Folhas

HAIKAIS DAS PALAVRAS
Izaura N. Soares

Boicote no céu
As estrelas sumiram
Noite de chuva.

Cortando no céu
Um vento agressivo
A luz se apaga.

Céu abatido
As nuvens carregadas
Choro tristonho.

Tempo desnudo
As árvores caídas
Morte das folhas.

Falar de uma flor
É falar da essência
Do amor em chama.

Revolta do mar
As pérolas sem brilhos
Ostra fechada.

Pedi-te um momento
para o teu olhar fixar
Não sabia que éra quente
esse teu beijar
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Esse teu jeito de menina
quando andas pareces dançar
és como um sonho nesta vida
que nunca pensei encontrar
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Por ti fiz o que não queria
Até trai os meus ideais
Será que é um amor a valer
ou então o desejo que é demais
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Fica perto
bem junto do meu coração
não quero o deserto
de viver na solidão
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Sonhei que éra tudo mentira
e coisas que não podiam acontecer
Acordei na cama sozinho
E só tenho saudades de te ver
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A beleza é o alimento para os olhos
Que até a alma consegue agradecer
O coração é quem mais implora
Para o amor acontecer
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Quando sorris tudo fica mais quente
è como se fosse a Primavera a chegar
Derretes a neve do inverno
Para o Verão poder te olhar
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Dei mais um passo
sem saber a direção
Procurava o caminho
Para encontrar teu coração
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Que é isto de paixão
nem o amor sabe dizer
è como as folhas de Outono
Que caem sem saber
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Se eu um dia pode-se
a terra parava de girar
Fazia do dia um ano
só para te poder abraçar
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Parei para pensar como tudo acontecia
concerteza tinha de haver explicação
percorri os quatro cantos do mundo
E só o amor vinha do coração
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Encontra-me luz da sabedoria
por entre as trevas do meu sofrer
ilumina o meu conhecimento
Para o amor eu compriender
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Deixa-me chegar perto
escutar as batidas do teu coração
sentir o calor do teu peito
E nem que seja beijar a tua mão
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Simples só e misteriosa
olho esse corpo de encantar
procuro o teu sorriso
para esses labios beijar
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Se disseres a palavra mágica
o codigo vais conseguir
será como teres a chave
para o meu coração partir

São só uns versos antigos que partilho.

Flor forte!
Aguenta seca e enchente.
Flores abrem pela manhã,
Abelhas marcam presença.

Ao longo do dia, então,
Beija-flores fazem fila,
De tantos tamanhos e tons,
Que às vezes até se duvida.

Outros pássaros em bailado,
Limpam daqui e de lá,
Insetos e sementinhas
Já se tornam seu manjar.

A camélia vermelha se fecha,
Ao pôr-do-sol ‘caliente’,
Quando o dia, ao despedir-se,
Tinge o céu de amor semente.

A camélia então se espraia
Por baixo da terra, em brotos.
Pela manhã, novas folhas
Surgem da terra e do calor.

Contagia os namorados
Esse viver movimento.
Saem dos quartos abafados,
À beira mar, dançam, nas rendas,
O balé do amor ardente.

Aqui, no papel,
eu posso chama-la de amor.
A vestir, despir, dispor...
Caminhos infindos, carrocel...

E posso assim,
transpor distancias e leis
e ao que quiser, eis...
Trarei a luz, meio e fim.

No compor múltiplas folhas,
sem deixar pautas em branco.
Das cores, primas; dos sons o canto.
Ao destino contraponho as escolhas.

Já que a realidade limita.
faço sonhos, escrevo poesia,
quebro a linha tênue que atavia
ao que o amar vem e me dita.

Minha mão lhe acaricia enquanto grifa
A caneta segura a mão que lhe afaga,
Que ela, sua boca me traga, enquanto traga,
no beber de seu beijo que me rifa...

Se não as ler nem palavas são
pois, reverberam apenas no sentir
e elas estão fora de mim, e onde ir.
Eis-me do avesso, tinta vermelha do coração