Blog de Arnault L. D.

Foto de Arnault L. D.

Seguindo estrelas ( navegante )

Enquanto a estrada
ligar o lá ao sei onde?
enquanto a esperança se esconde
no horizonte inalcançada.

Cheirarei a rosa dos ventos,
o perfume da estrela...
No afã de assim vencê-la,
ou na ilusão dos momentos.

Corre de mim o limite
neste olhar que se desfoca,
na humanidade, que soca
o falível que a alma omite.

Do sopro, encho as velas.
Este, que respiro e suspiro.
Enquanto o mundo orbita, eu giro,
a lugar sei lá... seguindo estrelas.

Foto de Arnault L. D.

Palavras sombrias

É preciso apagar as luzes
para qu’elas possam sair,
são as palavras noturnas.
Rompendo as covas e cruzes,
quando o breu as sobrevir
abrem elas suas urnas.

Entidades do escuro,
esperam a madrugada.
São também tão obscuras,
intimas do desconjuro,
que as faces enevoadas
mimetizam com as sombras.

Não espera, quem escuta.
Desapegam sua pena;
noturnas palavras são...
Ocultas, que a luz refuta.
Que o belo Sol condena
as frestas da escuridão.

Poesia do não poético,
das ruínas, do abandono,
de toda coisa sem brilho,
da contrário, do não rico,
das noites que falta o sono,
do amanha ao andarilho...

Do vulgar, do ofensivo.
O sutil prumo do desesperar
entre o apetite e a fome,
que suspende o lírico objetivo.
O que brota do esterco a florar
nutrido da dor que consome.

Foto de Arnault L. D.

Dinossauros em janeiro

De tempo em tempo o mundo
Torna-se noutro, se renova
Sucedem gerações e coisas,
vão cada vez mais ao fundo,
soterrados a alicerces, piso, cova,
sob os passos em que pisas.

Apartado a reboque ao desconecto
os valores e poderes que podemos,
cristalizados, em rocha permanente.
Obeliscos imutáveis, marcam secto
das antigas almas que encarnamos,
desengrenadas, vagam soltas na mente.

Novo mundo nos vê como fósseis.
Nas luas que ficaram perdidas,
nas auroras a muito amanhecidas
que em um despertar a mais, eis:
Soltaram do roteiro das vidas,
desprenderam sequer despedidas.

Longe, as vezes noutro mundo ando,
a vagar entre os dinossauros...
Entre casulos ocos de borboletas,
explorando, não onde, mas quando.
Arqueologia de vestígios e muros.
escavo areia em girar de ampulhetas.

A alma confinada nesta Terra,
por fora, corpo aqui; longe por dentro.
O relógio fará a todos estrangeiro,
alienígena na era em que erra.
Neste novo, novo, novo que enfrento
de tempos em tempos... é janeiro.

Foto de Arnault L. D.

Carapuça

E a sorrir a velha ideologia
com seus dentes podres
pelo mel e açúcar que sobejou,
moles, pelo tanto que mordia
a encher a boca e os odres
da ingênua fé que roubou.

Mesmo com seu bafo fedido,
a se esquecer da idade
quer soprar ares de juventude
que a muito perderam sentido.
Se pega a paixão da vaidade,
dos que se adonam da virtude.

Da fogueira crepitante do antes
sopra o carvão da obra, lutam
a parecer aceso o já passado.
feito caricatas, debutantes...
Suas musas. senis já caducam,
as ruínas de seu templo sagrado.

Agora ainda a boca banguela
conclama sonhos por velhos ecos
porém, o hoje não mais reverbera.
Feito mania, Toc, sequela,
agarra-se a seus cacarécos:
Vaidades, engano e quimera.

Mas, ainda a ela beijam, os egos
dos que nunca admitem enganos,
que pelo que queriam, seduzidos,
os olhos para o mais tornam cegos.
Não admitem o falhar dos planos,
por seus enormes orgulhos feridos.

Foto de Arnault L. D.

A idade do vinho

O tempo a cada coisa é diferente,
mas se aprende, sempre haverá final.
O prazo de chegar, ou ir a frente,
dia de começo e fim, do bem e mal...

Ao acabar-se algo “permanente”,
vem incerteza de caber valido ou não?
Esquece, prazos fogem de repente,
se apartam, ao seu próprio tempo vão.

Talvez, o mal é sermos duradouros,
além dos tesouros dentro do peito.
Sobrevivendo aos anos, elos d’ouros
que se partem ao seu prazo feito.

Para todas as coisas rége a vida;
histórias que se juntam por instantes
e quando esta hora lhe é cumprida,
ficamos sós, porém sobreviventes.

Saber da taça o último gole
e não beber, p’ra tentar o eternizar,
somente o vinagre é o que se colhe.
Nada mais além dali se irá gozar.

Cabe apreciar viver, gozo e prazer;
língua a se banhar no doce paladar.
Até o fim da copo, penso beber.
Quero-te morrer, de todo até acabar.

Foto de Arnault L. D.

Ele no espelho

É bom que o meu escrito
não mais sou eu... é ele.
E os segredos que confesso
a olhos abertos reflito:
São gritos apenas dele,
rima que longe arremesso.

E ele, pudores, não os tem...
Na boca alheia que se pega,
no lábio alugado, delata.
Mas, também empresta, se convém,
o distanciamento a quem nega:
“Não é de mim de quem se trata.”

Foto de Arnault L. D.

O frio

Assim como a este dia frio
aplaco em cobertas o tremor
que resfria-me a alma no peito.
Camadas de cobertas crio,
entretanto, ainda arde a dor
do gelo... inverno que tem feito.

Minha pequena fogueira de papel,
esquenta, em palavras que incinera,
que por alguns instantes me aquece.
E a luz de sua chama, fogaréu,
imitando a um Sol, faz primavera.
Mas, logo se consome nesta prece.

A bebida forte que embriaga
também me ilude. presente calor
e semeia idéias... de estio.
Bêbado de idéias zigue-zago
nos sentidos embotados. Melhor;
que a ardência do frio... do frio...

Foto de Arnault L. D.

Mel

A doçura do antes
que adoça o fel do agora.
Escorrendo viscosa,
nas paredes dos instantes.

Foto de Arnault L. D.

Amor

O amor... o que dizer?
Pego folhas na ventania.
No máximo, o amor de um só dia
e mesmo assim não vai caber.

Na minha mão, em minha boca.

Procuro um ponto de início
e nada encontro, é extenso,
de lado a lado horizonte, suspenso,
ou o mais profundo precipício.

Estendido além do que vejo.

Se completando em variáveis,
a cada rua, nova esquina,
rotas além do que imagina,
outra direção, tudo outra vez.

Transborda, cala-me o corpo.

Por isso, se fala em magia,
se fala de rimas e flores...
Por ser inominável os amores
e por ser inexata a poesia.

Foto de Arnault L. D.

Descontemporâneo

Dentro de mim dormem tantas vidas,
histórias que parecem avulsas,
das íris, no espelho refletidas,
lembro tantas personas vestidas,
que no decorrer, foram expulsas,
junto de verdades esquecidas.

Sempre renôvo enquanto morria;
um sonhador; guerreiro; amante
e em papéis sem protagonia;
o salario, as vezes, poesia...
e quimera louca, delirante,
que chegou no hoje deste dia.

Eu já tive castelos, já fui rei.
Também encantei a liberdade
e fiz maldades, e também sangrei.
E amor por todo sempre jurei,
mas, tais não viriam minha idade.
Foram sim eternos, vero amei...

E nova pessoa sobrepôs-se,
impondo ao “descontemporâneo”.
Mas, suspeito que se ainda fosse
tornaria, convicta e doce,
pétrea dureza em simultâneo,
tal não sendo ela a que acabou-se.

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