de Arnault L. D.

Infinitude

Eu ainda te amo,
como eu mesmo disse,
sem pensar em mais nada,
é seu nome que chamo.
Queria que ouvisse
o quanto és amada,
meu peito se abrisse...

Eu te amo assim,
desta forma indulgente,
tendo sempre uma flor,
o que mais caber de mim,
nas palavras que sente,
quando sexo, faz-se amor,
sem haver o indecente...

Ainda é você e só,
a causa e o efeito,
a nascente das coisas.
A prima nota, o Dó,
o acorde perfeito
a soar que me oiças,
o que guardo no peito.

Eu te amo sem freios,
de olhos fechados dançar,
a beira do abismo que for...
Sem conhecer receios.
Por nós, vou lá estar.
Mesmo que venha a dor;
eu ainda irei te amar.

Foto de Arnault L. D.

Abstrata ( Onde quero estar )

Longe, em lugar distante,
além do tempo,
antes da história,
aquém da memoria.
Intimo momento
que se houvera a via,
haveria...

Não, não sei se me entendo,
nem mesmo se pretendo
saber se é verdade,
esta felicidade,
que se apresenta,
ou o que se inventa
no sonho que chega
e se aconchega...

Deste longe, desde quando,
nos errares onde ando,
sequer movem os pés...
Entrelinhas, de viés.
Sem estar quem me és,
vago ora onde mora
o que foi embora.
Torno do pó.
Não mais só.

Léo, dum lugar incerto,
alem do esquecer, querer,
um passo daqui, ou aqui,
por todos os lugares.
Das entranhas e ares...
Do fundo mais profundo,
das aguas do mundo.
Sob, indo ao mar,
ao céu desaguar,
onde quero estar...

Foto de Arnault L. D.

Borboletas na escuridão

A fria brisa dá-me um beijo,
com lábios úmidos de Lua.
Meu coração compassa lento,
fecho os olhos e o desejo.
Abre-se em mim, qual na rua,
vias, desertas, para o vento.

As estrelas, todas moram,
na doçura da imensidão.
Ficam a esperar a treva
e as mariposas, que retornam,
borboletas na escuridão...
Na noite são; e o vento leva...

Madrugada, quero a solidão,
das luzes a névoa embotar,
na neblina que se esparsa,
a dizer não, ao que for visão.
A guardar pra si o limiar,
na ténue luz, que se esgarça.

Espero o frio a congelar,
contraste a pele que me ardia,
cabelos, olhos, a umedecer,
no hálito que a névoa é ar.
Sopra-me, distante o dia...
Noite fria, dá-me o anoitecer...

Foto de Arnault L. D.

Cama de gato

Entrego a sua mão
um principio,
um ponto de partida.
Se semente, um grão.
Mas, é só nada sem inicio
somente lhe virá a vida
através de sua mão

Para os olhos, trago
um convite,
Tal se abrisse a porta.
Se calor, um lago.
Mas, é folha branca se si omite
e o que viria se aborta,
tudo que aos olhos trago

Falta só o sim, um ato,
um movimento,
e as rodas viram a girar.
Se jogo, cama de gato.
Que por cada novo evento
torna de novo a começar,
convidando a outro ato...

E falta apenas o iniciar.

Foto de Arnault L. D.

Pressentimento

Tudo em torno está parado,
mas, nem por isto sereno.
Abaixo desta quietude
move-se o inesperado,
que rodeia e faz aceno.
Iminência que algo mude.

Silêncio de pré-orgasmo,
calmaria e intuição.
No ar, pesa a tempestade,
mas, à vista, só o marasmo
e a incomoda sensação
de porvir outra verdade...

Mas, também pode ser nada,
apenas um mistério a mais
na imensidade misteriosa,
da cisma e coisa imaginada
a cochichar sons abissais
que ouço na hora silenciosa.

Páginas

Subscrever RSS - Blog de Arnault L. D.

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma